segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Curvel, 25 de Agosto - Círio da Senhora da Ameixoeira e procissão, 2

     -- Viva Curvel! -- assim festejaram alguns de Abrigada, nesta localidade, dirigindo-se aos da aldeia vizinha, os de Curvel, domingo. 
     Isto me contou uma senhora de Abrigada, no Largo da Fonte, em Curvel, já em momento de convívio, depois da procissão. A certa altura, neste encontro dos dois povos, alguém sente necessidade de deitar cá para fora a amizade que sente:
          -- Viva Curvel! 

Curvel, 25 de Agosto - Círio da Senhora da Ameixoeira e procissão


Às cinco da tarde era a procissão e lá estive. Gostava de ter cumprido o programa, a partir das oito e meia da manhã e ouvir o concerto da Banda da Sociedade Filarmónica União e Progresso de Abrigada, perto das 19 horas, mas este ano fica assim.
A igreja é uma sala, acolhedora, sentimos que é a nossa casa, a casa de quem lá entra. Este sentimento, ainda mais forte, é o dos que dela cuidam. E o mesmo se diga de andores e pálio e banda. A festa é também ir no cortejo, que poucos metros andados na Rua Nossa Senhora da Ameixoeira, sobe a Estrada Nacional libertando a faixa da esquerda,  até virar lá à frente, à direita, entrando pela outra ponta da mesma Rua Nossa Senhora da Ameixoeira, que desenha aproximadamente um largo semicírculo, até terminar de novo na Estrada Nacional.
Foi muito agradável acompanhar a banda, com a impressão de reconhecer o que tocava. Foram quatro «marchas de procissão», uma delas, à Senhora da Vitória. No fim, junto à capela, tocou-se o Hino da Paz, de que dou apenas duas de cinco quadras, sendo a que tenho no ouvido, a segunda.

Nossa Senhora, Mãe de Jesus,
Dá-nos a graça da Tua luz,
Virgem Maria, divina Flor,
Dá-nos a esmola do Teu amor!

Miraculosa, Rainha dos Céus,
Sob o Teu manto, tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra,
E haja entre os homens a paz de Jesus!
Toda a gente foi andando até ao Largo da Fonte, onde está a «sede» — A. C. R. — em grandes letras na fachada, iniciais que estão por «Associação Cultural e Recreativa de Curvel». Foi montada uma tenda, encostada ao edifício da sede, para comes e bebes, e um quiosque bem afreguesado também oferecia rifas, a 0,05€, e envelopes a 3€ e a 5€, com «prémio garantido».

Vão-se arrumando as cadeiras, em disposição apropriada para a banda dar o seu concerto. E foi aqui que tive de me ir embora, para o ano há mais.

Programa das Festas

                 (Jornal Badaladas, secção «Roteiro», p. 30, 23 de Agosto de 2013.)


                Para ajudar a compreender o Círio do Curvel
CÍRIO
[…]
FOLCLORE. As romarias anuais a vários templos do nosso país, comparecendo a algumas delas romeiros em grupos por cada freguesia, datam de há vários séculos. Esses grupos, ou irmandades, levavam, cada um, um círio ou tocha para depor no altar da santa ou santo a que iam prestar a homenagem da sua devoção. Foi por isso que a esses núcleos de romeiros se chamou círios.
(Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 6, p. 854, col. 1.)

Igreja da Abrigada
Orago: Nossa Senhora da Graça. Tem cinco altares — o altar mor que é o da Senhora da Graça, mais dois altares do lado direito, um de Santo António e outro das almas; do lado esquerdo, mais dois, um de Nossa Senhora da Piedade e outro de Nossa Senhora do Rosário. A igreja tem ainda uma imagem de Nossa Senhora da Ameixoeira, «elegante escultura do século XVIII, em pedra policromada e com cabeleira natural». «Ainda hoje se deslocam, anualmente, a esta Igreja, os romeiros do Círio do Curvel para venerar a Senhora da Ameixoeira.»
                  (Seguimos texto de O Concelho de Alenquer 1, António de Oliveira Melo, António Rodrigues Guapo e José Eduardo Martins, 2ª Edição, 1989, reproduzido aqui.)


