sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Na Tapada de Mafra

17 de Janeiro de 2019
Uma bela tarde, num dia de sol...
Fizemos um percurso circular, entrando e saindo da Tapada pelo portão do Codeçal. Passámos para a outra margem da ribeira, onde assistimos em palco e auditório muito simples, ao ar livre em plena comunhão com a natureza, a floresta envolvente, a uma aula em que nos foi explicado tudo sobre a vida das abelhas e seu aproveitamento pelo homem. A escolha do zângão que há-de fecundar a rainha é um episódio da Guerra das Estrelas. As centenas dos mais fortes, preparados, bem alimentados zângãos procuram alcançar a rainha, agarrá-la, não se sabe bem, é coisa de zângão e rainha, nós, humanos, diríamos prosaicamente «acasalar», mas é mais, muito mais. É uma questão de vida ou de morte, é mesmo mais: é uma questão de vida e de morte, porque depois da consumação do amor, o zângão morre. Muitos foram ficando pelo caminho da ascensão, em direcção ao céu. A rainha chega aos seiscentos, setecentos metros. Já todos ficaram para trás, menos um. O primeiro a morrer. Os outros voltam para o cortiço de onde vieram, mas são repelidos pelas abelhas. O seu papel tinha terminado e elas não os querem mais. Vão acabar por morrer sozinhos, à fome e ao frio.
Estamos no Atelier de Apicultura. Ouvimos-lhe os segredos, variedades de mel e de pólens, mel de girassol, mel de limoeiro, mel de misturas de pólens, transumância das abelhas, quando não há alimento para elas em certas regiões, devido à inclemência do clima... São transportadas em cortiços a outros lugares para aí pastarem. Um mundo de maravilha, mesmo com o trabalho e agruras que dá. Para quem ouve e não faz, maravilha pura.
O comboio leva-nos, agora, pela margem direita do Safarujo. De vez em quando, um pontão liga as duas margens. A guia chama-nos a atenção dos pontos importantes: biodiversidade, rochas, a certa altura, à nossa esquerda, alguns gamos, corças  que não sabemos distinguir lá muito bem. Impressiona, pouco depois, um grande veado. Acreditei que fosse um animal empalhado. Grande, de pé, completamente imóvel... Perto de nós, como um imperador que nos olha sem nos ver... O comboio segue... Subimos, a carruagem dá pequenos saltos secos, a máquina puxa as três composições e o condutor mantém-nas nas curvas, perfeitamente centradas. Penso na afinação dos travões. A encosta e o vale lá em baixo infundem algum respeito. À nossa esquerda, um campo todo remexido, cavado pelas patas dos javalis, em busca de alimento. Não vimos nenhum.
O olhar vai admirando as formosas paisagens para os lados de Lisboa e de Torres Vedras.
De novo em terra, pisando o chão de folhas secas, também belas, acolhedoras, matando a nossa fome de terra, pisando o tapete de folhas, encontramos o Sr. Miguel Gomes, que nos espera.
O Sr. Miguel Gomes deu-nos uma lição sobre cetraria/falcoaria. Definiu a sua profissão, não propriamente como tal, mas como uma atitude, uma maneira de viver. Contou-nos as características dos dois falcões (de famílias diferentes) em exibição, falou de história antiga e medieval, viajámos com ele de Portugal à Sibéria, passando pela afición que os árabes têm pela falcoaria. Por fim, fez uma demonstração de voo com um bufo real, que, alguém teve ocasião de saber, não é um «ele», é um «ela», como se ouve no pequeno vídeo.

Pouco andámos, afinal. Ia preparado para uma caminhada… Fica uma grande vontade de voltar à Tapada, para aprender a conhecê-la um pouco mais. Soube a muito pouco… O nome que deram ao percurso que fizemos, hoje, tem razão de ser e está muito bem posto. É o CIRCUITO ENCANTADO.
Atelier de Apicultura










Urze e folha de eucalipto





 Urze



Fetos


Para nos situarmos. Este pavilhão está separado do Atelier de Apicultura apenas pela rede

Passeio de comboio no vale encantado











O veado que pareceu, visto por detrás do vidro, um animal empalhado ou embalsamado

O mesmo veado

Tanque/piscina para os infantes aprenderem a nadar, antes de se aventurarem na praia



Paisagens






A fotografia anterior, recortada


Continuação do Percurso







Cetraria/Falcoaria









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