sexta-feira, 29 de março de 2013

28-3-2013
Ainda a entrevista de José Sócrates, na RTP 1

Proceder, como na mensagem anterior.

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/03/28/jose-gomes-ferreira-e-luis-delgado-analisam-entrevista-de-socrates
28-3-2013

SIC, Jornal da uma
 O regresso de Sócrates e José Gomes Ferreira.

Seleccionar o endereço, abaixo, e clicar com o botão direito do rato. Aparecerão os dizeres go to http://...; clicar outa vez.

http://www.youtube.com/watch?v=7t1EAZ7GXUI

Lição de Ginástica

28-3-2013
5.ª-feira Santa, manhã
Lição de ginástica
        Estas imagens estão no grande átrio interior da Câmara Municipal de Torres Vedras. São figuras de madeira, estátuas, que lembram o boneco articulado de Pinóquio feito pelo Mestre Gepeto. Quem vem do exterior, logo as vê, e causam um belo efeito.
        Têm qualquer coisa de figuras de teatro, numa lição de ginástica. As fotografias não estão boas.
        Voltarei um pouco a este assunto.

   


segunda-feira, 25 de março de 2013

Cantigas


Cantigas
Depois de me levantar, dei comigo a cantar uma cantiga que ouvi, era rapazinho, a uma senhora nova, solteira, ainda, ou recém-casada. Após algumas tentativas, consegui acertar com a música. A letra, também foi aparecendo:

Já passei a roupa a ferro,
Já passei o meu vestido;
Amanhã, vou-me casar
E o Manel é o meu marido.

Todos me querem
E eu quero alguém.
Quero o meu amor,
Não quero mais ninguém.

*
E o marido dela era ou veio a ser um Manuel. Penso que já era.
*
Pesquisando na internet, encontrei a canção toda e agora a memória aparece intacta.

Já passei a roupa a ferro,
Já passei o meu vestido;
Amanhã, vou-me casar
E o Manel é o meu marido.

Todos me querem
E eu quero alguém.
Quero o meu amor,
Não quero mais ninguém. (2x)

O Manel é meu marido
O Manel é quem me adora
O Manel é quem me leva
Da minha casa para fora

Todos me querem… (2x

Da minha casa para fora
Da minha casa para dentro
O Manel é quem me leva
No dia do casamento

Todos me querem… (2x)
*
Depois, recomeça…

Ver, no you tube:  
http://www.youtube.com/watch?v=xp1VJPv1nEk



sábado, 23 de março de 2013

Passeio à beira-mar


Fomos ver o mar. Na rotunda, junto ao Parque de Campismo, parámos um pouco para tirar algumas fotografias. Passámos pelo «pagode» de Dina Pereira, bela habitação no seu espaço envolvente, bem cuidado, e por outras casas que esta construtora fez, a olhar para o mar.
Santa Rita foi o destino da pequena viagem. Que bem nos soube ser lavados pelo ar e pela luz, pelo social do encontro com outras pessoas, desconhecidas, e a sensação de poder infinito que o mar nos impõe. Ele não impõe. Envolve e adverte.

A avenida que leva a Porto Novo, na foz do rio Alcabrichel, tem o nome de Jacinto Leandro, anos atrás, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras. Este espaço foi anteriormente de pista de aviação, privada, servindo o Hotel Golf Mar.

Regresso, com paragem na arriba da praia do Mirante.

Vejamos algumas fotografias.