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À esquerda a Estrada Nacional; à direita, defronte daquela árvore, a igreja




 Vai ser difícil erguer o pálio, por causa do vento







 Já se vê a Rua de Nossa Senhora da Ameixoeira




 Largo da Fonte



 A fonte

 Do Parque Temático avista-se o Largo da Fonte
O Parque Temático, do outro lado


sábado, 24 de agosto de 2013

OLEIRO ALFACINHA, Caetano Augusto da Conceição


          O depoimento que segue, a partir do segundo parágrafo, apesar de não ser iniciado com aspas, apenas tendo as do fim, é todo de José Sena Conceição. O primeiro parágrafo é certamente do Dr. Marques Crespo.
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Oleiro Alfacinha
José Sena Conceição, ainda oleiro em actividade, conta a vida do seu avô, o «Alfacinha», afamado criador dos tipos de bilhas mais correntes no mercado.
         Caetano Augusto da Conceição — Alfacinha — natural de Lisboa, donde lhe veio o apelido, foi educado na Casa Pia de Évora, onde aprendeu o ofício de marceneiro. Quando completou a idade, saíu deste estabelecimento e ficou a trabalhar em Évora e aí contraiu matrimónio. Nascendo desse matrimónio quatro filhos: Deocleciano, Narciso, Iria e Inês Augusta da Conceição. Mais tarde foi para Reguengos vindo novamente para Estremoz em 1868, e foi morar para a Rua dos Currais para um prédio contíguo ao do oleiro José Perninhas com quem se começou a relacionar e aí começou então a mostrar a sua inclinação para a olaria, e, em colaboração com este, a fazer alguns trabalhos artísticos. Mais tarde resolveu montar uma olaria dado o interesse que esta arte despertou. Foi então montar a referida olaria para a rua do Arco, chamando como operários, Joaquim Firme e outros. Aí então com os seus quatro filhos e estes operários mais se dedicou e aperfeiçoou, e então resolveu concorrer às exposições de Lisboa de 1884 e 1888 alcançando prémios e medalhas eguais aos das outras fábricas do país. Saiu fora do género de louça que fabricavam os oleiros até então, que era a louça vidrada, polida e riscada, e fez trabalhos artísticos como vasos ornamentados, colunas para sala, pratos com frutos pintados a cores naturais, em que o filho mais velho, Caetano Augusto da Conceição, era exímio artista, e uma grande quantidade de louças enfim de ornamento, que ainda hoje há muitas pessoas que possuem algumas dessas peças. Ainda existem muitos moldes ou formas de gesso, porque depois do primeiro modelo feito, tirava-se-lhe a forma para mais fácil reprodução. Fazia-se nessa época e também na casa do meu avô a louça gomada, trabalho muito bonito e que era feito pela filha mais velha. Com a grande propaganda que fez da louça de Estremoz, chegou a fazer grandes exportações não só para o continente, ilhas e para a nossa África, como também para o Brasil, para onde exportava uma grande parte do seu produto. Depois mudou a olaria para a «casa das fardas», e pouco tempo depois, o filho mais velho suicidava-se e ele é acometido de congestão estando a fazer a feira em Évora ocasionando-lhe a morte no dia 29 de Junho de 1902. Ficou depois meu pai, Narciso Augusto da Conceição, na posse da olaria. Começou então de decadência em decadência que ainda hoje se mantém, tendo mesmo tendência a desaparecer de todo estas indústria que tão grande nome deu a Estremoz. A olaria Alfacinha já quási nada fabrica. Caetano Ernesto pode muito bem dizer-se que nada fabrica e Abílio de Abreu também fabrica muito pouco, mesmo este pouco que se está a fabricar não é nada do que se pareça com o que se fez noutro tempo. Isto quanto a feitios e aperfeiçoamentos. Havia então nessa altura em Estremoz muitas olarias que estavam instaladas na Rua do Outeiro e Ruas limítrofes. Refiro alguns nomes dos proprietários de olaria, que são: — António Peixe, José Perninhas, João da Beijinha, José Galgo, José Feiticeiro, António Nina, Luís Franquinho, João Francisco Pieco, José Maria Firme, Serranito, Manuel Baguinho, e António Branquinho, e muitos outros».
(Com a devida vénia, retirado de Estremoz e  o seu termo regional, de Marques Crespo, Estremoz, edição do autor, 1950, páginas 154-155.)

sábado, 17 de agosto de 2013

A Drogaria Azul

     Évora,14 de Junho de 2013

     Um estabelecimento com personalidade é a DROGARIA AZUL. Liga-me também a ela o facto de pertencer -- julgava eu -- a um ex-camarada da tropa, na Guiné, com quem convivi nos quatro meses que estive em Mampatá. Não é exactamente assim. Falei um pouco com o dono, senhor pela minha idade ou um pouco mais velho.

