Hotel Palácio Imagem da internet
O
excelentíssimo Hotel Palácio, no Estoril, foi concebido, decorado e recomposto
por Lucien Donnat (LD) até à hora de morrer. No mais belo hotel de Lisboa, o
Avenida Palace, nos Restauradores, em que todos os quartos são diferentes,
também continua, intocável, o espírito material do gosto, que não conseguia
senão ser bom, do LD.
Devemos ir aos lugares que LD sagrou. São sítios que não
morreram; que mal começaram a nascer. E que exigem a nossa presença, por muito
tardia, para reaparecer. Adeus e muito obrigados pelo que nos deu.
[Miguel Esteves Cardoso]
[Miguel Esteves Cardoso]
No dia 28 p. p., o PÚBLICO trouxe duas páginas consagradas a Lucien Donnat, com «Obituário», por Alexandra Prado Coelho e «O palco como uma fotografia viva da realidade», por Tiago Bartolomeu Costa.
Transcrevo algumas «chamadas»:
Tinha um «enorme bom gosto» e um «humor cáustico». Lucien Donnat, cenógrafo e decorador, colaborador e amigo de Amélia Rey Colaço, morreu aos 92 anos, em Lisboa / João Mota visitou Donnat no hospital: este disse-lhe que queria pintar a Sagrada Família de Gaudi [de «Obituário»]. Viscontiano: entre a ambígua teatralidade dos espaços e a sua profunda verosimilhança [de «O palco...].
***
Adeus, Lucien Donnat
MIGUEL ESTEVES CARDOSO 30.01.2013
O PÚBLICO de anteontem publicou um encantador obituário de Lucien Donnat escrito por Alexandra Prado Coelho. Também trazia o anúncio do funeral dele: bonito, graficamente inimputável. Como li o anúncio antes do texto da Alexandra, fiquei, primeiro, triste e chocado e, depois, quando cheguei às duas páginas que o PÚBLICO lhe deu, consolado e feliz.
O teatro é uma harsh mistress mas os hotéis são muito menos temporários. O excelentíssimo Hotel Palácio, no Estoril, foi concebido, decorado e recomposto por Lucien Donnat (LD) até à hora de morrer.
No mais belo hotel de Lisboa, o Avenida Palace, nos Restauradores, em que todos os quartos são diferentes, também continua, intocável, o espírito material do gosto, que não conseguia senão ser bom, do LD.
Os hotéis - a começar pelo Palácio, cujo recorte e cuja dignidade estética tiveram a coragem inteligente de tudo ficarem a dever, durante muito mais de meio século, a LD - são muito mais perenes do que as peças de teatro. O Palácio do Estoril é certamente o hotel mais bonito, confortável e elegante de Portugal. LD é o autor das mais recentes actualizações. O que mais surpreende no Palácio não é o passado (Graham Greene, John Le Carré), mas o futuro, sabiamente garantido por Lucien Donnat.
Devemos ir aos lugares que LD sagrou. São sítios que não morreram; que mal começaram a nascer. E que exigem a nossa presença, por muito tardia, para reaparecer. Adeus e muito obrigados pelo que nos deu.
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Adeus, Lucien Donnat
MIGUEL ESTEVES CARDOSO 30.01.2013
O PÚBLICO de anteontem publicou um encantador obituário de Lucien Donnat escrito por Alexandra Prado Coelho. Também trazia o anúncio do funeral dele: bonito, graficamente inimputável. Como li o anúncio antes do texto da Alexandra, fiquei, primeiro, triste e chocado e, depois, quando cheguei às duas páginas que o PÚBLICO lhe deu, consolado e feliz.
O teatro é uma harsh mistress mas os hotéis são muito menos temporários. O excelentíssimo Hotel Palácio, no Estoril, foi concebido, decorado e recomposto por Lucien Donnat (LD) até à hora de morrer.
No mais belo hotel de Lisboa, o Avenida Palace, nos Restauradores, em que todos os quartos são diferentes, também continua, intocável, o espírito material do gosto, que não conseguia senão ser bom, do LD.
Os hotéis - a começar pelo Palácio, cujo recorte e cuja dignidade estética tiveram a coragem inteligente de tudo ficarem a dever, durante muito mais de meio século, a LD - são muito mais perenes do que as peças de teatro. O Palácio do Estoril é certamente o hotel mais bonito, confortável e elegante de Portugal. LD é o autor das mais recentes actualizações. O que mais surpreende no Palácio não é o passado (Graham Greene, John Le Carré), mas o futuro, sabiamente garantido por Lucien Donnat.
Devemos ir aos lugares que LD sagrou. São sítios que não morreram; que mal começaram a nascer. E que exigem a nossa presença, por muito tardia, para reaparecer. Adeus e muito obrigados pelo que nos deu.
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