 Na rotunda para Santa Cruz, esperam-nos os anzóis


Parque de Campismo

 A entrada do Parque


Homenagem ao grande ciclista, aqui, perto da sua Brejenjas


A mesma placa, mais de perto


Avenida Dr. Jacinto Leandro
Vai até à ponte sobre o rio Alcabrichel


Bar Portal
À esquerda, quando se vai de Torres para Santa Rita


O Bar Portal


Rotunda, com hotel ao fundo


A mesma rotunda


Do lado de quem vai para o Hotel Golf Mar


A caminho do Hotel Golf Mar


O nosso «Monte de S. Michel»
Hotel Golf Mar


Foz do Alcabrichel


Rio Alcabrichel


Cafés, restaurantes, residenciais


O mesmo


Hotel Golf Mar


Às 18 h e 25 min., em Santa Rita


O céu da Praia do Mirante, às 18 h e 38 minutos

sexta-feira, 22 de março de 2013

Primavera

     Tarde de 21 de Março
   

Começou a Primavera.
É dia para fotografar a igreja de S. Pedro, mais uma vez. As nuvens moviam-se, do lado de A Brasileira para o lado da Rua Dias Neiva; ora brancas, ora um tanto escuras, a roubar a luz. E clareiras de azul.
Deparei com o corrimão, necessário para evitar percalços ao visitante, mas de algum modo obstáculo visual. Melhor seria as coisas terem ficado como estavam. Os degraus singelos permitiam entrar na igreja, simplesmente, e faziam com ela uma personalidade única; agora estão afogados por um quase palanque no seu verniz brilhante, desapossados por uma geração mais nova de degraus, largos e espaçosos, com uma espécie de efemeridade adolescente. 



 Igreja de S. Pedro, com corrimões


 Igreja de S. Pedro, com corrimões e pombos



 Laranjeiras, a-par-de-S. Pedro


Idem     

  Deixo aqui uma homenagem sentida às laranjeiras, à laranjeira, com tudo o que ela é e simboliza na nossa cultura. Sítio para trepar, madeira, frutos que matam a fome e a sede e lembram o ouro, na sua riqueza, folhas para fazer chá, e flor branca.
     Um historiador árabe chora os laranjais de que se tiveram de separar os da sua gente, quando vencidos pelos cristãos. E um poeta medieval anónimo deixou-nos esta formosa prenda: 

CANTIGA DE AMIGO
ANÓNIMO

Meu naranjedo non ten
fruto, mas agora ven.
No me le toque ninguen.

Meu naranjedo frolido,
el fruto non ll'é vĩindo,
mas agora ven.
Non me le toque ninguen.

Meu naranjedo granado,
el fruto non ll'é chegado,
mas agora ven.
No me le toque ninguen.

    « ...   ...   ... Colhida na tradição oral por Barbieri, no séc.XVI ...   ...   Apesar da sua simplicidade, não é das mais antigas poesias que andavam na tradição oral, pois a laranjeira só foi introduzida pelos Árabes na Península no século XI ou XII ...   ...
     Como se vê nas formas ten, ven, ninguen, em rima, esta poesia foi originàriamente composta em português.
     Tema: a donzela sente florescer a sua juventude como na Primavera floresce um laranjal.
...   ...   ...
granado: (do l. granatu-, que tem muito grão, coberto de grãozinhos) em flor.»

    Nota -- A cantiga e os esclarecimentos foram colhidos em Textos Portugueses Medievais, de Corrêa de Oliveira e Saavedra Machado. Em 1890, publicava-se em Espanha o Cancionero Musical de los siglos XV e XVI, transcrito e comentado por Francisco Asenjo Barbieri (1823-1894).

quarta-feira, 20 de março de 2013

Tratado Teológico-Político

  Espinosa
 O Tratado Teológico-Político

     Acabei de ler há dias esta grande obra.   Nela, o autor faz uma crítica da Bíblia, conhecedor do hebraico que era (não dominava o grego), e vê aí uma mensagem ou conteúdo que os erros, emendas, contradições, não conseguem apagar. Essa é a verdade, o essencial que não muda: a palavra de Deus, a verdadeira escritura está dentro de nós, na mente. É necessário procurar a excelência da virtude; o amor pelo próximo, a caridade, a vida verdadeira.
O método que segue para interpretar com segurança a Bíblia é o mesmo que segue para interpretar a natureza.

     Reflecte sobre a sociedade, o poder soberano, os vários tipos de pessoa, com diferentes mentalidades e capacidades, a plebe e os sábios. As pessoas medem-se pelas suas obras. Importante: as ideias que se tem e a vida que se leva. A maior riqueza é a vida que se leva, segundo valores de razão, fraternidade.

