segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Ponte Nova de Santa Justa


Domingo, 20 de Janeiro
De passagem pela Ponte de Santa Justa, freguesia do Couço
Passei muita vez pela antiga, algo periclitante, que só permitia a passagem de viaturas num sentido, à vez. Sem muro ou parapeito de protecção, uns cabos simples serviam de defesa e aviso.
Está bonita... Pouco depois da confluência do Sor e do Raia.
À saída da ponte, cruzo-me a pé com um homem que ia a caminho de Santa Justa, os seus quarenta, cinquenta anos, saúdo com o braço esquerdo erguido e vou dizendo, e ele respondendo:
— Finalmente, temos uma ponte à maneira! 
— Custou, mas foi!...


Ainda na margem de Santa Justa

À direita 




Na direcção de Coruche

À esquerda


Do lado de Montargil, à esquerda, e de Mora, à direita, gritam um para o outro os rios, primeiro o de Montargil e logo o outro, em modo de apresentação: SOR! RAIA! Vão juntos, de tal maneira unidos que são um só, os nomes mesmo se juntam, querem dizê-lo e sai-lhes outro enquanto fluem, que é a sua maneira deles, de andar e correr. Num quase esquecimento do que foram sendo e ainda admirados do que estão a ser, ainda tentam dizer na mesma ordem, o de Montargil e o de Mora, SOR-RAIA, SOR-RAIA, mas sai-lhes diferente o som. São um e o nome, de alguém que os ouviu e foi passando a outros, é agora SORRAIA.


Do lado do Couço 

Depois de atravessar a ponte, fiquei de tal modo contente com a as obras de arte que a identificam, lhe dão o nome, que voltei a percorrer a ponte, até Santa Justa, como se fosse a primeira vez.
Quem foi Joaquim Casanova do Bêco? Um homem do povo, que fazia a travessia do rio, levando pessoas e pertences duma margem à outra, fincando no leito do rio a vara comprida, como a lança do Quixote? É o que ele nos lembra, aqui, na sua vida de aventura..., quando o rio não se podia passar a vau...



Cá está o cartaz de metal, a obra de arte, a ponte a anunciar-se a quem vem do lado de lá, como uma figura de convite.



P. S. Um pouco a descaso, pensando já depois de ter acabado esta mensagem, estranha-se que, fora da represa, o rio esteja tão seco..., nesta altura do ano.

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