Exposição inaugurada a 29 de Junho – encerra a 31 de Agosto
A linguagem das coisas, vamo-la descobrindo. Há dias em que se nos
manifestam, interpelam. O passado, aparentemente morto, volta a viver, dialoga
connosco, na grandeza e beleza criada por quem o habitou; nas fantasias e
também nos empreendimentos de utilidade pública… Em pequenas circunstâncias e
aspectos…
A «viagem ao invisível» é um prazer de que ninguém está excluído.
Podemos entender, assim, as palavras iniciais de Aristóteles na Metafísica:
«Todos os homens têm naturalmente o desejo de saber[1].» O invisível torna-se visível pela
atenção, desejo. A viagem ao invisível acontece e faz-se acontecer.
Ia andando na Estrada das Laranjeiras, e de repente vi o que nunca
tinha visto antes nas poucas vezes que ali passei (de carro). Aquele edifício
de fachada clássica, lembrando Grécia e Roma. Entrei no pátio... Uma inscrição
latina no friso... A entrada está fechada. Saio e sigo o caminho que trazia,
logo se vê na parte de trás deste edifício um acesso. Entro.
A VIAGEM AO INVISÍVEL é a segunda fase de um projecto que traz até
nós explorações, obras, acompanhadas de fotografias, textos, mapas, plantas...
O próprio THALIA (ou Teatro das Laranjeiras), que alberga a exposição, faz parte
dos «objectos» expostos. Dei mais relevo ou houve mais curiosidade (além do
THALIA e o conde do Farrobo), pelo que tocou na minha geografia de vida pessoal
— Évora, Vila Viçosa: a Cartuxa e as Pedreiras de Pardais.
O catálogo será publicado no final deste ano.
Encante-se, explorando as imagens, textos
e a informação a que damos acesso.
(Exposição visitada em 28 e 29 de Agosto)
[1] πάντες ἄνθρωποι τοῦ εἰδέναι ὀρέγονται φύσει. (Pántes ánthropoi tu eidénai orégontai phýsei) Todos os homens procuram por
natureza saber. «Todos los hombres tienen naturalmente el deseo de saber.
(Tradução de Francisco Larroyo, Aristóteles, METAFÍSICA, 8.ª edição,
Editorial PORRUA, México, 1980.)
TOQUE CODIFICADO DE
UM MOMENTO
Spela Hudnik, 2017
A experiência de
viajar
numa linguagem
percebida apenas como
a melodia do som
revela a
complexidade de sentir o espaço e a sua
Temporalidade.
Extravagância.
Perfeição.
Manipulação e
Transformação
Tudo, dentro de um
campo de intimidade silente.
Numa paisagem de
infinitos espaços invisíveis,
vamos caminhando
em sossego e
tenteando tocamos
as distintas camadas de vida.
Alisando camadas
de tempo
com a ponta dos
dedos,
tornando-nos
cônscios
da natureza
efémera do momento.
As entidades
variáveis de tempo e espaço
enevoam os limites
entre o que é
visível/invisível,
mental/físico,
constante/transitório.
A manifestação da
impressão de cada superfície
(por pouco
importante que seja)
fala na sua
própria língua, intensidade, ênfase, tom.
Viajamos numa
paisagem de
Momentos de Toque
Codificado.
Logo à entrada esta mesa, mapa da exposição. 1. À esquerda de todos, lindo texto de Spela Hudnik, artista/investigadora convidada; poderia levar por título Viagem ao Invisível; chamou-lhe Encoded Touch of a Moment. 2. Cada um dos outros catorze mosaicos identifica um espaço; na face, pequenas saliências configuram algo parecido com escrita braille. O catálogo, a sair para o final do ano esclarecerá, porventura. 3. Dois livrinhos, apressadamente folheados, de Ricardo Castro e Álvaro Domingues, artistas/investigadores convidados
08 8.ª Bataria do Regimento de Artilharia de Costa na Arrábida (1940)
Além do THALIA, outra vez vivo, tornado
visível, ponto de partida para tantas evocações, estão representados catorze
espaços: Casa Lino Gaspar; Casa da Quinta da Comenda; Bairro dos Arquitectos;
Estaleiro da Lisnave, Margueira; Centro Comercial da Mouraria; Pavilhões do
Hospital Termal; Hotel das Arribas; Pedreiras de Pardais; Minas de São
Domingos; Aldeia da Luz; Mosteiro da Cartuxa; 8.ª Bataria do Regimento de
Artilharia de Costa; Panorâmico de Monsanto; Panóptico do Hospital Miguel
Bombarda
THALIA
CASA LINO GASPAR
CASA DA QUINTA DA COMENDA
BAIRRO DOS ARQUITECTOS
ESTALEIROS DA LISNAVE, MARGUEIRA
À direita, maquete do projecto «A Elipse», de Manuel Graça Dias, para os estaleiros da Margueira. Ficou conhecido como a «Manhattan de Cacilhas»
Completando o quadro, diga-se, há um projecto, «
A Cidade da Água», à espera de avançar para os 53 hectares da Margueira. Pode deslumbrar, mas exige-se sageza em zona tão delicada.