     Chego ao fim do livro e penso por momentos que todo o Tratado Teológico-Político que fica para trás é  a preparação deste último capítulo, o XX: a defesa da liberdade, no foro íntimo de cada um; reduto que deve ser inacessível. E o Estado democrático é o que mais se aproxima do estado de natureza.
     Nota: A edição do T. T.-P, que li e donde foram tirados alguns textos e títulos de capítulos que seguem, é a da INCM.



ANTOLOGIA

[A plebe, o vulgo, os sábios]

Assim, se alguém quiser ensinar uma doutrina a toda uma nação, para não dizer a todo o género humano, e quiser ser entendido por todos e em todos os pormenores, terá de a demonstrar unicamente pela experiência e adaptar os seus argumentos e as definições das coisas que vai ensinar à capacidade de compreender própria da plebe, que constitui a maior parte do género humano, em vez de os encadear e de apresentar as definições que melhor serviriam para esse efeito. Caso contrário, condena-se a escrever unicamente para os sábios, quer dizer, não poderá ser entendido senão por um punhado de homens proporcionalmente reduzido. (P. 185)

           É, com efeito, evidente, pelo que acabei de expor, que o conhecimento e a fé nessas histórias são extremamente necessários ao vulgo, cuja maneira de ser é incapaz de perceber as coisas clara e distintamente. (P. 186)
           O vulgo, por conseguinte, só tem de conhecer as histórias que melhor possam incutir-lhe no ânimo a obediência e a piedade. Mas, o vulgo não é sequer suficientemente apto para ter uma opinião sobre estas matérias, e por isso gosta mais das narrativas e do seu lado insólito e inesperado do que propriamente da doutrina aí contida. Donde, além da leitura das histórias, precisa ainda de pastores ou ministros da Igreja que o ensinem de maneira adequada à suas fracas capacidades. (P. 187)

                                                       [As ideias que se tem e a vida que se leva
                                                                       As obras, os frutos]

Tão-pouco está nos meus projectos refutar aqui a opinião dos que admitem que a luz natural não pode ensinar nada de útil no que respeita à verdadeira salvação. Quem a si mesmo não reconhece uma réstea de razão também não pode provar com razão alguma a opinião que sustenta. E se eles se vangloriam de possuir algo de superior à razão, isso não passa de pura ficção, que é de longe inferior à razão, como se tem visto pela vida que habitualmente levam. Mas sobre isto, não é preciso dizer mais nada. Acrescentarei apenas que não se pode conhecer ninguém a não ser pelas suas obras. Por isso, quem produzir em abundância frutos como a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a benevolência, a bondade, a fé, a afabilidade, a temperança, aos quais, como diz Paulo, na sua Epístola aos Gálatas, cap. V, 22, a lei não se opõe, esse, quer se guie só pela razão ou só pela Escritura, é realmente guiado por Deus e possui a beatitude. E é tudo quanto queria dizer acerca da lei divina. (P. 188)

 Capítulo XII
Do Verdadeiro Texto da Lei Divina
E por que razão a escritura se designa por sagrada
e se considera a palavra de Deus.
Onde se demonstra, em suma, que a mesma escritura,
enquanto portadora da palavra de Deus,
chegou até nós intacta

         Com efeito, tanto a razão como as declarações dos profetas e dos apóstolos proclamam abertamente que o verbo eterno de Deus, o seu pacto e a verdadeira religião stão inscritos pela mão divina no coração dos homens, isto é, na mente do homem: é esse o verdadeiro documento de Deus, aquele que ele próprio autenticou com o seu selo, quer dizer, com a ideia de si, essa como que imagem da sua divindade.

