15, 16, 17 de Junho, sexta, sábado e domingo
De manhã, descemos a Rua de Camões, casas relativamente baixas, sóbrias no
aparato exterior, lembrando muita Lisboa dos anos 50 e 60 (ainda hoje), mesmo
em ruas e avenidas importantes. Afirmam a consistência de uma cidade, que
porfia em persistir no seu ser, convivendo bem com edifícios de autor, digamos,
a Casa da Música, ou ao serviço de grandes empresas... Da consistência e força
são exemplo as igrejas, a estação de São Bento, os Aliados, o granito, a
muralha-miradouro da Ribeira...
Detemo-nos no mural do Colectivo RUA e BreakOne, olhamos a igreja da Lapa a
distância. Alguém nos diz que há concertos na igreja.
De tarde, percorremos a alameda ribeirinha, junto ao Jardim do Passeio
Alegre. A casa onde faleceu António Nobre em risco de demolição, uma estátua de
Camões, o monumento de homenagem a Ferreira de Castro, o grupo escultórico
comemorativo do centenário de Raul Brandão, vamos apreciando... Da rápida
visita à Cantareira, levado pelo respeito pela vida e obra de Raul Brandão,
deixo imagens que pretendem ser homenagem ao grande escritor, verdadeiro pintor
do rio, do céu, das casas, dos campos, da vida dos pescadores, numa gradação
subtil das cores que as suas palavras nos fazem ver...
Da Cantareira, entrando pela Rua de São João da Foz, fizemos o percurso até
à artéria principal, perto do Passo. A partir daí, fomos até à igreja, descemos
junto ao alçado lateral da casa de Raul Brandão e voltámos tomando o caminho
inverso, como as imagens documentam. Restava continuar, um último olhar para trás de despedida à Casa dos Pilotos. ainda a Rua do Passeio Alegre, depois, à beira-rio, Rua de Sobreiras, Rua do Ouro, sendo o último ponto
desta etapa o cais com a ponte da Arrábida à vista.
(Veja, depois das fotografias, o soneto 4 de António Nobre no Só,
secção SONETOS.)
15 de Junho, manhã
Ribeira Negra, por Coletivo RUA e BreakOne
Homenagem à vida dura na Ribeira, homens,
mulheres, crianças, animais..., trabalho, tarefas domésticas, tempo livre... Esta Ribeira Negra lembra o painel de azulejos com o mesmo nome, assinado por
Júlio Resende, a receber os visitantes à saída da Ponte de D. Luís e pouco
antes do Túnel da Ribeira.
Cruzamento da Rua de Camões com a Rua do Paraíso
Ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa
15 de Junho, tarde
Avenida do Brasil
«A casa de dois pisos, que há muito estava ao
abandono, vai ser demolida e substituída por um novo edifício, que irá integrar
o projecto imobiliário Panorama e que inclui, ainda, o prédio contíguo, com
características Arte Nova.» (Ver, aqui, artigo do Público on-line, 24-02-2018. Ou aqui.)
Google Maps, captura de imagem de Março, 2015
Cantae-me, n’essa
voz omnipotente,
O sol que tomba,
aureolando o mar,
A fartura da seara
reluzente,
O vinho, a graça,
a formosura, o
António Nobre, in «Só»
Avenida do Brasil
Avenida do Brasil
Monumento a Camões, 1980, no IV centenário da sua morte
Monumento a Camões, 1980, no IV centenário da sua morte
Rua do Coronel Raul Peres
Fortaleza de São João da Foz
Avenida de Dom Carlos I/Esplanada do Castelo
«A flor da paz», na mão firme de Ferreira de Castro
Homenagem da Associação Internacional dos Amigos de Ferreira de Castro e
dos Artistas Luso-Brasileiros, 1988
A Ferreira de Castro, Sonho duma Humanidade,1988, de José Rodrigues
Este monumento tocou-me e pediria uma descrição/interpretação. Uma observação atenta e os dizeres da placa comemorativa sejam bastantes
Jardim do Passeio Alegre
Avenida D. Carlos I – Jardim do Passeio Alegre
Grupo escultórico em bronze, comemorativo do centenário do nascimento de Raul Brandão
Escultor Henrique Moreira e arquitecto Rogério de Azevedo
Olhando para trás
***
A casa onde nasceu Raul Brandão
Um dos Passos da Foz do Douro
Igreja de São João Baptista da Foz do Douro
São João Baptista
Ecce Agnus Dei (Eis o Cordeiro de Deus), palavras do Baptista, referidas no Evangelho de S. João, 1,29
***
18:31
Rua do Passeio Alegre
Cais do Ouro
Há lancha com ligação a Afurada, Vila Nova de Gaia
*
4
Ó Virgens que
passais, ao sol-poente,
Pelas estradas
ermas, a cantar !
Eu quero ouvir uma
canção ardente,
Que me transporte
ao meu perdido Lar.
Cantai-me, nessa
voz omnipotente,
O Sol que tomba,
aureolando o Mar,
A fartura da seara
reluzente,
O vinho, a Graça,
a formosura, o luar !
Cantai ! cantai as
límpidas cantigas !
Das ruínas do meu
Lar desaterrai
Todas aquelas
ilusões antigas
Que eu vi morrer
num sonho, como um ai …
Ó suaves e frescas
raparigas,
Adormecei-me nessa
voz … Cantai !
Porto,
1886.
(Só, edição da Livraria Tavares Martins, Porto, 1979, secção SONETOS, pág. 150.)
(...)