segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

O Principezinho em Torres Vedras

       A EXPOSIÇÃO O PRINCIPEZINHO NA BIBLIOTECA

     Foi um prazer, finalmente, o encontro pessoal com o meu conterrâneo Joaquim Rosa, que em boa hora resolveu contactar-me. Conhecia a família e, com intimidade, o pai, embora um menino e um rapaz à beira dele.
    Falámos bastante e o Joaquim fez boa companhia na sala de exposições da biblioteca e nas restantes mesas do piso superior. Gozei, também, da companhia de Maria de Lourdes, sua mulher e com ele entusiasta de Saint-Exupéry e da sua obra mais cativante (qual raposa que lhes diz «cativem-me», criem laços comigo, prendam-me), — O Principezinho.
     Presente, também, a irmã e alguns amigos.
     Apetece-me, agora, parodiar uma canção de Caetano Veloso e daqui lhe digo:
     — Você já foi ver a exposição?
     — ...    ...
     — Então, vá!

















     (Saiu primeiro no facebook)

O Principezinho

           O Principezinho -- Exposição na Biblioteca

     Estou a pensar que a exposição sobre O Principezinho, de Antoine de Saint Exupéry, está na Biblioteca Municipal só até o próximo sábado, 13 de Janeiro. Estive no dia da abertura, e voltei recentemente.

   Quem começa a conhecer Saint-Exupéry pel'O Principezinho, se o ler devagar, fica fascinado, seduzido, encantado. É genial. Isto pode não se atingir na primeira vez... É livrinho para se voltar. O melhor é ir até Saint-Exupéry e ouvi-lo. Lê-lo é ouvi-lo. Que privilégio!

     Entre outras obras, há uma que pode servir de livro de cabeceira, depois de um dia de trabalho..., as Cartas a Sua Mãe, a quem foi escrevendo, desde criança aos dez anos até à última em Julho de 1944.[i] As cartas vão-nos mostrando a vida de todos os dias, convívio, relações de trabalho, amizades, e o modo como foi fazendo a sua carreira e nós a vê-lo a superar dificuldades, em vários continentes, nós, entre ele e a mãe..., sempre tratada com carinho.

     Essa experiência está presente em O Principezinho.

     Voar e escrever, eis Saint-Exupéry.

     Ele o diz.


     [i]* Saint-Exupéry veio a falecer em 31 de Julho de 1944. A carta, a mãe só veio a recebê-la em Julho de 1945.

     O que segue é do sítio da Câmara Municipal de Torres Vedras, com a devida vénia:

Principezinho

Exposição

Até 13 de janeiro    

Evento já ocorrido

Local: Biblioteca Municipal de Torres Vedras

A obra O Principezinho, do autor Antoine de Saint Exupéry, amplamente conhecida em todo o mundo estará presente na Biblioteca Municipal através de uma coleção de livros, propriedade de Maria de Lourdes e Joaquim Rosa, iniciada em 2011 e que já conta com cerca de 200 exemplares desta obra, em diferentes idiomas, versões e tamanhos.

Nesta exposição terão a oportunidade de desfrutar da enorme quantidade de línguas e dialetos em que a obra, segunda mais traduzida no mundo, se apresenta.

[Saiu primeiro no facebook]

