O Sr. Jorge Nunes é o livreiro-alfarrabista de quem sou mais assíduo e,
por isso, aqui tem o primeiro lugar. Entretanto, não é bom ignorar
alfarrabistas de fora de Lisboa, para uma obra de que ocasionalmente
precisemos, para nos ilustrar ou simplesmente pelo gosto de ler. Jorge Nunes, homem
ainda novo, para alguma surpresa minha, quando o visitei pela primeira vez na
livraria. Contactávamos por correio electrónico, uma ou outra vez pelo
telefone. Uma pessoa de 60 anos pode chegar até nós ao telefone com uma voz
jovem e assim a imaginamos. Não sei que filtro fez o telefone, no caso de Jorge
Nunes. Talvez interponhamos uma prevenção, sem dar por isso. Ouvimos o que
queremos ouvir!? É que imaginei Jorge Nunes uma pessoa de idade, «carregando»
uma herança cultural que de algum modo o prende na fidelidade e lembrança dela…
À entrada da Travessa de São Domingos de Benfica perguntei a uma senhora de um
«lugar» ou pequena loja onde era o estabelecimento que procurava. Logo a
senhora me informou: o Jorge? Gostei da familiaridade.
O Jorge. É como hoje lhe chamo. Homem que faz o seu trabalho com alegria
e competência, é leve no desempenho da lide, português de gema no
aspecto físico, um de nós — que somos variados no aspecto, diga-se. Um de nós, na aparência que recebemos pelos olhos, na aura, na envoltura de gestos, olhar, fala, alma que se sente. Tudo o que, somado, constitui uma presença. A culpa de
alguma imagem que suspeitei nele deve vir do seu nome, com um apelido
estrangeiro, prévio ao Nunes, que é portuguesíssimo da silva. Essa palavra
estrangeira pode traduzir-se por «fogo ruivo», alterando uma vogal, de «e» para
«a», como acontece na oralidade portuguesa.
Vejam bem. O conteúdo da palavra afasta da imagem que suspeito ter
criado, ou melhor, de que suspeito ter criado uma suspeita. Há tantas palavras
estrangeiras que nos soam elegantes e distintas e são na sua origem «tão
concretas e definidas como» oliveira, figueira, de que se socorreu Hervé para
criar a personagem Oliveira da Figueira, dos livros de Tin Tin. Não compreendi
o nome, olhei só para a pele ou indumentária.
O Jorge manda quase todos os meses o catálogo on-line dos livros do mês.
E, também quase sempre vou adquirindo um, dois ou três. Às vezes, passo.
*
Algumas livrarias vão fechando. Depois, reabrem com nova gerência. É o
caso da Sá da Costa, na Rua Garrett, que felizmente abriu as portas, com gente
da Livraria Castro e Silva. Já lá estive depois da reabertura. E é o caso,
também, da sucessora da Lácio, que aguarda a satisfação da minha curiosidade.
Outras, não voltam a abrir, como suponho é o caso de uma que fechou no
Largo da Misericórdia e da Barateira, na Rua Nova da Trindade, 16-C, muitas
vezes por mim visitada ao longo dos anos. As da Calçada do Combro (termo
genérico para a zona), só muito mais tarde as descobri.
De várias, temos aqui imagens. Outras podiam figurar. Em termos de
beleza da sala, apresentação, montras lindíssimas, a todas leva a palma a
Galileu, de Cascais. Évora está omissa. Há-de aparecer.
Loja Nunes
Rua de S. Domingos, 5-A
«A Livraria Nunes nasceu em 1970. Augusto Faustino Nunes foi o seu primeiro alfarrabista, homem generoso e conhecedor de livros antigos. Após falecimento de Augusto Nunes, em 9 de Janeiro de 2005, seu filho, Jorge Nunes, decidiu continuar a carreira do pai.» (Daqui.)
Barateira
Livraria Castro e Silva
Rua do Loreto, Lisboa
Letra Livre
Na Calçada do Combro, n.º 139; livraria de primeira água
Avelar Machado
Na Rua do Poço dos Negros, 19-21; encerrou as suas portas no passado dia 4 de Abril.
Em Ponte do Sor, fotos tiradas em 11 de Agosto de 2008, perto das quatro da tarde.
A loja do A. B. CARVALHO (dizia-se A B CARVALHO, vou ao A B CARVALHO) era a
melhor de Ponte do Sor, com tecidos, roupa, louça e outros variados artigos.
Ainda lhe comprei alguns livros. O Sr. mudou-se entretanto para Benavente e um dia encontrei as portas do estabelecimento fechadas, com estas telas de papel vestidas das palavras de poetas. Condizem com o que senti na pessoa do senhor, São a sua despedida.
Continuo a receber catálogos em linha.
A loja do A. B. CARVALHO (dizia-se A B CARVALHO, vou ao A B CARVALHO) era a
melhor de Ponte do Sor, com tecidos, roupa, louça e outros variados artigos.
Ainda lhe comprei alguns livros. O Sr. mudou-se entretanto para Benavente e um dia encontrei as portas do estabelecimento fechadas, com estas telas de papel vestidas das palavras de poetas. Condizem com o que senti na pessoa do senhor, São a sua despedida.
Continuo a receber catálogos em linha.
Rua de Olivença, na ligação à Rua Vaz Monteiro
Rua Vaz Monteiro
Em frente, o edifício da Câmara Municipal, posteriormente, da Biblioteca Municipal, que também já mudou de instalações.
Rua Vaz Monteiro. Em frente, a ponte sobre o rio Sor
A casa A. B. Carvalho, vista de janela da Biblioteca Municipal, quando ainda aqui se encontrava instalada. (Fotos de 11-08-2008.)
*
Livraria Antiquária de Calhariz
02-10-2013
Largo do Calhariz, 14
Livraria Galileu, Cascais
Dia 18-12-2013
Dia 05-02-2014
Ver, também:
Livrarias condenadas, nós, condenados? http://aterraeagente.blogspot.com/2013/05/livrarias-condenadas-nos-condenados.html
Óbidos, vila literária, http://aterraeagente.blogspot.com/2013/08/obidos-vila-literaria.html
Sá da Costa e Bertrand, http://aterraeagente.blogspot.com/2013/09/livrarias-sa-da-costa-e-bertrand.html
Uma poesia do Sr. André, http://aterraeagente.blogspot.com/2015/01/uma-poesia-do-sr-andre.html
Folio, Festival Literário Internacional de Óbidos, http://aterraeagente.blogspot.com/2015/10/folio-festival-literario-internacional.html
Livraria Bulhosa, http://aterraeagente.blogspot.com/2016/04/livrarias-bulhosa.html
O Sr. André e a Livraria Avelar Machado, http://aterraeagente.blogspot.com/2016/04/alfarrabistas-e-livreiros-em-geral.html
O Sr. André e a Livraria Avelar Machado, http://aterraeagente.blogspot.com/2016/04/alfarrabistas-e-livreiros-em-geral.html
Sem comentários:
Enviar um comentário