3.ª-feira, 8 de Dezembro de 2015
A Camila é um lugar de culto que serve as comunidades de
Gentias, Barrocas, Feiteira, Azenha Velha, Carvalhais e Cambelas. Pela primeira
vez, tenho o privilégio de ver a Camila com a sua capela aberta e em dia de
festa.
Neste dia feriado, segui o trajecto habitual, pela E N n.º
9. Deixando a Coutada para trás, passada a ponte sobre o Sisandro, corta-se à
direita, sem entrar na rotunda ovalóide que levaria a S. Pedro da Cadeira,
Encarnação e Mafra e, pelo lado direito da bifurcação, a Escravilheira e
Ericeira.
Azenha Velha, Largo Rufino Carvalho, pouco adiante vai
aparecer a Camila ou Alto da Camila e a capela de Nossa Senhora da Conceição,
padroeira de Portugal*.
A capela recebeu obras de obras de ampliação, tendo a cerimónia de inauguração sido presidida pelo bispo auxiliar de Lisboa, Dom António Vitalino Canas, em 11 de
Setembro de 1997.
O nome Camila parece dever-se a uma senhora que viveu no
século XVIII**.
Vindo da Azenha Velha, já não pudemos deixar o carro no
terreiro que separa a estrada da capela, repleto de automóveis estacionados.
Ficou um pouco à frente, perto da casa vizinha do moinho mandado construir por
F V E, no ano de 1824.
A missa já tinha começado, mas ainda se prolongou bastante.
O sacerdote deteve-se a explicar a importância de Maria na história da
salvação, na sua relação com as pessoas. A nave estava cheia até à porta e
alguns degraus. Cá fora, muita gente, que se ocupava a falar, visivelmente
contente por estar junta, neste sítio e neste dia. Quem estava à porta da
capela não conseguia ouvir bem o
que ia sendo dito pelo oficiante da cerimónia. Os convivas do
exterior mais próximos não se davam conta de que o seu descontraído
diálogo não era interrompido por nenhuma cortina invisível.
Na Camila, via-se uma senhora da Comissão de Festas em
honra de N. S.ª de Nazaré, com presença na procissão de 20 de Setembro próximo
passado, e escuteiros.
Terminada a missa, seguiu-se a procissão. Primeiro, passou
a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, sem a sua berlinda, levada no andor.
Passa, depois, a imagem de Nossa Senhora da Conceição. A primeira imagem fica à
guarda da freguesia de S. Pedro da Cadeira até ser entregue à freguesia da
Ericeira, em 2016. Vamos todos, muito povo, por estrada de campo alcatroada,
perfilada de canaviais, em passeio campestre. É grande o contacto com a
natureza. O homem precisa de a ter perto de si, de estar rodeado por ela, estar
no seu seio. Umas centenas de metros à frente, Carvalhais. Percorremos o lugar,
vemos admirativamente as suas casas, os quintais. Bons quintais e casas,
algumas de forte estrutura, talvez demasiado quadrangulares e coloridas. É um
certo gosto e bem-estar moderno a fazer-se ver. O tom geral é o da aldeia
clássica, que vai sobrevivendo na sua alvura.
A procissão regressa e vai tomar a estrada que da Azenha
Velha continua até Cambelas. Umas dezenas de metros e entramos no largo recinto, passamos pelas viaturas
que dos dois lados nos aguardam como um rebanho; agora, o poço, hoje enfeitado
com uma pomba, o Cadé perto do poço, pronto a vender castanhas quentes...
A cabeça da procissão volta a entrar na grande boca ou
ventre de onde saiu.
Cá fora, compra-se cavacas e outros bolos.
Deixo o ambiente de festa e regresso a Torres, por
Cambelas.
______________________
* D. João IV, estando reunidas as cortes (clero, nobreza e
povo), proclamou a Virgem padroeira de Portugal, por provisão de 25 de Março de
1646.
** O topónimo Casais da Camila/Alto da Camila «deve
ter origem em D. Camila da
Silva Negreiros, mulher de Estêvão de Zagallo Andrada, que foram
proprietários na primeira metade do séc. XVIII de uma quinta próxima a este
local», como diz Rui Manuel Mesquita Mendes no seu blogue.
*
Google earth, foto
de 20-07-2012
Este depósito de água fica perto da casa vizinha do moinho,
a uns cem metros, do outro lado da estrada, visível de longe, como uma bandeira
(13-10- 2015)
(13-10-2015)
O moinho. Espaço muito bem cuidado, com
espaço edificado discreto, habitacional ou de apoio. Ao fundo, consegue
divisar-se uma habitação, que confonta com a estrada para Cambelas e Azenha
Velha, de apreciáveis qualidade e dimensões. Os dois lotes estão separados por
passagem de dois ou três metros.
(13-10-2015)
Ao fundo, a capela da Camila
13-10-2015)
Dúvida na interpretação da 1.ª e,
sobretudo, na 3.ª letra da primeira linha. São as iniciais do primeiro
dono do moinho.
FVE MANDOU FAZER ESTE MOINHO NO ANNO DE 1824
F V E
M A N D O
U F A Z E R
E S T E M O
I N H O N O
A N N O D E
I824
A seguir ao moinho, há um tracto
de terreno livre de construção. Por ali seguimos
até ao ajuntamento de pessoas
O caminho de que
falei
(13-10-2015)
Os homens do fogo no campo, defronte da capela.
Os foguetes vão atroar o ar. É dia de festa na Camila.
Na bandeira
lê-se: Capela da Camila e S. Pedro da Cadeira. À frente, em primeiro lugar, vai a imagem da Senhora de
Nazaré
(13-10-2015)
Da frente da capela, a procissão
segue para Carvalhais
(13-10-2015)
Vamos em frente até apanhar a estrada para Carvalhais,
virando à direita, atrás da muralha de canas.
Ida
Regresso
O tempo esteve bom.
Mais uma bela reportagem pela nossa terra com a nossa gente.
ResponderEliminarObrigado, Zé Luís.
Um abraço
EliminarJL