quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Ricardo Lopes

Ricardo Augusto Ramos Lopes
06-11-1944 - 24-10-2015

Nos últimos sete, oito anos, tornei-me frequentador d'A BRAZILEIRA com uma certa assiduidade. Antes disso, como vivia na banda sul da cidade, vinha aqui muito menos. Um dia, dei conta de que Ricardo estava mais velho. Os anos passaram por ele, os mesmos que a minha pessoa foi contando, mas como moramos dentro de nós não nos vemos. Temos sempre trinta anos. Habituei-me depressa e fui convivendo com um Ricardo saudável, com o aspecto sério a que nos habituou, observador. Também brincava, por vezes, mesmo quando criticava alguma coisa que lhe não parecia bem.
Vinham alunos de escolas em grupo e era ele quem os atendia. «O café A Brazileira nasceu primeiro em 1915, na Rua Serpa Pinto, n.º 36-1.º...»
Recebia, satisfeito, as visitas de grupos institucionais, que usavam a sala para reunião de trabalho, ao mesmo tempo clientes como os outros e misturados com eles. Numa dessas vezes, entrei por ali, fiz a minha vida habitual, o pedido — um café, um branco velho —, sentei-me. Estava o presidente da Câmara, em sessão de trabalho, discutindo em equipa sobre qualquer assunto ou evento a preparar; animar a cidade nossa de todos os dias, o centro histórico, o que fosse... Outra vez, o Sr. Ricardo (ou o Ricardo, como o chamava, talvez um pouco atrevidamente) mostrou-me, interessado, enternecido, algumas caixas feitas por crianças ou jovens, iguais àquelas em que se vende os pastéis de feijão. Uma delas, feita pela sua pequenina, a neta. Vim a saber que o orientador desta aula de desenho foi o arquitecto André Duarte Baptista, que em articulação com a CCC (Cooperativa de Comunicação e Cultura), nos tem convidado (a)Riscar o Património. (O último «desafio de desenho» foi na antiga Cerâmica da Ermegeira.)
Merendas do acordeão, Carnaval, são outros momentos de destaque na vida do café. Lembro que foi do seu especial agrado uma sessão improvisada, já depois da actuação em uma merenda desse dia, do acordeonista Rodrigo Maurício. Já era tarde, depois de um longo dia de trabalho. Serão de amigos. 
foi lindo 5 a tocar sai já eram 2 da matina 
escreveu Ricardo respondendo a comentário a post seu no facebook, em 11Nov2013. O caso passara-se no dia 8.
 *
Notas soltas
Estivemos ambos na Guiné. O Ricardo era de Transmissões. Um elo de ligação mais a juntar-nos é a naturalidade deste casal de beirões. São de Meda de Mouros, concelho de Tábua, a terra de uma amiga dilecta minha dos tempos de Coimbra, a Margarida.
 Muitas vezes ficava no seu escritório, de onde via facilmente quem entrava. O que lá fazia, não sei. O computador ligava-o ao mundo. Ficou-lhe o bichinho das transmissões e do rádio-amadorismo. Certo dia emprestei-lhe o livrinho de Saint-Exupéry, Voo Nocturno. Era o tempo dos carteiros do ar em época pioneira, em concorrência com os caminhos-de-ferro. Argentina. Os contactos com os postos de rádio em terra eram fundamentais.
As paredes do café albergavam discretas «exposições temporárias», para lá da decoração artística habitual, em que predominam fotografias antigas.
Ricardo Lopes pertencia à Confraria do Carnaval, era sócio dos mais antigos do S. C. U. T. — Sport Clube União Torreense.
Foi durante muitos anos cultor do rádio-amadorismo e companheiro nisto de uma comunidade em que me nomeou, por exemplo, o professor Jaime Rei. Falava com companheiros em Abrantes, até com navios no mar.
Sobre o seu caixão, a bandeira da Liga dos Combatentes. No final da cerimónia religiosa na capela de S. João, presidida pelo diácono Joaquim Cruz, foi-lhe prestada honra militar, sendo a bandeira erguida ao alto por um ex-combatente.
*
Há poucos anos, ao ver A Brazileira fechada durante uma semana (o Sr. Ricardo e a D.ª Maria do Carmo tinham ido de férias), pensei comigo: «Vai-me custar, quando o café fechar.» O Largo fica mais triste. Nos últimos dois meses dizem-me que foi abrindo aos sábados e domingos. Às vezes passava defronte, de carro, e via ainda do lado de fora as cadeiras da esplanada presas por um cadeado. Depois, as cadeiras foram recolhidas. Disse-me um amigo do Ricardo que ele disse à mulher para não deixar acabar o café, para continuar.
Seria bom que assim acontecesse. Até breve.

  Ricardo Augusto Ramos Lopes, em dia de feira rural, à frente da sua Brazileira.
4 de Outubro de 2014,12:37

Uma de tantas fotografias de tempo dos nossos avós reproduzidas em grandes dimensões e expostas em estabelecimentos da cidade. Quando a fotografia foi tirada, estavam em plena «laboração», além de A BRAZILEIRA DE TÔRRES, com uma oferta de serviços algo diferente, a Pensão Abegão no 2.º andar, a Sapataria Gomes e a Papelaria e Livraria Império, no rés-do-chão. No 1.º andar vivia o responsável pelo café, com entrada pela Rua 9 de Abril. [A nossa foto é do dia 28-12-2014, às 15:30. A moldura e a imagem estiveram afixadas - trata-se de uma fina tela -  na loja que ocupa o rés-do-chão da casa com o número 1 da Travessa de S. Pedro. Faz gaveto com a Rua 9 de Abril, a olhar para a Brazileira. Ver mais abaixo a foto com a legenda: Fotografia de «A Brazileira», no tempo dos meus avós.]