CENTRO COMERCIAL DA MOURARIA
Páginas 26 e 27 de número da revista arquitectura
PAVILHÕES DO HOSPITAL TERMAL
HOTEL DAS ARRIBAS
PEDREIRAS DE PARDAIS
1.
Fotografias de Época das Pedreiras do Anticlinal, arquivo: CECHAP
2.
Planta da Zona da Vigária. Levantamento Aerofotogramétrico, 2001, arquivo:
CECHAP
3.
Carta da Situação das Pedreiras da Luso-Belga na Herdade da Vigária, 1997,
arquivo: CECHAP
4.
Cortes Geológicos da Pedreira da Vigária 2 / Núcleo 2, Luso-Belga, 1999,
arquivo: CECHAP
5.
Planta da Pedreira a Norte de Pardais, Levantamento Aerofotogramétrico, 1999,
arquivo: CECHAP
6.
Cartografia Temática do Anticlinal, Zona dos Mármores, 2008, arquivo: CECHAP
7.
Daniel Alves (coord.), Mármore, Património para o Alentejo: Contributos para a
sua História (1850-1986). Vila Viçosa: CECHAP, 2015
8.
Fotografias do Concurso sobre as Pedreiras de Vila Viçosa (Maria Aurélio,
Carlos Aurélio), 2012, arquivo: CECHAP
9.
Edward Burtynsky, Quarries. Göttingen: Steidl, 2007
MINAS DE SÃO DOMINGOS
ALDEIA DA LUZ
MOSTEIRO DA CARTUXA
A fotografia anterior, rodada, para permitir a leitura mais de frente
1. Giovanni Casale, Planta Geral, 1590 (reprodução), arquivo: Biblioteca Nacional de España
2. Giovanni Casale, Corte Longitudinal, 1590 (reprodução), arquivo: Biblioteca Nacional de España
3. Giovanni Casale, Plantas das Celas, 1590 (reprodução), arquivo: : Biblioteca Nacional de España
4. Processos de Extinção das Ordens Religiosas Masculinas em Portugal, Convento da Cartuxa, 1834, arquivo: Torre do Tombo
5. Planta Geral do Território do Convento da Cartuxa, 1879, arquivo: Fundação Eugénio de Almeida
6. DGEMN-Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Planta, 1996, arquivo: SIPA
7. Alçado Principal, s. d., arquivo: SIPA
8. Planta e Corte das Celas, s. d., arquivo: SIPA
9. Dossier de Fotografias das Obras Antes (1948) / Depois (1951), arquivo: Fundação Eugénio de Almeida
10. Fotografia Aérea, s. d. (reprodução), arquivo: SIPA
11. Carlos Tojo, Fotografias da Vida no Convento da Cartuxa, s. d. (reprodução, arquivo: SIPA
12. Paulo Catrica, Fotografias do Convento da Cartuxa, 2000 (reprodução), arquivo: SIPA
13. George Kubler, A Arquitectura Portuguesa Chã: Entre as Especiarias e os Diamantes
14. Daniel Blaufuks, Prece Geral, 2015, arquivo: Galeria Vera Cortês
8.ª BATARIA DO REGIMENTO DE ARTILHARIA DE COSTA
PANORÂMICO DE MONSANTO
PANÓPTICO DO HOSPITAL MIGUEL BOMBARDA
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Sobre o conde do Farrobo e a sua acção, incluindo o chamado no seu tempo Teatro das Laranjeiras (também Thalia?) ver a mensagem Teatro Thalia – Viagem ao Invisível e respectivas referências.
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