     Ao lado, a LIVRARIA SALESIANA; em frente, do outro lado da rua, a loja AQUI HÁ PÃO.  É a zona da Porta Nova. Já estamos perto; falta pouco para a uma hora.


A caminho da Drogaria Azul



















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Aqui há pão...








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... e livros












quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Évora, 3


     Manhã de 6 de Julho. Voltei à Malagueira, a pé. O objectivo era fotografar uma determinada escultura em amplo parque, relvado, que sabia lá existir. De caminho, fui observando, com o afã de pai ou tio ou filho que tem pressa em conhecer um novo elemento da família. Pela Avenida Engenheiro Arantes de Oliveira, à esquerda, a Rua dos Três Bicos, a Rua da Unidade... À direita, a Avenida Arquitectos Arrudas. Pergunto a uma senhora já de idade, óculos com muita graduação, onde é o tal parque, com características assim e assim, um lago... Não sabia; e «moro aqui há pouco tempo». Quis evitar-me, teve receio de um estranho. Parei um pouco no café Ebora.
     Estou em frente da Escola Básica Manuel Ferreira Patrício. Do lado oposto à escola, a Quinta da Malagueira; pela Rua da Quinta se vai dar ao almejado parque e lago, construído por um represa/comporta, alimentada por linha de água.

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     A escultura é uma cadeira de mármore, da autoria de Alexandra Ferreira (Xana). Da sua formação, registe-se a passagem em 1996, pelo Departamento de Escultura em Pedra, do Centro Cultural de Évora; participou na exposição colectiva «Escultura na Cidade de Évora», em 2003, com a «cadeira de repouso em pedra». Desta escultura, diz Susana Piteira que cria uma forte relação funcional com o sítio físico em que está colocada.

     Para dar uma ideia da errância, peregrinação, nomadismo a que algumas destas peças de arte pública estão sujeitas, transcrevemos de estudo de Susana Piteira, referindo-se aos anos que se seguiram ao Simpósio Internacional de Escultura em Pedra, Évora, 1981, que deixou várias obras em espaços públicos da cidade:


     Durante as duas décadas seguintes, a intervenção artística no espaço público de Évora deveu-se sobretudo a alguns projectos afirmadamente efémeros, como as exposições organizadas pelo Departamento de Escultura em Pedra de Évora11, um dos quais, Escultura na Cidade Évora 2003 (Outubro), comemorando os seus vinte anos, ou a intervenção de instalações e acções realizadas por um grupo de alunos dos cursos artísticos da Universidade de Évora, supervisionados pelo professor Francis Tondeur (Junho, 2002).

     Neste longo período, algumas novas peças de escultura apareceram na cidade. Três delas produzidas durante uma residência artística de Escultores cubanos, no Departamento de Escultura em Pedra, instaladas no eixo viário da entrada de Évora12, outra, colocada sábia e ironicamente junto ao lago dos Jardins da Malagueira, pois trata-se de uma cadeira de repouso em pedra, da autoria de Xana Ferreira13, e ainda um nó em pedra, que animou a zona verde do parque automóvel da Porta da Lagoa, do escultor João Sotero. De todas elas, apenas a cadeira de repouso dos Jardim da Malagueira contraria a vocação nómada destes trabalhos pois ao criar uma forte relação funcional com o sítio físico, tem condições para instaurar um lugar14.  Os restantes trabalhos têm afirmado a sua função meramente decorativa e nómada, tendo em conta que alguns deles vão conhecendo sucessivas e temporárias colocações.


     É proveitoso consultar  
 http://www.plumba.info/cvs/alexandraferreira/CV_alexandraferreira.htm

e, sobre o historial do Bairro da Malagueira,
http://viverevora.blogspot.pt/2013/05/projeto-malagueira-comecou-ha-tres.html.


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Edifício da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo
Avenida Engenheiro Arantes e Oliveira, n.º 193





Avenida Engenheiro Arantes e Oliveira

 A mesma avenida

Na mesma avenida, já se vê, à direita, as instalações da Escola Básica



Quinta da Malagueira



Pormenor da fachada da Escola Básica

Dum lado a Quinta, do outro, as casas
Em frente, é a Rua da Quinta









A quinta





À direita, a quinta

Este espaço parece ser de garagens

Uma das entradas do espaço 



 Vê-se o «aqueduto» 







                                              Na Rua da Sobreira, Cafetaria AS CEIFEIRAS









Esta «cadeira» trouxe-nos até aqui













 O dique