terça-feira, 12 de agosto de 2025

Domingo à tarde no Convento do Varatojo

          Ontem, domingo à tarde, quis passar pelo convento do Varatojo. Subi pelo lado da EN n.º 9 e deixei o carro por ali, no recinto de festas, encontro da comunidade, acolhedor. Duas pessoas, um homem e uma mulher, com quem troquei algumas palavras, não tiravam ao local o completo ensimesmamento; o largo junto ao convento tem alma. Também ele, tal como eu, se sente e concentra, ouve, respira o universo, a natureza toda.
Alguma coisa disto devia sentir Tales de Mileto, o primeiro da lista dos filósofos pré-socráticos. Ficou-nos dele, entre outras, esta frase: «Tudo está cheio de deuses.»
Desço os degraus de acesso à igreja e aproximo-me do grande portão de gradeamento em ferro. Aí, o assombro, o deslumbramento, «o nada que é tudo» acontece. Mais dentro de nós e em comunhão com o todo não se pode estar e a praça que ficou um pouco acima é ainda superada. Mais que nessa ágora, o silêncio total! É como o silêncio de algumas igrejas, mas nunca o senti tanto. Digo para aquelas duas pessoas e concordaram:
-- É impossível descrever este silêncio! Não há palavras...