Capítulo XIII
Onde se mostra que a escritura
só ensina coisas muito simples
e não tem por objectivo senão a obediência;
mesmo da natureza de Deus, ela não ensina
senão aquilo que os homens podem imitar
através de uma certa regra de vida

Capítulo XIV
O que é a fé, quem é que é fiel,
quais os fundamentos da fé
e como se distingue da filosofia

Capítulo XV
Onde se demonstra que nem a teologia
está ao serviço da razão, nem a razão da teologia,
e se apresenta o motivo por que estamos persuadidos
da autoridade da sagrada escritura

 Com efeito, uma vez que não podemos compreender pela luz natural que a simples obediência é uma via para a salvação*, e uma vez que a revelação ensina acontecer assim por uma singular graça de Deus impossível de atingir pela razão, segue-se que a Escritura veio trazer aos mortais uma enorme consolação. É que todos podem obedecer e só um número muito reduzido, se o compararmos com a totalidade do género humano, adquire o hábito da virtude conduzido apenas pela razão, de tal maneira que, se não tivéssemos o testemunho da Escritura, seria caso para duvidar da salvação de quase todos.

 *Isto é, só a revelação, e não a razão [nós não sabemos naturalmente] pode ensinar que é suficiente para a salvação ou beatitude aceitar esses decretos divinos como regras ou mandamentos, e que não é necessário concebê-los como verdades eternas, conforme se vê pelas demonstrações apresentadas no capítulo IV.
Capítulo XVI
Dos fundamentos do Estado,
do direito natural e civil de cada indivíduo
e do direito dos soberanos

 Capítulo XVII
Onde se mostra que é impossível e desnecessário
alguém transferir todos os seus direitos
para o poder soberano; como era o estado hebraico
enquanto viveu Moisés e como foi depois,
entre a morte deste e o início da eleição dos reis;
até que ponto ele estava numa posição privilegiada
e quais as razões por que desapareceu, enfim,
o estado teocrático e porque é que
só se não houvesse luas intestinas ele poderia subsistir.

 Capítulo XVIII
Onde se deduzem,
a partir das instituições hebraicas
e da sua história,
alguns princípios políticos

 Capítulo XIX
Onde se demonstra que o direito em matéria religiosa
pertence integralmente às autoridades soberanas
e que o culto externo não deve perturbar
a paz do Estado, se se quer obedecer fielmente a Deus

 Capítulo XX
Onde se demonstra que num estado livre
é lícito a cada um pensar o que quiser
e dizer aquilo que pensa

[Os três primeiros períodos rezam assim:]
Se fosse tão fácil mandar nos ânimos como é mandar nas línguas, não havia nenhum governo que não estivesse em segurança ou que recorresse à violência, uma vez que todos os súbditos viveriam de acordo com o desígnio dos governantes e só em função das suas prescrições é que ajuizariam do que era bom ou mau, verdadeiro ou falso, justo ou iníquo. Mas isto, como já observámos no início do capítulo XVII, não é possível. A vontade de um homem não pode estar completamente sujeita a jurisdição alheia, porquanto ninguém pode transferir para outrem, nem ser coagido a tanto, o seu direito natural ou a sua faculdade de raciocinar livremente e ajuizar sobre qualquer coisa. (Pág. 385)
[A paragem, aqui, é arbitrária. Deve continuar a ler-se até à página seguinte e, mesmo, até «é este, conforme anunciei no início do capítulo XVI, o meu objectivo principal», já na página 367.]

            E, todavia, é inegável que tanto se podem cometer crimes de lesa-majestade por actos como palavras, razão por que, se é de facto impossível retirar completamente esta liberdade aos súbditos, também será altamente pernicioso conceder-lha sem quaisquer restrições. (P. 366)
          
           O verdadeiro fim do Estado é, portanto, a liberdade. (P. 367)

 A única coisa, pois, a que o indivíduo renunciou foi ao direito de agir segundo a sua própria lei, não ao direito de raciocinar e de julgar. Por isso, ninguém pode, de facto, actuar contra as determinações dos poderes soberanos sem lesar o direito destes, mas pode pensar, julgar e, por conseguinte, dizer absolutamente tudo, desde que se limite só a dizer ou a ensinar e defenda o seu parecer unicamente pela razão, sem fraudes, cólera, ódio ou intenção de produzir por sua exclusiva iniciativa qualquer alteração ao Estado. (P. 367) [Etc., etc.]