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O Púcaro

Chega a época de Natal, com o dia mais pequeno do ano e a noite mais longa. Frio e calor, à volta de um cepo de sobreiro à porta da igreja ou junto ao cruzeiro. Dou comigo a lembrar o tempo de criança. Havia a missa do galo e, depois, convívio na sala-cozinha. Na chaminé, o fogo e o foco de intimidade. A melhor iguaria seria o pastel de grão, feito em casa. Preparava-se a massa (farinha, ovo, sal…), estendida, com um rolo; em cima, punha-se um montinho com uma colher – o doce de grão –, virava-se a «folha» de massa de modo a as duas extremidades se sobreporem, os dedos marcam o sítio onde está o doce para colar e a carretilha, rodeia, em jeito de meia lua, cortando no lado do encontro das duas metades da «folha». Deixa biquinhos, uma espécie de serrilha.
O dia mais pequeno e a noite mais longa simbolizam o recolhimento, a concentração, nas famílias e em comunidade; alegria, amor, consciência do sofrimento de alguns. Mesmo a natureza sofre e dela somos parte. A noite de 25 de Dezembro é iluminada pela celebração do nascimento de Jesus; nasce todos os anos e a natureza com Ele, na tradição arreigada na terra portuguesa…
Tenho vindo a pensar há algum tempo numa coisa humilde, de barro, quase confundível com lama, coisa normalmente depreciada. De barro se diz na Bíblia que somos feitos, querendo lembrar a nossa condição transitória. E a mensagem do Natal é o convite, a exortação a procurar, construir, salvar o que mais importa: as pessoas, em viver solidário. Em pequenas e grandes atenções e tarefas.
Na ceia de Natal, em criança, certamente não pensava no púcaro. Se pensasse, havia de encontrá-lo, ao menos na «pucareira», espaço ao canto, ao lado da chaminé, com o cântaro, a bilha, a panela e outra louça. Aos poucos, a certa altura comecei a pensar. Procurei, tenho procurado e não encontro o púcaro. Sei, agora, que há o púcaro rico, mas só conheci o púcaro pobre, de barro. É este que procuro reencontrar.
Quando li ALGUMAS PALAVRAS A RESPEITO DE PÚCAROS DE PORTUGAL, de Carolina Michaëlis, chamaram-me a atenção a tese muito provável por ela defendida «de que púcaros e búcaros* têm a sua pátria na Península», contra «o dogma antigo das origens americanas», (p. 10), o facto de irem à mesa de reis para matar a sede e outros usos, pouco vulgares entre nós, ao contrário de Espanha, como seja a bucarofagia, púcaros odoríferos, pôr flores e humidificar certos aposentos… E mais ainda me terá chamado a atenção a completa ausência do púcaro mais popular, a que chamo pobre, nas imagens publicadas. Só são apresentados exemplos de púcaro com bojo ou bochechas, como se lê nos versos de Afonso Lopes Vieira e nem um com a forma cilíndrica que trago na memória e de que encontrei confirmação junto de várias pessoas com quem falei e me pareceram dignas de fé.
O púcaro «rico» ia à mesa de reis, pela qualidade do barro, a porosidade, que fazia chiar quando se enchia, sobretudo quando era novo e refrescava a água. Todavia, era usado apenas uma vez…
Para concluir, devo confessar o espanto e alegria, ao descobrir pela boca do dono da Olaria Armando Caetano em Pinhal de Frades – Ericeira que o «púcaro rico», previamente esvaziado de ar, era usado para curar dores nas costelas, encostando-lhe a boca à zona dorida. Um meu conhecido a viver no Sarge e natural do vizinho concelho do Sobral conta o caso de dois endireitas, pai e filho, que faziam o mesmo com um copo de vidro, vendo-se a carne do paciente ser aspirada pelo copo-ventosa como pequena bola.
* Búcaro é o equivalente castelhano do português púcaro.
P. S. A definição mais simples que encontrei é a que vem a seguir à terceira imagem, abaixo. O «senhor de idade aproximada à minha», de boa presença, tinha ar de pessoa conhecedora.



