26 de Julho de 2020 9 de19
Foi muito o que ficou por ver da propriedade em que está o Museu. Só um vislumbre. Nem escapou uma terceira galeria com a exposição “Segredos da Mãe Natureza”, que «apresenta parte de uma colecção de minerais provenientes na sua maioria do Brasil, Portugal, África do Sul, Zâmbia, Peru, Argentina e América do Norte.» (Ver, abaixo, o primeiro linque)
I
Exposição «Paixão Africana»
Um dos pisos
Nesta galeria, é-nos apresentada a experiência da aventura de Tengenenge, lugar no território do actual Zimbabwe, distrito de Guruve. Um painel à entrada do espaço conta-nos como começou em 1966, nomeia alguns artistas da primeira geração (já vai na terceira) e o papel de Berardo na compra das peças... Os trabalhos estão dispostos por autores, com balcões indicando o nome do artista representado. Além desta maneira de expor, ao longo das paredes de vidro podem ser apreciadas peças escultóricas de maiores dimensões, de que destaque o conjunto de dois pares que lembram pela sugestão O Beijo, do austríaco Gustavo Klimt, pintura que pude apreciar em Viena.
Há dois nomes que não vêm mencionados neste breve resumo, mas que não posso deixar de mencionar, desde já, pela sua importância neste contexto da escultura em pedra e são eles Tim Blomefield, o iniciador, o mentor dos artistas em Tengenenge e Frank McEwen, director da primeiramente chamada Rhodes National Gallery, em Salisbúria, e, depois da independência, rebaptizada National Gallery of Rhodesia, em Harare. Diálogo contrastante, visões e papéis diferentes.
Informação de apoio
«Tengenenge
De Wikipedia, a enciclopédia livre
Tengenenge é uma comunidade de artistas e suas
famílias localizada no distrito Guruve do Zimbabwe. Conseguiu reconhecimento
internacional devido ao grande número de escultores que lá viveram e
trabalharam desde 1966. Estes incluíram Fanizani Akuda, Bernard Matemera,
Sylvester Mubayi, Henry Munyaradzi e Bernard Takawira.
Estabelecimento da comunidade de escultura
A Comunidade de Escultura Tengenenge foi
estabelecida por Tim Blomefield em 1966. Era dono do que fora uma quinta de
tabaco e mina de crómio, mas achou na altura que não era compensador, devido às
sanções contra o governo branco da Rodésia liderado por Ian Smith, que tinha
proclamado a Declaração Unilateral de Independência em 1965. Blomefield
escreveu que procurou uma fonte alternativa de receita para a sua força de
trabalho, que materializou quando o escultor Crispen Chakanyuka visitou a
quinta e notou que continha um afloramento de pedra serpentina rija (parte do
Grande Dique), de que Blomfield obteve os direitos de minerar para escultura.
Apropriadamente, Tengenenge significa «O Princípio do Princípio» no dialecto
local da língua xona As obras da «primeira geração» de escultores em Tengenenge
juntaram-se às que haviam sido criadas por outros que trabalharam na National
Gallery da Rodésia em Salisbúria, onde o então director Frank McEwen organizou
exposições, tanto nacional como internacionalmente. Isto criou um grupo de
artistas cuja produção foi procurada por coleccionadores e que fez os nomes de
muitos, incluindo Fanizani Akuda, Amali Maiola, Bernard Matemera, Leman Moses,
Sylvester Mubayi, Henry Munyaradzi e Bernard Takawira que passaram por
Tengenenge. McEwen e Blomefield divergiram na opinião sobre como o crescente
movimento de escultura local se deveria desenvolver. Blomefield encorajou
muitos artistas de alguns países, incluindo Angola, Malawi e Moçambique para se
juntarem à comunidade local, maioitariamente de etnia xona e não se preocupava
se tinham treino formal. McEwen tinha uma visão mais estreita e instalou
uma escola-oficina na National Gallery para treinar aqueles que preferia. As
tensões entre os dois cresceram até McEwen ser deportado da Rodésia pelo
governo minoritário branco em 1973, ironicamente por «ousar dar poder aos
pretos».
Desenvolvimentos posteriores
Em 1973, Bloomfield vendeu a sua quinta e
mudou-se para Harare, embora a comunidade de Tengenenge tenha
continuado a produzir esculturas. Por 1979 aquela região rural estava ocupada
pelos que lutavam pela independência na guerra de guerrilha e a maior parte dos
artistas partira. Em Dezembro de 1979 foi assinado o Lancaster House Agreement
permitindo ao país alcançar o reconhecimento internacional da independência em
1980. A comunidade de artistas formou-se de novo lentamente, especialmente
depois de Blomefield regressar em 1985, o que encorajou outros a fazer o mesmo.
Em 1989, melhorou a acessibilidade para os visitantes, com a abertura de uma
estrada alcatroada e nesse ano foram organizadas exposições internacionais do
trabalho dos escultores, inclusive uma na Europa: Beelden op de Berg em
Wageningen, Holanda. Em 1998, foi exibido um vídeo que levou um crítico a
comentar que
«A característica mais forte de Tengenenge
é a honestidade com que enfrenta a questão controversa da qualidade do trabalho
feito no lugar. Este ponto de discórdia não está de modo nenhum limitado àquela
comunidade, mas é particularmente sério, devido ao grande número de pessoas que
ali trabalha.»
À volta de 2000, tinham vivido em
Tengenenge até 300 artistas em períodos diversos, mas alguns visitantes foram
críticos das condições sanitárias e falta de educação para os filhos dos
trabalhadores. Outros, incluindo Célia Winter-Irving, que passou vários meses a
viver em Tengenenge e escreveu bastante sobre a escultura e os artistas, foi
muito mais apoiante, acreditando que
«Como mentor [Blomefield] tinha pouco
sentido do paternalismo de supremacia branca.... nem impôs a sua concepção de
vida europeia e os seus valores aos artistas.»
Blomefield continuou no
seu papel de director de Tengenenge até 2007, quando lhe sucedeu Dominic
Benhura, também ele um escultor muito conhecido. Em 2011, foi formada uma
equipa directiva de cinco artistas. Entre os artistas que trabalharam em
Tengenenge contam-se Square Chikwanda, Sanwell Chirume, edward Chiwawa,
Barankinya Gosta, Makina Kameya e Jonathan Mhondorohuma.
[...]
(Traduzido da
en.wikipedia, Tengenenge, em 17-07-2021)
*
[Na era pré-colonial; a acção de Frank McEwen na National
Gallery... ...]
The budding art movement was relatively slow to develop but was given
massive impetus in 1966 by Tom Blomefield, a white South-African-born farmer
of tobacco whose farm at Tengenenge near Guruve had extensive deposits of serpentine
stone suitable for carving. A sculptor in stone himself, Blomefield wanted to
diversify the use of his land and welcomed new sculptors onto it to form a
community of working artists.
(De https://en.wikipedia.org/wiki/Sculpture_of_Zimbabwe)
O movimento de arte em botão foi relativamente lento a desenvolver-se, mas
foi-lhe dado um impulso massivo em 1966 por Tom Blomefield, um branco, cultivador de
tabaco, nascido na África do Sul, cuja quinta em Tengenenge perto
de Guruve tinha extensos depósitos de pedra serpentina, boa para esculpir. Ele
próprio escultor em pedra, Blomefield quis diversificar o uso da sua terra e
acolheu-os com prazer ali, para formar a comunidade de artistas
trabalhadores.
(Traduzido da en.wikipedia, Sculpture of Zimbabwe, em 17-07-2021)»
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