domingo, 10 de abril de 2016

Moinho do Duque

9 de Abril
Penedo, Runa


No Dia Nacional dos Moinhos — 7 de Abril — e no fim-de-semana, dias 9 e 10, visitei o Moinho do Duque, situado a norte da aldeia de Penedo e sobranceiro a Runa, constituindo um excelente miradouro, bem perto do CASRUNA - Centro de Apoio Social de Runa, herdeiro do HOSPITAL REAL DE INVÁLIDOS MILITARES DE RUNA, inaugurado em 25 de Julho de 1827.
A recepção aos visitantes, feita pelo proprietário e elementos da sua família foi muito boa. O moinho era uma ruína, quando o Sr. Vale Paulos deitou mãos à obra, recorrendo a mestres (havia antigamente engenheiros de moinhos). Não me alargo neste ponto, ficando só satisfeito por saber que ainda há quem saiba fazer moinhos.
Quando estiverem concluídos os trabalhos de acabamento em zona inferior à praça do moinho, disporemos de uma área social com cozinha, forno, lareira e de exposição sobre o moinho e o ciclo do pão. Teremos na prática o essencial do que se chama um centro de interpretação.
Para já, foi oferecido um caderninho, ilustrado, sintético e preciso. Pelos subtítulos se faz uma ideia: O Moinho do Duque; Quinta de Alcobaça; D. Maria Francisca Benedita; Hospital Real de Inválidos Militares de Runa — CASRUNA; Linhas de Torres Vedras; As Invasões Francesas passaram por aqui; Combates na Vila de Sobral do Monte Agraço; Combate de Runa; Combate de Dois Portos (Ribaldeira/Caixaria); Inauguração do Hospital Real de Inválidos Militares de Runa — CASRUNA; Inscrições do Moinho do Duque; Localização do Moinho do Duque; Aldeia histórica de Penedo — Aldeia arqueológica [Castro de Penedo; Penedo-Villa Romana].
Muito bom.
Hoje, domingo, 10 de Abril, foi dia de festa em Penedo. Houve missa na capela, que é nova, procissão... Ouvia-se discretamente os sinos, ao mesmo tempo que as velas no giro deixavam o rasto suave do seu som. [Texto que acompanha a mensagem publicada no YouTube; o vídeo, mais abaixo.]
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O caminho para lá
Desde que chegamos à garganta entre as duas serras — a da grande pedreira, do lado da Espera e a da mais pequena pedreira, do outro lado (esta, desactivada, restando ainda no sopé dois fornos de cal, que se iam alimentando do calcário da serra) —, começamos a ver o Moinho do Duque. Logo a seguir, a bifurcação; à esquerda, o lugar da Espera (Vila Nova da Espera), a caminho de Alenquer, continuando na Estrada Nacional n.º 9; a via da direita leva-nos a Runa, na estrada nacional n.º 248.
Entrando em Runa, vindo de Torres Vedras, depois do largo onde está a igreja, a junta de freguesia, o café e o restaurante Roque, vire à esquerda e há-de encontrar o caminho para as pontes, primeiro a do rio e depois a do caminho-de-ferro. Entre as duas, uns 200 metros. É o caminho para o Penedo, que atravessámos e descemos, passando ao lado de uma habitação com capela e subindo até ao Caminho dos Moleiros. À mão esquerda somos levados ao reconstruído Moinho do Duque, na serra da Carrasqueira; reconstruído, porque após um incêndio, ficou só com as paredes, em completa ruína. À mão direita, seríamos levados ao Moinho da Mascote, em estado de ruína, ainda com capelo.
No regresso, descendo até à base da encosta do Penedo, tomámos o caminho da direita, passando por trás do Centro de Apoio Social de Runa – CASRUNA e vindo a alcançar a E N n.º 9, à Espera. Nos dias seguintes, voltámos a Runa e Penedo.
As fotos darão uma ideia do percurso e apresentar-nos-ão com algum pormenor o que desta vez mais importa, o Moinho do Duque.
Curiosidades
Moinho do Duque — O nome é uma homenagem a Artur Wellesley, grande chefe militar na luta contra os franceses em solo português. O título de duque de Wellington foi criado em 11 de Maio de 1814. O senhor João Lázaro Miranda (o moinho foi inscrito em seu nome em 14 de Maio de 1900) usava um chapéu ou carapuça adaptado, com dois bicos, um à frente e outro atrás, à maneira do general inglês. Daí, a alcunha «Duque» e o nome por que passou a ser conhecido o moinho. 
A espessura da parede do moinho - 1,5 m. 
A grande roda deitada na base do capelo — Fez-me recordar as das carroças que os carpinteiros de carros levavam em Montargil para o largo em frente dos ferreiros, pois a cinta de ferro que a envolve é de semelhante aplicação. O aro de ferro era aquecido ao rubro pelo ferreiro e, dilatado, colocava-se-lhe a roda de madeira dentro. Concluído este trabalho de perícia e força, deitava-se água sobre o aro, para arrefecer e contrair, gerando um aperto inabalável. A grande roda assentava numas rodinhas de madeira, que tinham de ser mudadas de dois em dois anos, por se irem deteriorando com a humidade; agora, são de plástico. Giram na calha chamada frechal.
O cabresto — Corda, cuja extremidade enrola no «pescoço» da pedra de amarração, imobilizando o giro das velas. A palavra também designa o arreio que se coloca na cabeça de alguns animais, por exemplo, o cavalo, para o segurar e dirigir. É termo, também, de marinharia.
O mastro Eixo do moinho.
O capelo — É a cúpula, cabeça do moinho. É feito rodar pelo cabrestante.
O cabrestante Dispositivo que faz rodar o capelo, para que as velas procurem o vento mais favorável.
 A praça do moinho É o espaço circular delimitado pelas pedras de amarração das varas.
O catavento Ao contrário do que se chama a alguns humanos, também apelidados de bandeirinhas de Santo António, pela flutuação, pela falta de firmeza nas suas opiniões, os cataventos são importantes e deles se fiam os moleiros, naturalmente, pois indicam a direcção do vento, força motriz que faz mover toda a engrenagem. É preciso saber aproveitar a sua força. A admiração que tenho pelo catavento leva-me a dar-lhe, aqui, o lugar de pedra de fecho.
         (Informação complementar, no final.)
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Foto tirada da zona da estação do caminho-de-ferro