Sobreiro, 7 de Abril de 2018
Na aldeia do Sr. José Franco
Um senhor de idade aproximada à minha: o púcaro tem o bordo recurvado para fora e uma asa. É de chacota (não envernizado).
***
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=10003.001.023
 http://mmap.cm-stirso.pt/proto-historia/
 http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=121970
https://books.google.pt/books?id=URhxSzKOEZoC&pg=PA577&lpg=PA577&dq=p%C3%BAcaro+penado&source=bl&ots=y8-DFu3kFV&sig=iVPGz9Y2fNru75qZ05aEdhw7bjE&hl=en&sa=X&ved=2ahUKEwiFkojGiM_eAhWRyYUKHf3UAEQQ6AEwAHoECAkQAQ#v=thumbnail&q&f=false
https://www.uc.pt/uid/celga/recursosonline/cecppc/textosempdf/24avisitadasfontes (Índices de Formas e Concordâncias)

Tirar nabos da púcara

Avô Zé, com as tenazes “conchegava” os chamiços que ardiam; avó Ana encostava o púcaro de barro ao brasido cheio de água da Fonte Velha, quando começava a ferver deitava para dentro uma ou duas colheres de café, era tão bom, tão bom, perfumava toda a casa.
Para assentar, punha dentro do púcaro uma brasa; sabia tão bem!

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A LDG vem..., a LDG vai...

A L. D. G. VEM…

MARÉ CHEIA

A L. D. G. vem de bocarra aberta. Aproxima-se. Está mesmo em cima do cais.

— V. Exª., meu Major, temos fome — Eram onze e vinte. Alguns mancebos manifestam-se.

— Vêm muito bem dispostos, de muito bom humor — diz alguém.

— Vem muito colorido.

Magotes de gente pela rua. Cabo-verdianas que nunca tinha visto antes, vêm à rua; uma com toucado e rolos na cabeça.

Passámos a manhã à espera da L. D. G., olhando para a parte do canal donde ela havia de surgir. E finalmente chamaram-nos. A L. D. G. já se via.

Choviscava. Uns com capa, outros sem capa…

O pessoal recua para as manobras de abicagem. E a grande pá da L. D. G. abate-se lentamente sobre a ponta do T, abocanhando um pouco de cimento.

— O indivíduo do Bar de Oficiais… Aquele que tem um blusão.

— Olha o gajo do «PELICANO»!...

Duas filas compactas contra os dois corrimões da L. D. G. como numa varanda. Vêm V I V A Ç O S!…, de amarelo, vermelho e verde. A massa é mais espessa e mais compacta à saída da embarcação.

Era aí que vinha o homem com fome, o que levantava os braços e exclamava, o do PELICANO e BAR DE OFICIAIS.  Era aí que vinha a nata do humor e boa disposição.

Vão em duas filas para o edifício do D. F. E. Aí fazem-se os primeiros TRABALHOS DE INCORPORAÇÃO, divisão por etnias…

Parece que Bolama confluiu toda para a Avenida da República, desde a Escola de Professores de Posto até ao cais. Aí é uma mole desusada que se junta para ver o recruta passar…

Na residência do Administrador aparece junto à porta, gente nova e bonita…

Crianças, saias curtas, vestidos francos, Bolama que vem para a rua em trajos de casa com rolos na cabeça e juventude no corpo e nos olhos…

MARÉ VAZIA

Depois do barulho das viaturas da Engenharia (para as instalações dos Batalhões em I. A. O. a dar proximamente na ilha), do Rádio-Rastreio…, viaturas a arrotar pelo cano de escape e a dar movimento à cidade, Bolama reflui, a maré de gente vaza e tudo fica mais calmo…

A L. D. G. VAI…

A L. D. G., depois de despejar pessoas e material, pôs-se a navegar para o seu destino e em breve dobrava a ponta por onde toda a manhã a esperámos. Rápida como apareceu, assim se foi. Desapareceu para as bandas brumosas donde veio, num dia de chuva.

                                                            Bolama, 2 de Agosto de 1970





quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Visita ao Santuário Nacional de Cristo Rei

Foi em 5 de Janeiro de 2018

Ver, aqui, a reportagem completa. 

Visita de estudo da AUTITV -- Universidade Sénior de Torres Vedras, ao Santuário Nacional de Cristo Rei, com os alunos de Oficina da Fotografia, sob a orientação do professor, Sr. António Lourenço Luís.


Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Quadro oferecido pela República Federativa do Brasil

Deixo no linque acima (canto superior direito) só a memória da visita ao monumento, com as luzes de Lisboa, coadas pela neblina, do outro lado do Tejo...

No regresso, já de noite, parámos, ainda no Terreiro do Paço, com alguma água no pavimento, o que possibilitou (a alguns) fazer boas imagens. No Rossio, idem..., aproveitando as iluminações festivas da quadra de Natal. Mesmo com o autocarro em movimento, mais fotografias entre a Avenida da Liberdade e o Marquês...

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Dornes e Centro Geodésico de Portugal

No fim da visita, ao pôr-do-sol ( o vídeo está no final, a seguir à última imagem)

         Em 30 de Janeiro de 2023, uma excursão da Universidade Sénior de Torres Vedras — a AUTITV — deslocou-se em visita de estudo a Dornes e ao Centro Geodésico de Portugal, passando também por Vila de Rei (Museu do Fogo e da Resina). As inscrições estavam abertas aos alunos da disciplina de Oficina da Fotografia e a outros que quisessem participar.

Este pequeno vídeo quer honrar a importância do lugar, pela categoria do marco geodésico padrão e sua centralidade no país.

O giro que se procurou fazer (360 graus) é uma saudação a todo o continente português e ao ir dizendo adeus, com a mão erguida, imaginamos toda a terra que vemos e mais a que não vemos até às ilhas do Atlântico... Foram momentos de despedida. Fiquei com vontade de voltar e tocado pelo encanto simples de Dornes..., numa visita breve. Um vislumbre...

Um agradecimento aos professores António Lourenço Luís e Maria Rita Sarreira, das disciplinas de Oficina da Fotografia e História de Portugal, respectivamente, pela preparação da visita e a distribuição do habitual guião, desta vez intitulado de ROTEIRO FOTOGRÁFICO, com informações lembrando pontos básicos para «fazer» (ia dizer «tirar»!) uma colheita proveitosa de fotografias: a exposição, as regras de composição e sugestões. Muita coisa em «ão», mas é a língua que temos, e não deve ser por acaso que o órgão do sentimento se chama entre nós «coração». A parte histórica coube à Dr.ª Rita, cheia de ensinamentos úteis de história, lenda, arte e aspectos de vida social e política de quem nos precedeu até uns milhares de anos...

*

Começo a escrever, usando o teclado do computador, para filtrar um pouco a alma, sem a perder. A letra manuscrita tem qualquer coisa de pintura ou poesia, mas fique agora um pouco de lado. Poderá mais e poderá menos, neste caso, em que pretendo ser objectivo.

*

           — Vamos tomar um café a Dornes? — A Tormes?  A Doornes!

«Vamos tomar um café a Reguengos», disse um dia o Dr. Miranda ao meu irmão Manuel no final dos anos sessenta. Fiquei admirado, quando soube desta mudança do lugar diário de convívio no café Portugal, em Évora. Achei caro!? Compreendo, agora, melhor, como é importante tomar um café com alguém. O que se agiganta é a distância, o percurso em que somos envolvidos numa bolha, que desde o momento da partida se dilata e nos acompanha até à despedida no final do regresso. Já estamos no espírito do café à partida, junto à estação ferroviária de Torres Vedras, e só quando saímos do autocarro ao fim do dia a bolha se dissipa. Despedimo-nos, saímos do «café» e esperamos pelo próximo convite, daqui a um mês… O que digo de dois professores do liceu de Évora, um em começo de carreira e o outro perto de findá-la, veio-me à mente. Quem se admirou com o gesto imprevisto, «largo, liberal e moscovita»[i] do Dr. Miranda nos anos idos de sessenta, não se admiraria, hoje, conhecendo melhor quem foi o Dr. Alberto Miranda, e acha natural ir «tomar um café a Dornes», neste caso, o café propriamente dito, depois de almoço.

