segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Convento Velho de Penafirme

     Neste passeio de domingo, se for preciso um título e uma figura central, será Convento Velho de Penafirme ou Nas Ruínas do Convento Velho de Penafirme, mas tudo o resto conta e em qualquer coisa está o mundo todo. Como é graciosa a Fonte Grada, a sua igreja alvíssima, de barras azuis, com um rosto perfeitamente impoluto, apetece dizer imaculado. À beira, dois cafés, de boa apresentação exterior, um deles, de intervenção artística ligeira, leve, agradável -- e colorida, o azul, claro.  Como alentejano, sinto-me em casa.

     Dois registos de azulejos fotografei, dedicados a N.ª Senhora da Nazaré e a Santo António, que não é aqui reproduzido, mas se pode ver na casa amarela, da 2.ª imagem, à esquerda. Estes registos das nossas terras, de carácter sagrado ou profano, de iniciativa privada ou pública, são um contributo identitário forte, em que as pessoas, as comunidades locais e nacional se dão a conhecer. 

     Nas Palhagueiras, o monumento aos serradores, que, antes da electrificação das aldeias e vilas por esse Portugal fora, eram quem «desfazia» os pinhais, cortando a árvore na base, a machado, podando ramos e dividindo o tronco em toros, com um serrote puxado por dois homens, e depois, com o toro em cima da burra, faziam as diversas peças que iriam parar aos bancos dos carpinteiros e a madeiramentos de telhados: forro, solho, moldura, ripa, barrote, viga...

     Continuamos. Dois ou três moinhos, vinha, parcelas de terreno com flores amarelas, gerando espontaneamente um tapete na natureza. Quis parar, mas não me atrevi a incomodar a chefe de viatura.

     E eis-nos chegados às ruínas do convento. Ainda conservam vida, não a que já não têm, mas a que o conjunto subsistente nos faz chegar pelo que vemos e sonhamos, pela memória e a guarida oferecida a quem o visita. Neste dia estava habitado. E, andando eu a reconhecer as imediações, de que destaco uma grande exploração agrícola em estufa, da estrada para Porto Novo até à Póvoa (de Penafirme), dunas deliciosas para os rapazes das motas -- passaram lá alguns -- e a vegetação característica..., avanço em direcção ao monumento e preparo-me para tomar uma vista. Tive de fazer sinal com o braço e numa espécie de grito, pedi para se desviarem para poder fotografar. Havia dois habitadores!

     Há uma cerca de rede metálica, com entrada franca do lado da estrada, como pude descobrir. Os habitadores, quais guardião ou superior e a respectiva acompanhante, eram dois jovens, facilmente reconhecíveis como pessoas com interesses culturais e de agradável presença. Ela desenhava as «pedras», certamente um estudo, no seu caminho universitário; as «pedras que falam», furtando o título a um livro de Campos Júnior. Breves palavras trocámos, cordiais, e delas guardo saudade, saudade já destes amigos que não conhecerão estas linhas.

     Na Praia Azul. Possivelmente, a Praia Azul é a minha preferida. Nem perante mim o quero reconhecer, porque as outras também são muito boas; muitas pessoas as acharão melhores. Nesta praia, olhámos o mar. Estava enérgico, mas não estava mau. O mar é sempre um bálsamo.
     

 Fonte Grada


 Dom Fuas Roupinho e N.ª S.ª da Nazaré

 Rotunda das Palhagueiras. Os serradores

 A flor amarela (trevo)


 Ruínas do convento















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A modesta cruz, aqui colocada por alguém com fé,
atesta que o convento conserva vida.



 Mar e  céu  na Praia Azul





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