(Foto tirada em 03-12-2013)

(Idem)

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10-07-2008, 11:55

10-07-2008, 12:16

 10-07-2008, 12:40

10-7-2008, 12:41


10-07-2008, 12:34

31-10-2008, 9:57

 12:07

 12:11

12:14

 31-10-2008, 10:39

 10:40

10:42

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05-10-2013, dia de feira rural (12:31) 


27-10-2013, merenda do acordeão, com o jovem acordeonista Francisco Maia

Idem


Montra de 11 de Novembro de 2013, dia de S. Martinho

O mesmo

03-12-2013, 16:13

16:14


16:14


16:15


16-12-2013, 18:13


13-12-2013, 1818


09-01-2014, 15:59

O mesmo

16:00

O mesmo, do lado de dentro. 15:57

O lugar preferido do Sr. Francisco Porfírio, 11-01-2014, 11:31.

 12:09

11:32

Tanta coisa tenho visto da porta d'A Brazileira!
01-03-2014, 16:06
Gosto destes figurões generosos desde criança, porque foi com alegria e espanto de criança que vi pela primeira vez em Bragança os Gigantones de Lebução. Tinha vinte e dois anos.

 16-03-2014, 17:26
Passagem da procissão do Senhor dos Passos. Segue pela Rua França Borges, a caminho da Igreja da Graça

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AS HORAS
(28-03-2014)






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12-04-2014, 9:44

28-05-2014, 11:32

28-05-2014, 12:32
Na zona central , atrás do homem ao telefone, nota-se a inspiração no café A Brasileira, de Lisboa. Mais acima, o computador, lembrando que A Brazileira de Torres é um cibercafé, com postos de internet. Quem foi o artista que pintou este bonito quadro?

12-06-2014, 16:13

12-06-2014, 16:18
12-06-2014, 16:22

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29-08-2014, 16:01

29-08-2014, 16:05

30-08-2014, 18:12


4-10-2014, 12:37


Às 12:37

9-12-2014, 14:55

 09-12-2014, 18:03

9-12-2014, 16:56

14-12-2014, 16:23

ARTE  E HISTÓRIA




     01                   Abril                        2007                      Manuel Novais Granada

Em 27 de Agosto de 1930, a Brasileira de Tôrres (com acento circunflexo como então se escrevia) abriu as suas portas para a vida. Um vida de lotaria ou problemática, como tudo na existência humana, porque a vida das pessoas e a vida de um novo estabelecimento comercial nascem, vivem e até morrem de acordo com a própria Lei da Vida — feita de amor, empenho e muitas vezes paixão, no fundo maneiras de evitar a morte. Seja como for, a 

Jornalista aposentado, agora a viver entre nós, Manuel Novais Granada, o Granada, o Professor Granada, como os que o conhecem de perto lhe chamam quando a ele se referem, é um bom conhecedor de Torres Vedras e sobre ela tem escrito. História, histórias, factos do presente ou do passado. O Chafariz dos Canos, por exemplo, edificado, segundo ele, em louvor do Espírito Santo, mereceu-lhe artigos sugestivos e de agradável leitura. O mesmo se diga de vários artigos sobre Leonor de Torres Vedras e seu casamento com o imperador da Alemanha. Mais e mais. Consulto rapidamente o meu arquivo e tenho à disposição os artigos em pdf publicados no em FRENTE OESTE, anos de 2008-2009. Uns sessenta sobre variados temas e não só de Torres. Os artigos sobre as farmácias de Alcobaça e Caldas da Rainha são de antologia e relatam a vivência de um petiz (ele mesmo) da 2.ª à 4.ª classe na relação fascinada com a farmácia.

O texto continua na página seguinte do livro de visitas ou livro de honra. A folha aqui disponibilizada vem na página que inicia o facebook Café a Brasileira de Torres e é um bom retrato da vida de Ricardo, a sua esposa e todos nós, afinal.

20-02-2014, 12:17

 Quadro no recanto da parede do lado da Rua 9 de Abril
Curiosos os «dizeres», espaçados: 41/100              :             Domingos / 05          
A decifração do nome do artista é minha. Foto tirada em 10-02-2014, 11:11.


20-02-2014, 12:19

14-03-2014, 08:40

 14-03-2014, 08:41

14-03-2014, 08:45

Quadro assinado por Fernando Santos
14-03-2014, 08:42

[Foto tirada em  14:03-2014, 08:43]
As legendas:
1.º quadro
(Construção antiqùissima  — Desconhece-se a fundação)
2.º quadro
Maria Purificação da Silva
vulgo «Maria Cachucha»
«Figura típica torreense» - (1900 - 1960)
Maria Cachucha!


14-03-2014, 08:43


14-03-2014, 08:52

14-03-2014, 08:45

*

Informações de interesse geral

14-03-2014, 08:48

*

Fotografia de «A Brazileira», no tempo dos meus avós, afixada na casa que foi do Sr. Raul  Guilherme  e ficou para as suas filhas. (8-01-2015, 18:48)

 
15-02-2015, 16:04
*
Ver, infra, informação importante.
http://vedrografias2.blogspot.pt/2015/10/breve-homenagem-ao-sr-ricardo-lopes-e.html
A BRASILEIRA - Artigo sucinto, objectivo, com boa informação. Boa evocação, de Patrícia Sobreiro (texto e foto); secção MILA ao balcão, MILA GAIPA, jornal do centro histórico de Torres Vedras, n.º 4, 2014|2015, Dez-Jan.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Um abraço. Pensei em ti, quando falei nas instituições que às vezes por ali passam.

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  2. Belo texto, bonitas fotas...!!!
    É um "recordar" com saudade....!!!
    AG

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