Lá fomos, cumprindo o programa: 07:30 – Torres Vedras → Dornes → Vila de Rei (Museu do Fogo e da Resina → Centro Geodésico de Portugal) – 20:30 – Torres Vedras.

A – Dornes; B – Museu do Fogo e da Resina; C – No Centro Geodésico de Portugal Continental

A – Em Dornes

Dornes foi de longe a parte mais interessante, para mim, pese embora não termos podido entrar na igreja de Nossa Senhora do Pranto, talvez por ser segunda-feira, dia em que os museus estão encerrados. Comecei por pensar que Dornes era a terra do engenheiro António Guterres, por onde já tinha andado em companhia de alguns companheiros de Torres, perto da aldeia de Nossa Senhora do Cabo, à beira da serra da Gardunha. Não, essa é Donas. Mas, foi um motivo de interesse… Brinquei, depois, com a etimologia, derivando Dornes de Dornas, pois às vezes, os povos gostam de dar um ar menos prático às coisas…E esta derivação antiga vem afirmada no sítio da Câmara Municipal de Ferreira de Zêzere, afinal… De «Dores» há quem goste para a origem do nome da povoação e uma lenda acolheu-o, associando-o a Nossa Senhora das Dores (do Pranto, da Piedade, Pietá). É lenda referida em documento antigo e ligada a Guilherme de Pavia, feitor da Rainha Santa Isabel. Vem recolhida no livro de Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas, vol. IV, pág. 75-79. Ed. Multilar. Lisboa, 1988.

A paisagem na envolvência de Dornes é cheia de montes, lembrando como as viagens nestes sítios deviam ser demoradas e sinuosas. A sensação de algum isolamento, de estarem distantes do litoral, de Coimbra, de Lisboa deve ter sido sentida para as pessoas daqui. Quase como um ninho de águia devia parecer Dornes, quando o rio Zêzere mais deixava ver as margens fundas e talhadas quase a pique…  Estavam, contudo, relativamente perto de Tomar, sede da Ordem dos Templários, a que estavam ligados, religiosa e civilmente, de que é testemunho a inscrição na pedra embutida na parede ao lado esquerdo da porta da fachada lateral sul. Os nomes de algumas ruas, e são poucas, felizmente não foram mudados, pois ajudam a ter a perspectiva do viver de séculos. Rua Guilherme de Pavia, Rua da Barca, Rua de Nossa Senhora do Pranto, Rua da Rainha Santa Isabel. Sem excluir a actualidade, pois o Padre Artur Mendonça das Neves é recordado em nome de rua e, ainda, junto a parede da igreja matriz em fonte que é um pequeno monumento e momento comemorativo; ostenta sobre secção de coluna placa de mármore, com homenagem ao sacerdote, na seguinte inscrição:

DOS PAROQUIANOS DE DORNES / COMO PROVA DE GRATIDÃO / NO DÉCIMO ANIVERSÁRIO DE PRESENÇA E SERVIÇO ENTRE / NÓS DO PÁROCO PADRE / ARTUR MENDONÇA DAS NEVES / DORNES 12 DE OUTUBRO 1968

Almoçámos na Associação de Melhoramentos, Cultura e Recreio de Dornes, tempo sempre especial de encontro.

Há um sinal moderno em casa da Travessa das Escadinhas, indicativo de alojamento local – AL. Esta travessa nasce na Rua Guilherme de Pavia, muito perto, também, da Rua da Barca, sinal de ter sido caminho para o local de atravessamento do Zêzere. Do lado de lá é distrito de Castelo Branco (já não há distritos, mas que os há, há…), Do lado de cá, Santarém. Em termos religiosos, pertence à diocese de Coimbra.

A Rua de Nossa Senhora do Pranto está nestes dias despojada de escola primária e de sede da Junta de Freguesia, localizada na Frazoeira, com a designação de Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pranto, criada por agregação das freguesias de Dornes e Paio Mendes, pela Lei n.º 11-A/2013, de 28 de Janeiro.

