17 de Janeiro de 2019
Uma bela tarde, num dia de sol...
Fizemos um percurso circular, entrando e
saindo da Tapada pelo portão do Codeçal. Passámos para a outra margem da
ribeira, onde assistimos em palco e auditório muito simples, ao ar livre em
plena comunhão com a natureza, a floresta envolvente, a uma aula em que nos foi
explicado tudo sobre a vida das abelhas e seu aproveitamento pelo homem. A
escolha do zângão que há-de fecundar a rainha é um episódio da Guerra das
Estrelas. As centenas dos mais fortes, preparados, bem alimentados zângãos
procuram alcançar a rainha, agarrá-la, não se sabe bem, é coisa de zângão e
rainha, nós, humanos, diríamos prosaicamente «acasalar», mas é mais, muito
mais. É uma questão de vida ou de morte, é mesmo mais: é uma questão de vida e
de morte, porque depois da consumação do amor, o zângão morre. Muitos foram
ficando pelo caminho da ascensão, em direcção ao céu. A rainha chega aos
seiscentos, setecentos metros. Já todos ficaram para trás, menos um. O primeiro
a morrer. Os outros voltam para o cortiço de onde vieram, mas são repelidos
pelas abelhas. O seu papel tinha terminado e elas não os querem mais. Vão
acabar por morrer sozinhos, à fome e ao frio.
Estamos no Atelier de Apicultura. Ouvimos-lhe
os segredos, variedades de mel e de pólens, mel de girassol, mel de limoeiro,
mel de misturas de pólens, transumância das abelhas, quando não há alimento
para elas em certas regiões, devido à inclemência do clima... São transportadas
em cortiços a outros lugares para aí pastarem. Um mundo de maravilha, mesmo com
o trabalho e agruras que dá. Para quem ouve e não faz, maravilha pura.
O comboio leva-nos, agora, pela margem
direita do Safarujo. De vez em quando, um pontão liga as duas margens. A guia
chama-nos a atenção dos pontos importantes: biodiversidade, rochas, a certa
altura, à nossa esquerda, alguns gamos, corças — que não sabemos distinguir lá
muito bem. Impressiona, pouco depois, um grande veado. Acreditei que fosse um
animal empalhado. Grande, de pé, completamente imóvel... Perto de nós, como um
imperador que nos olha sem nos ver... O comboio segue... Subimos, a carruagem
dá pequenos saltos secos, a máquina puxa as três composições e o condutor mantém-nas
nas curvas, perfeitamente centradas. Penso na afinação dos travões. A encosta e
o vale lá em baixo infundem algum respeito. À nossa esquerda, um campo todo
remexido, cavado pelas patas dos javalis, em busca de alimento. Não vimos
nenhum.
O olhar vai admirando as formosas
paisagens para os lados de Lisboa e de Torres Vedras.
De novo em terra, pisando o chão de folhas
secas, também belas, acolhedoras, matando a nossa fome de terra, pisando o
tapete de folhas, encontramos o Sr. Miguel Gomes, que nos espera.
O Sr. Miguel Gomes deu-nos uma lição sobre
cetraria/falcoaria. Definiu a sua profissão, não propriamente como tal, mas
como uma atitude, uma maneira de viver. Contou-nos as características dos dois
falcões (de famílias diferentes) em exibição, falou de história antiga e
medieval, viajámos com ele de Portugal à Sibéria, passando pela afición que os árabes têm pela falcoaria.
Por fim, fez uma demonstração de voo com um bufo real, que, alguém teve ocasião
de saber, não é um «ele», é um «ela», como se ouve no pequeno vídeo.
Pouco andámos, afinal. Ia preparado para
uma caminhada… Fica uma grande vontade de voltar à Tapada, para aprender a
conhecê-la um pouco mais. Soube a muito pouco… O nome que deram ao percurso que
fizemos, hoje, tem razão de ser e está muito bem posto. É o CIRCUITO ENCANTADO.
Atelier de Apicultura
Urze e folha de eucalipto
Urze
Fetos
Para nos situarmos. Este pavilhão está separado do Atelier de Apicultura apenas pela rede
Passeio de comboio no vale encantado
O veado que pareceu, visto por detrás do vidro, um animal empalhado ou embalsamado
O mesmo veado
Tanque/piscina para os infantes aprenderem a nadar, antes de se aventurarem na praia
Paisagens
A fotografia anterior, recortada
Continuação do Percurso
Cetraria/Falcoaria
Sem comentários:
Enviar um comentário