Penedo, ao alto, visto do futuro parque verde de Runa




Ponte sobre o rio Sisandro





Ponte sobre a via férrea

Do outro lado, os edifícios da Quinta da Granja, ao fundo


A última casa, antes da povoação fica, aqui, à esquerda. É a Casa do Caminho Velho

Vista parcial de Runa, sobressaindo o futuro parque verde
[Foto obtida na zona junto ao Largo do Poço Loureiro.]

Largo do Poço Loureiro
Pequeno parque infantil, à entrada do Penedo

 Rua Quinta do Penedo, a seguir ao Largo do Poço Loureiro

Olhando para trás

A mesma rua


 Fim da Rua Quinta do Penedo

Penedo fica para trás

Ao fundo, o caminho para o Moinho do Duque continua, passando pela frente da capela, em direcção ao Caminho dos Moleiros
[Foto tirada do terreiro da capela de Nossa Senhora da Penha de França, no Penedo.]

Pela estrada da direita se vai ao Moinho do Duque




Vista que se tem do alto do Moinho do Duque
A aldeia em frente é Nossa Senhora da Glória

Do mesmo lugar, para os lados de Runa

Em primeiro plano, o CASRUNA   Centro de Apoio Social de Runa 















Farinha do moinho, oferecida aos visitantes


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Dois dos vários painéis da exposição



A grande «roda deitada»
[Recorte de uma das fotos do painel anterior]

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O Caminho dos Moleiros

Para um lado e o outro desta placa segue o caminho de dois moinhos, em direcções opostas

Este é a direcção do Moinho do Duque

Já se avista, já emerge o Moinho do Duque

Do sítio do outro moinho, começa a divisar-se o capelo do Moinho do Duque

O Moinho da Mascote

Idem

Penedo, visto do Moinho da Mascote



O regresso pelo caminho alternativo, sem precisar de passar pelo Penedo


665
É o número que se lê na pequena pedra quadrada sobre a padieira da porta, devendo entender-se 1665







Moinho que serviu para bombear água por conduta subterrânea (manilhas?) até Penedo. 


À esquerda, a estrada que leva à E N n.º 9, ladeando o CASRUNA

 O CASRUNA fica para trás

Depois deste pontão sobre um afluente do Sisandro, a EN nº. 9  está à nossa «espera», junto ao lugar com o mesmo nome.

Panorâmicas, do alto do Moinho do Duque

À esquerda, a aldeia de Nossa Senhora da Glória; à direita, Zibreira

Vista para o lado de Runa

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Runa, Penedo e o Caminho dos Moleiros
[Google earth, imagem de 25-08-2015, com a devida vénia.]
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Mais alguns elementos se pode encontrar sobre o → Moinho do Duque, no facebook, onde também se colhe a geolocalização.
Neste endereço, ainda sobre o concelho de Torres Vedras, clique em BROCHURA MOINHOS ABERTOS 2016. Nas páginas 163 a 167 do documento são apresentados o Moinho do Catefica, o Moinho dos Caixeiros, o Moinho da Bordinheira, o Moinho do Gaio e a Azenha de Santa Cruz.
Moinhos de Vento do Oeste Português - UNESCO — A ideia de Candidatura a Património Mundial da Humanidade está em marcha.
Abecedário dos moinhos – Bastante interessante a comparação que se faz entre os moinhos e o seu velame e os veleiros. Pensámos nas caravelas e naus e da ligação a dois mundos, o do moleiro e o do navegante, trocando impressões com o proprietário do Moinho do Duque, senhor Vale Paulos. Estivemos de acordo e no texto aqui apresentado, «A arte de marinheiro e o ofício dos moleiros dos moinhos de vento», que precede o «dicionário comparado», vem confirmada e posta em realce a nossa percepção.
            [Editado em 23-04-2016. Foram acrescentadas algumas fotografias.]

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