Dornes tem posto de Turismo.  Deixamos uma menção aos percursos de caminhada e às pequenas ilhas, nascidas com a subida das águas, devido à barragem do Castelo de Bode.

Está situada numa pequena península, comprida e estreita, como um bico de águia a ensaiar o voo sobre a albufeira do Zêzere.

 B – No Museu do Fogo e da Resina

Neste museu podemos observar em imagens e textos exemplos da importância do fogo, desde há cerca de 500 000 anos na vida do Homem, primeiro para cozinhar alimentos e, depois, para fins industriais, na cerâmica e na metalurgia… «[…] há cerca de 3 000 anos o povoado do Cerro do Castelo, na freguesia de Vila de Rei, foi destruído pelo fogo, levando a sua população a construir muralhas defensivas.» «Neste período, o fogo está também presente nas cerimónias de morte, atestado nos rituais de cremação.» Na relação com o fogo é lembrada «a importância da floresta e a arte tradicional da exploração da resina».

O Museu do Fogo e da Resina está instalado no edifício que foi da Delegação Escolar e dispõe de sala de exposições, pequeno auditório e loja de recordações (Segui nesta secção o Roteiro...)

C – No Centro Geodésico de Portugal

O Centro Geodésico de Portugal inclui no seu espaço o Museu da Geodésia, inaugurado em 2002, no âmbito de uma parceria entre o Instituto Geográfico Português e a Câmara Municipal de Vila de Rei. Ali se encontram painéis com imagens e textos esclarecedores do visitante. São-nos apresentadas a história dos antecedentes e primórdios da construção deste marco geodésico e a evolução científica que o tornou possível. O museu «reúne, entre outros instrumentos, o Nível de Precisão de Brito Limpo, a Luneta de Passagem Repsold ou o Cronógrafo Favag». **[ii] Conta, ainda, com bar e loja de recordações. Junto ao marco geodésico padrão TF4, em placas comemorativas e num dos lados da pirâmide (de primeira ordem), há informações relevantes.

Era preciso regressar e com quase toda a gente já nos seus lugares, foi-nos lançado um lembrete, um apelo a que se fizesse fotografias, aproveitando o pôr-do-sol. A montanha, com a sua aura sagrada e a luz privilegiada da hora, assim impunham. Um pequeno grupo de voluntários respondeu à chamada, dirigiu os passos na direcção do poente e, serenamente, em intimidade com a sua máquina, fez o que tinha a fazer, salvando a honra do numeroso grupo. 

Com paragem numa área de serviço, terminámos a jornada à hora prevista, junto à estação da CP - Torres Vedras.


[i]  Àlvaro de Campos, em OBRAS COMPLETAS DE FERNANDO PESSOA, II, POESIAS DE ÁLVARO DE CAMPOS, pp. 126-129. Lisboa, Edições Ática, s/d.

[ii] Consultei, também, o artigo de Célia Domingues, em e-cultura.pt/património…, intitulado «Museu da Geodésia».

P. S. - Ficou por ver, devido ao facto de o templo estar fechado, contrariamente ao que se tinha acordado, a igreja de Nossa Senhora do Pranto, que só por si justifica uma deslocação a Dornes. Entre outras coisas, pelos azulejos, oito imagens do século XVI, em pedra, de que se destaca a de Santa Catarina, e uma pintura sobre madeira, do último terço do século XVI, O Descanso na Fuga para o Egipto.

***
A - Em Dornes

1 - Situação geográfica de Dornes e Vila de Rei

2 - Em frente, a Rua de Nossa Senhora do Pranto

3

4

5

6


8

9

10

11

12 

13
Cruzeiro
Via Sacra, XIV estação
Jesus é sepultado 
Ao fundo, à direita, a capela de Santo António 
A procissão do Senhor dos Passos começa no Casal da Mata, onde está o primeiro cruzeiro, e segue pela estrada até Dornes, numa extensão de quatro quilómetros.