 E não há dúvida que esta maneira de governar é a melhor e a que traz menos inconvenientes, porquanto é a que mais se ajusta à natureza humana. Com efeito, num Estado democrático (que é o que mais se aproxima do estado de natureza), todos, como dissemos, se comprometeram pelo pacto a sujeitar ao que for comummente decidido os seus actos, mas não os seus juízos e raciocínios; quer dizer, como é impossível os homens pensarem todos do mesmo modo, acordaram que teria força de lei a opinião que obtivesse o maior número de votos, reservando-se, entretanto, a autoridade de a revogar quando reconhecessem que havia outra melhor. Sendo assim, quanto menos liberdade de opinião se concede aos homens, mais nos afastamos do estado mais parecido com o de natureza e, por conseguinte, mais violento é o poder. (Pp. 371-372)

Espinosa. O selo de espinosa

     Espinosa
     Caute
     O selo de Espinosa
    
    
Tem interesse a divisa de Espinosa, na relação com a sua vida e obra. Selava as cartas com o anel. Um anel mostra o gosto do seu dono e este revela a atitude, o cuidado que precisava de ter na sociedade e que punha na elaboração dos seus pensamentos. B D S — Baruch de Spinoza; Caute — Cautela ou Tem cuidado.

O que de melhor encontrei na rede é o texto, a seguir:

MARTES, 27 DE JULIO DE 2010

La rosa de Spinoza


Spinoza colocaba este sello lacrado en toda su correspondencia. Las siglas B D S valen por Baruch de Spinoza. Vemos una rosa y la palabra latina "Caute" (cuidadosamente, con cautela), que supuestamente era el lema de Spinoza, aunque fue siempre violado por él. Primero al hacerse expulsar por sus correligionarios judíos, y luego al tomar y expresar posiciones revolucionarias ante la religión y la política, a pesar de no contar con aliados poderosos que lo protegieran.
Colocar enigmas en sellos y/o escudos era una costumbre muy medieval. Se han sugerido varias interpretaciones para el sello de Spinoza. Según una de ellas, el hecho de que la rosa tenga espinas hace que sea "spinosa." Combinando esto con el ¿adverbio? Caute, el enigma podría interpretarse como Cavete Spinosam, o "Cúidense de Espinoza," o "Cuidado, esto es de Spinoza," dando a entender que el contenido de las cartas era peligroso de leer. Como se sabe, a Spinoza lo perseguían los católicos, los judíos y todos los fundamentalistas de su época. Deliberadamente se quedó solo ante todas las jaurías.
Otra interpretación es que Spinoza recomendaba mantener su filosofía sub rosa o sub silentio para evitar una inútil exposición al odio, la controversia y la persecución.
Ambas interpretaciones tienen sentido y me parece que no se contradicen.
(Epistolario de Spinoza, Colihue, Buenos Aires, 2007).

Publicado por Kalokagathosen 09:40

Etiquetas: el sello de Spinoza

segunda-feira, 18 de março de 2013

Espinosa.Os quatro retratos

                                           Os quatro retratos de Espinosa
Há quatro retratos de Espinosa, um, uma gravação apensa a Opera Posthuma; um segundo, em Wolfenbüttel; um terceiro, no início da edição de Schaarschmidt do Korte Verhandeling, a partir de uma miniatura antigamente na posse da falecida rainha da Holanda; e, finalmente, um, na posse do Hon. Mayer Sulzberger.  Do último pode seguir-se o rasto até à posse do cardeal de Rohan, a quem se diz ter sido dado por judeus seus rendeiros*. Está assinado «W. V., 1672» (ou 1673), o que corresponderia às iniciais do pintor W. Vaillant, que nesse ano vivia em Amsterdão; Vaillant pintou o retrato do eleitor Karl Ludwig, que, no ano seguinte, convidou Espinosa para Heidelberg. Este retrato tem claramente feições judaicas, concordando assim com a miniatura da rainha da Holanda, enquanto o retrato de Wolfenbüttel é inteiramente desprovido de traços judaicos. Colerus declara que Espinosa era de marcado tipo judaico, o que confirmaria a autenticidade da pintura de Vaillant, embora esta tenha, infelizmente, sido «restaurada». Até agora não foi patente ao público, mas foi dada em facsimile como frontispício deste volume de The Jewish Encyclopedia.
*Seria melhor traduzir por «arrematadores das rendas».
Consultar a página da rede, de onde foi retirada esta informação, notando que o ano de referência é 1906. Ver sob a secção Works, 2.º parágrafo:
http://www.jewishencyclopedia.com/articles/13964-spinoza-baruch-benedict-de-spinoza
A pesquisa das imagens guiou-se  pelo texto acima e são apresentadas por essa ordem.


