sexta-feira, 23 de abril de 2021

Porto Moniz

Sábado, 25 de Julho

Porto (do) Moniz                                                                                            5 de 19

Saímos do cabo Girão e espera-nos o Porto (do) Moniz, nome devido a um morador importante dos tempos da fundação das comunidades madeirenses. Este processo de nomeação é no fundo igual ao das povoações do interior e praias do continente, com ruas e travessas atribuídas recentemente ao Zé, ao Adelino ou ao Carlos. E à Maria... Gente que se destacou no dia-a-dia e ficou na memória dos seus contemporâneos.

Estamos, agora, na encosta norte. Um pequeno passeio de reconhecimento, olhando as piscinas naturais. Há mão do Homem na maneira controlada de represar as águas, renovadas na maré cheia. 

O nosso olhar demora-se na estrada que serve a montanha, de baixo a cima. Acena e convida a subir o que pudermos, de automóvel e pequenos percursos a pé. Limitámo-nos desta vez a admirar as formações de lava, lavradas por sol, vento e água, durante milhões de anos, com vagar... Imaginamos nas suas formas e concavidades bolhas de fervura fossilizada...


Ilhéu Mole







                                                   Goivo da rocha (Matthliola maderensis)



Mais um túnel, a ligar a São Vicente, bem distante na costa norte


quarta-feira, 21 de abril de 2021

Miradouro do cabo Girão

Sábado, 25 de Julho                                                                                    4 de 19

Tarde

Deixada Câmara de Lobos, aproximámo-nos do cabo Girão, ainda na encosta sul, a oeste do Funchal. Apoiada na arriba, quinhentos e oitenta metros acima do nível do mar, construída em 2012, uma plataforma de vidro está sobre o vazio, pode pisá-la quem não tiver vertigens… Olhamos a baía de Câmara de Lobos e o vaivém do parapente para cá e para lá, o oceano imenso a perder-se no horizonte. A sensação de grandeza do cabo Girão, o avermelhado da enorme parede do promontório parecem menos vivos que a imagem já nossa conhecida, obtida a partir do mar. Dessa perspectiva, há-de ser deslumbrante. E inteiro, cara a cara.

Aqui se improvisou rampa de lançamento de homem voador, na sua mota. No final do percurso de acesso é montado um estrado assente em vigas de madeira, pintura a vermelho, é o plano inclinado ascendente para o abismo. Lá vai acelerado o Ícaro moderno, ganha velocidade, aproxima-se da passadeira dos dias de pompa. Lá vai, lá vai…

Aproxima-se, lá vem, lá vem, passa por nós, lá vai…, um choque tenso ao subir, falta-lhe o ar, voa, sem terra debaixo dos pés, parece elevar-se, desprendendo-se… Voa a descer, em queda livre, em queda livre, abre o pára-quedas e vai pousar na bordadura de pedras que separa a fajã do mar. A mota precedeu-o, foi batendo na encosta.

— Coitada da mota — dirá o atleta em tom de festa passando junto dela onde jaz partida, e acredito na sua sinceridade.

Será uma puerilidade, mas penso que há alguma agressão à encosta, uma vez e outra repetida. O que se aprecia num monumento como o cabo Girão é o seu carácter de monumento, natureza na sua virgindade.

— Bagatelas — Pois[1]!...

***

Nos linques seguintes, pode obter-se mais informações sobre dois teleféricos, ambos do concelho de Câmara de Lobos, um de acesso às fajãs do cabo Girão e o outro nas suas proximidades.

http://www.concelhodecamaradelobos.com/dicionario/teleferico.html

https://www.madeira-web.com/pt/locais/camara-de-lobos/o-que-fazer/teleferico-do-rancho.html (teleférico do Rancho)

https://www.youtube.com/watch?v=PYPV5pHGBWE (teleférico do Rancho)

https://www.youtube.com/watch?v=4xEkK7kfuc0 (Fajã dos Padres)


[1] Não vimos o homem voador nem a sua mota, mas a situação é real. Pode pesquisar-se no YouTube –Salto Cabo Girão (publicação em 2006 e 2010, pelo menos).











Fajãs

Ao fundo, a baía de Câmara de Lobos vista do cabo Girão