14

15

16 - (Do sítio da Junta de Freguesia, com a devida vénia)

17 - Fachada Principal

18
Esta igreja mandou fazer em louvor do Senhor Deus e da preciosa sua madre Virgem Maria o honrado cavaleiro frei Gonçalo de Sousa vedor do Sr. Infante dom Henrique e do seu conselho e seu alferes mor comendador desta comenda e alcaide mor de Tomar filho de Gonçalo Anes de Sousa a qual igreja se fez às suas próprias despesas por sua boa devoção sem a elo sendo obrigado : e por memória mandou aqui pôr : estas suas armas : Deus por sua mercê lhe dê galardão de sua benfeitoria Amen : era do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo 1453 :
(Respeita-se as palavras, com alguma actualização ortográfica)

19

20
Fachada lateral sul
Aqui jaz Simão Álvares
O «e» e o «s» na segunda linha, já fora do espaço central

21

22

23

24

25

26

27

28

29 

30 
Já cá chegou a moda do alojamento local, com esta unidade hoteleira, AL. Entrada pelas Escadinhas 
Pe. Artur Mendonça das Neves

31
Rua Guilherme de Pavia

32 - 5224 nítido claro
Via Sacra, XIII estação
Jesus é descido da cruz

33
Posto de Turismo

34

35

36


37
Rua da Rainha Santa Isabel

38
Neste cruzamento se encontram as ruas da Rainha Santa Isabel (em frente), a de Guilherme de Pavia (à esquerda), a de N.ª. Sr.ª do Pranto (à direita) e a da Barca (atrás do observador). Percorremos a Rua de Guilherme de Pavia atá ao Posto de Turismo.

39

40
À direita, a Rua da Barca

41

42
Um barco, em primeiro plano e «Mesmo à beira da margem, pequeno, em discretos traços de azul, está parado outro barco, com três traços transversais. São os assentos.» Ver a história do barco de três tábuas ou abrangel.

43

44
Ruína no lado montante da albufeira

45
O mesmo lado da albufeira

46
Lado jusante

47
Ao centro, a pequena península de Dornes (google maps)

48 - Vista da península de Dornes
(Com a devida vénia a vagamundos.pt)

Nomes das ruas

49 -  (do google )

50
Rua de Nossa Senhora do Pranto 

Os brasões de Dornes

51
Na placa toponímica da Rua de Nossa Senhora do Pranto

52
Três círios de azul, lira de azul, cruz da Ordem de Cristo...
No edifício onde funcionou a Junta de Freguesia de Dornes
A freguesia de Nossa Senhora do Pranto, com sede na Frazoeira, mantém os símbolos heráldicos das  de Dornes e de Paio Mendes, agregadas Pela Lei N.º 5/2013, de 12 de Dezembro. «A ordenação heráldica do brasão e da bandeira foi publicada no Diário da República, III Série, de 25 de Agosto de 1998 (Ver no sítio do município de Ferreira do Zêzere, «nossasenhoradopranto.pt...»)

 Acrescente-se, por estar em placa toponímica de Dornes, o brasão do município de Ferreira do Zêzere. (Ver, atrás, a imagem n.º 29)

53
Cruzes do Templo e de Cristo 

B - No Museu do Fogo e da Resina
Do Museu do Fogo e da Resina, em Vila de Rei, já algo dissemos atrás, mas não deixamos registo de imagens.
C - Centro Geodésico de Portugal
Restam-nos as imagens seguintes e o vídeo.

54 - 5230 rec 3.4

55 - 5229 rec livre

56 - 5246

57 - 5237

58 - 5239 rec.4

59 - 5245 rec nítido

60 - 5244 rec 3.4

61 - 5243 rec 3.4 nítido

62 - 5242 end clarear rec 3.4 nítido

63 - 5240

64 - 5241


Sobre a paisagem que daqui se avista, num giro de 360 graus, falámos no texto inicial.