Retrato gravado, em Opera Posthuma

 Tradução da legenda, em versão livre: 

BENTO DE ESPINOSA
A quem a natureza, Deus, a quem a ordem das coisas é conhecida.
Nesta atitude, Espinosa era digno de ser visto.
Reproduziram a face do homem, mas pintar a mente
Não puderam as hábeis mãos de Zêuxis.
Ela está vigorosa nos escritos: ali versa coisas sublimes:
Tu que o desejas conhecer, sejas quem fores, lê os escritos. 


 Pintur anónima, cerca de 1665
Hezog August Bibliothek, Wolfenbüttel


Espinosa, na edição de Schaarschmidt do Korte Verhandeling... 




O Espinosa, de Wallerant Vaillant
 http://caute.ru/spinoza/gala.htm



Espinosa, de Irvin D. Yalom

                              Capa e verso da capa de O Problema Espinosa





domingo, 17 de março de 2013

O Problema Espinosa

          O Problema Espinosa

Há umas semanas, acabei de ler, indicado por um amigo, O Problema Espinosa. De Espinosa, já tinha lido a Ética e quase todas as Cartas. No livro de Irvin Yalom, a vida e o pensamento de Espinosa são-nos apresentados de maneira clara e confesso que me foi proveitoso. O romance apresenta-nos, alternadamente, capítulos sobre Espinosa e Alfred Rosenberg, anti-semita a cuja evolução assistimos, desde os dezasseis anos até chegar a alto dirigente do Partido Nazi e editor-chefe do seu jornal, o Völkischer Beobachter. Como é possível tal pessoa interessar-se por Espinosa? A ligação é feita através de Goethe, autor admirado por Rosenberg. O Director Epstein obriga-o a apresentar um trabalho, «tem de ler os capítulos números catorze e dezasseis da autobiografia de Goethe, e tem de transcrever cada frase que ele escreveu acerca de Benedito Espinosa». No capítulo trinta assistimos a uma sessão de terapia com o amigo de infância, Friedrich Pfister, em que se volta a Goethe e a Espinosa. Rosenberg sentia-se atormentado por Hitler. Friedrich: «Tenho a certeza que ele teria dito que você está sujeito a paixões que são provocadas por ideias inadequadas, em vez de o serem pelas ideias que fluem de uma verdadeira procura para tentar entender a natureza da realidade.» […] «Alfred, o senhor está a retirar conclusões muito rapidamente. […]»
«— O senhor está sempre a defender os judeus.
—Ele não é um representante dos judeus. Ele abraça a razão pura. Os judeus expulsaram-no.»
O problema Espinosa chega ao fim. A sessão é interrompida por Rudolf Hess. Vão os dois até à sala onde Hitler se encontra à espera. Rosenberg é como reabsorvido por Hitler, que lhe concede o Prémio Nacional Alemão. Diz-se recuperado. O amigo de infância deixa de existir.
«Alfred caminhou num passo apressado até ao seu quarto e começou rapidamente a fazer as malas. Alguns minutos mais tarde, Friedrich bateu à porta do quarto.
— Vai-se embora, Alfred?
— Sim, vou-me embora.
— O que aconteceu?
— O que aconteceu é que eu já não preciso dos seus serviços, Herr Oberleutnant Pfister. Regresse imediatamente às suas funções, em Berlim.»

Chega a parecer tratar-se de dois romances justapostos. Prefiro o romance-espinosa. Podia ler-se, independentemente do outro.