sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Para Elisa (Für Elise)

     No dia 30 de Janeiro, em «Música para Nadir», deu-se também a quem por aqui passar (além de a Nadir) a possibilidade de ver a pintura «Equação a Cinco (?) Incógnitas», enquanto se ouve, em ambiente de total concentração, de preferência com a luz apagada, a célebre melodia de Beethoven.
     Nunca pensei na questão que vou pôr, até hoje, ao ler um livrinho sobre o imortal compositor. 
      Mas, quem é Elisa?
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     Elise von der Recke, grande senhora alemã, amiga das letras e das artes, depois de separada, embora não judicialmente, do marido, o visconde Magnus von der Recke, teve, primeiro como leitor ou secretário, // depois como companheiro na vida, o poeta Tiedge a que atrás foi feita referência. Houve uma fase da sua existência, na cidade de Mitau, na Letónia, em que se deixou impressionar pelas artes mágicas do intrigante José Bálsamo, conhecido pelo falso título de conde de Cagliostro. Foi escritora de mérito e amiga das escritoras Raquel Levin e Bettina Brentano. Elas três, Tiedge e Varnhagen von Ense encontraram-se com Beethoven e Goethe em Teplitz. Em carta datada do «mês do vinho» em Viena, dia 11, no ano de 1811, Beethoven escreve a Elise von der Recke: «Li os seus versos e encontrei neles o retrato do seu sentimento e do seu ser intelectual. Brevemente receberá um desses poemas, providos dos meus impotentes sons». Esta promessa nunca chegou a realizar-se.
     Tem sido mais de uma vez considerada a dedicatória da célebre peça para piano intitulada «Para Elisa», como uma oferta de Beethoven à aristocrática mulher de letras. Está averiguada a inexactidão desta hipótese. Mais provável é ter sido dedicada a Teresa Malfatti e «Elise» ter sido cópia errada de «Therese», o que não é impossível com a letra e a negligência ortográfica de Beethoven. As maiores probabilidades são porém a favor da cantora Elise Keyser, em solteira Elise del Rio, da família do professor Giannastasio del Rio, dono do colégio onde estivera o sobrinho de Beethoven. A peça chegou até nós através de cópias, nunca tendo sido encontrado o manuscrito original com o célebre título-dedicatória. Sabe-se porém que «Para Elisa» é com certeza de Beethoven, porque, por ocasião do falecimento do Mestre, foram encontrados os esboços para esta peça, escritos com  a letra dele, esboços que estão arquivados no «Museu Beethoven» de Bonn.
     A PERSONALIDADE DE BEETHOVEN / (Ensaios beethovenianos), por Luís de Freitas Branco, Lisboa, Edições Cosmos, Biblioteca Cosmos, 1947, páginas 22 e 23.

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