segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Intervenções artísticas em espaços devolutos

Domingo, 2 de Novembro
Ao passar pela Rua dos Celeiros de Santa Maria, no dia 25 de Outubro, manhã de sábado, estava a regalar-me com tudo o que há nela. E estive a apreciar o movimento, por volta das dez horas. As casas, o Passo, as tabuletas dos estabelecimentos, tudo. Arte e vida. História, ruínas. Numa porta já em estado precário, a manusear com cuidado, abriu-se uma nesga para o interior. Um homem novo, bem jovem ainda, ensaiava nela preparativos. Mais tarde no dia, ia ser franqueada ao público para a intervenção artística que ali iria ter lugar, mas, agora, havia que fechá-la. Um grupo de escoteiros dava uma animação especial, tranquila, junto à sede do Grupo 129.
À tarde, visitei A Pérola de Torres. O que vi e senti guardo para mim, não tendo registo de imagens nem apontamento. Como, entretanto, o tempo passa muito rápido ou deixamos que passe, acabou tudo hoje e já não é possível nova visita. A oferta cultural, entendida de maneira lata, em Torres é muito variada e abundante, para não termos a pretensão de saltitar de uma actividade para outra... E diga-se que esta mesma iniciativa a que nos estamos referindo é muito plural no que mostra. Uma área não muito grande tem vidas e vidas, irradia mensagens, somos interpelados a adaptarmo-nos a cada novo mundo por que vamos passando, numa mesma sala ou em toda a casa.
Ficou o que ficou. Foi agradável.
Detive-me mais num dos sectores da exposição; apreciei as fotografias de Eduardo Catarino e fui à procura do autor, por causa de uma. Conversámos sobre ela e pedi-lhe pormenores técnicos. Foi proveitoso, tendo Eduardo Catarino sido de uma amável disponibilidade.
No sábado seguinte, ontem, foi a vez de entrar na ruína, sem ir prevenido de programa. Uma tertúlia, lá no fundo, ia tertuliando, mas era quase inexistente. Estava meia «escondida». Tirei algumas fotografias medíocres, enquanto ia vendo o exposto, à fraca luz. A ruína é estirada, esguia. Acabei sentado numa cadeira, ouvindo algumas palavras ao (não consegui reconhecer na semiobscuridade) arquitecto José Adrião. Estava no fim.
Sem desfeita, o melhor ainda estava para vir. Com dois amigos, estive no Boca Roxa, saímos, conversámos... e fomos andando pelas ruas velhas, mas cheias de gente ainda, que um de nós foi apresentando numa opulência de saber, de vivência, pessoas, casas... «Aqui era a oficina do...    ... que tinha um cavalo muito bonito...    ... que... E eu pedia-lhe, às vezes...    ...» Um festim.
Subimos a Travessa do Quebra-Costas e entrámos no Quebra-Costas Bar. Foi um dia sem jantar em casa. E a culpa, no fundo, é das intervenções artísticas em espaços devolutos.

Um dos anúncios da pág. 4 (toda a eles destinada) do jornal Alta Estremadura, n.º 83, 10-04-1935, publicado em Torres Vedras. Esta mercearia deve ter antecedido no mesmo espaço A Pérola de Torres. !?

 Ao fundo, à direita, a Pérola de Torres
Foto de 14-04-2014

 Foto de 14-04-2014

Foto de 14-04-2014

Foto tirada no dia 25-10-2014, às 9:56

No mesmo dia

 A ruína.
Esta fotografia e as seguintes, menos as três últimas, foram tiradas em 01-11-2014



 Podemos ler a mensagem que transparece no verso desta folha, na imagem seguinte







 De saída

Pintura na parede d'A Pérola de Torres

Foto tirada em 02-11-2014

 Foto tirada em 02-11-2014


       Ver, com a devida vénia a JMD, a reportagem sobre esta iniciativa da Associação Estufa — Plataforma Cultural, incluindo fotografias dos dois pólos: o espaço Pérola e a ruína. AQUIO mesmo agradecimento a VA, pela reportagem fotográfica, publicada nas VEDROGRAFIAS, logo na tarde do primeiro dia.
Associada a esta, a mensagem sobre a Rua dos Celeiros de Santa Maria.

4 comentários:

  1. A tua abertura à vida, ao social, é francamente admirável.

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  2. Uma bonita e interessante explanação sobre uma zona histórica.... (A zona histórica de Torres Vedras)..
    É bom esse conhecimento que se obtém dos locais, das coisas, das pessoas, através desses passeios que quase sempre surgem ao acaso...!!!
    As fotos aqui apresentadas são muito elucidativas e como boas imagens que são, falam por si....
    Continuação de boas caminhadas pelas históricas ruas deste burgo....
    AG

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    1. Caminhadas e acaso conjugam bem. E as ruas são como os rios, lugares de encontro.

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