domingo, 10 de janeiro de 2016

Filme ao serão

Sábado, 9 de Janeiro


     Depois do DDT (Donos disto tudo), no Canal 1, com Luís Monchique e outros, segui um excelente filme, tal como, igualmente por acaso, tinha acontecido na semana atrás. Desta vez, Minhas Tardes com Margueritte (LA TÊTE en friche), 2010, com Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus e outros.
A cabeça em pousio, por desbravar, de Germain vai começar a ser cultivada e a cultivar-se, graças ao encontro num banco de jardim, com Margueritte, senhora de 95 anos. O banco era o lugar onde se sentava ao pé dos pombos que conhecia pelos nomes, um por um. Pela leitura em voz alta de Margueritte, «lê» A Peste, de Camus. De Luís Sepúlveda, O velho que lia romances de amor. Quando Margueritte, com perda progressiva da visão por degenerescência macular, deixa de poder ler, é a vez de Germain retribuir; começa a ler-lhe páginas de um romance que a erudita senhora, fazendo lembrar Jorge Luís Borges, logo identifica. A cena passa-se, de  novo, no banco do jardim.
     -- Feche os olhos, tenho uma surpresa para si.
     Lê.
     «Que marinheiros, com ajuda de que arquitectos, a ergueram no meio do Atlântico sobre um abismo de seis mil metros?
     -- É de O Filho do Mar   ..., de Jules Supervielle.

Da informação sobre o filme contida no endereço anterior, damos a tradução da SINOPSE.
É a história de um destes encontros improváveis que podem mudar o curso de uma vida: o encontro entre Germain, cinquentão, quase analfabeto, uma senhora erudita muito idosa.
Germain leva uma vida tranquila entre os seus amigos, a sua companheira Annette e a sua caravana, instalada ao fundo do jardim da mãe. Nunca conheceu o pai, a mãe ficou grávida dele sem o querer e fez-lho bem sentir. E na escola primária era a cabeça-de-turco do professor. Os seus companheiros de botequim gostam muito dele, mas troçam-no frequentemente. Todavia, Germano, longe de ser um imbecil, é um filósofo cândido, um diamante em bruto que nunca ninguém sonhou lapidar.
Se a cabeça dele ficou «em pousio», é que não a cultivaram.
Um dia, encontra Margueritte que lhe vai ler em voz alta excertos de romances. Germano vai descobrir a magia dos livros, de que se cria excluído para sempre. Mas Margarida perde a visão e, por amor desta pequena avòzinha maliciosa e atenta, chegará a ponto de ler-lhe, em voz alta, quando ela já não o puder fazer.
É uma história que fala de pessoas simples e verdadeiras, por vezes tocantes, divertidas e frequentemente com muita graça. Uma história terna, cheia de esperança, que prova que é sempre possível aprender e nunca demasiado tarde para ser feliz.

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