sábado, 28 de setembro de 2013

Torneio de Chinquilho no Vimeiro

     Vimeiro. De 27 a 30, festa em honra de S. Miguel Arcanjo.  Hoje, houve torneio de chinquilho e corrida de carinhos de rolamentos, a parte do programa que me interessava. Só foi possível assistir ao torneio de chinquilho, que durou cerca de três horas, terminando quase às 18h 30 min.
    
Vindo do lado da Maceira, as fotografias dão uma ideia do percurso. Um bocadinho depois do restaurante O BRAGA, uns metros adiante, vira-se à esquerda e entra-se no recinto da festa. Vimeiro está em festa. Há quem vista uma T-shirt preta com os dizeres, em branco, por exemplo, um dos juízes do torneio:

KEEP CALM
Está na festa do
VIMEIRO

     O que se passou no pavilhão, improvisado, mas funcional onde decorreram as provas e os atletas mostraram as suas capacidades correspondeu ao lema das camisolas: calma, festa, camaradagem, são convívio. Antes do começo, tive o grato prazer de experimentar um lançamento, com um certo receio de fazer má figura, devido ao peso da malha -- dois quilos. Houve quem lançasse a de 2,800 kg, que me pareceu não ser tão dançarina e agarrar-se melhor ao tabuleiro. Ganhei balanço, puxei o braço atrás e consegui que a malha estacionasse em cima do tabuleiro.
    
 Falei em lançamento, mas o termo é «malhada». Cada série tem dez malhadas de cada lado, o que dá vinte lançamentos. Pode-se fazer só uma série. Se se fizer mais do que uma, só conta aquela em que o jogador tiver maior pontuação. O tabuleiro é o estrado com duas barras -- pequenos barrotes em lados opostos, enterrados no chão, para fixação. «Mesa» é o nome mais usado, em vez de tabuleiro. É em cima dela que o jogador se coloca, para lançar a malha, cujo alvo a derrubar é o pau, na mesa em frente, onde um pequeno prego localiza o sítio exacto. Este pau chama-se «vinte». Os ali usados, de madeira, estavam «vestidos» por um tubo como os das canalizações da água. «Cama» é a pequena zona do «vinte». Tem de se pagar 400 «paus», por cada série (2 €).
     A certa altura, o senhor Tiago, com 53 pontos na melhor série, deixou-se ficar de fora. Chega a última e a máxima pontuação é 52 pontos, pelo que o senhor Tiago não precisou de voltar a jogar (penso que podia), ficando vencedor, desta vez. Alguns dos participantes revelaram uma extraordinária precisão, na trajectória que imprimiram -- a direcção e rotação necessárias, o ângulo de queda... Pode-se ter, em cada malhada, zero, um, dois ou três pontos. O total virtual, à partida, é de 60. Parece tudo muito fácil, mas mais fácil ainda é perder pontos.
     Foi uma tarde bem passada e tive a grata surpresa de encontrar um colega com quem sempre me dei bem. Falámos um pouco. Por sinal, era um dos juízes, de seu nome Eduardo Jorge.
     Longa vida às festas do Vimeiro e à sua gente.



Rotunda do monumento ao Soldado Português da Guerra Peninsular.

Seguimos em frente.



Nome comemorativo da Batalha do Vimeiro, em 21 de Agosto de 1808.

A entrada para o recinto do torneio, em terra batida, faz-se pelo lado esquerdo do café e também pelo seu interior.




Os dois juízes.
 Ao fundo, mesas usadas de outros torneios, já sem préstimo para competição. Têm de ser novas. 

Uma sequência de lançamento -- três imagens.



Lá vai a malha, pronta a derrubar o vinte e ficar em cima da mesa.

Cá vem uma malha.



Folha de registo das pontuações
Tem interesse consultar:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Vimeiro

http://www.operacional.pt/batalha-do-vimeiro-visita-ao-centro-de-interpretacao/

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CARPE DIEM

     Carpe diem é uma expressão que nos vem de Horácio, século I a. C., contemporâneo de Augusto.
     Às vezes, convém ir mais além e refrescar ou, quase sempre, ver mesmo pela primeira vez o texto todo onde jaz a expressão. Ao ler, aprendemos, e as páginas, os versos ficam vivos outra vez. Cada leitura é como o beijo da bela no monstro.  E o autor fica também entre nós.


I  11

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati!
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum, sapias, vina liques, et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
          aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.



     Não procures, não é lícito, saber que fim os deuses deram, a mim ou a ti, Leuconoe, nem te deixes tentar pelos cálculos babilónios, que o melhor é sofrer, venha o que vier. Quer Júpiter tenha destinado vários invernos ou o último que agora quebra, nas rochas, as ondas do mar Tirreno, sê prudente, filtra o vinho, e confina a longa esperança a um espaço curto. Enquanto falamos, terá fugido o tempo invejoso: aproveita o dia, fia-te o menos possível no amanhã.


(Para a tradução, apoiei-me numa edição escolar de 1942, em prosa, sem indicação de autor, Cruz  & C.ª Limitada, Braga; e em HORACIO, Odas y Epodos, Edición bilingüe de Manuel Fernández y Vicente Cristóbal, Ediciones Cátedra, Madrid. 1990.)
Uma tradução, colhida na internet, pode ler-se aqui (Livro I, 11).

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A ode é dirigida a uma Leuconoe. Vicente Cristóbal, na anotação a I 11, refere Epicuro a propósito da ciência astrológica dos babilónios e para a expressão carpe diem encontra equivalente numa passagem da Carta a Meneceu, do mesmo Epicuro. O pensamento aqui expresso por Horácio «corresponde sobretudo a um princípio do saber vulgar sem fronteiras de tempo nem de lugar [...] Antes e depois de Horácio, a literatura, e especialmente a poesia, faz-se eco desta postura vital». (Odas e Epodos, págs. 112-113.)

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As referências de Vicente Cristóbal a Epicuro encontram-se, abaixo, documentadas. Sobre a adivinhação, os testemunhos recolhidos de Usener 395 (H. USENER. Epicurea. Leipzig, 1887); e a parte de frase da Carta a Meneceu, sobre viver com qualidade o dia, o momento.

A -- A adivinhação

On Divination
U395
Diogenes Laertius, Lives of Philosophers, X.135: Elsewhere he rejects divination entirely, such as in the Small Summary.
Aetius (Plutarch), Doxography, V.1.2 [p. 415 Diels]: Xenophanes and Epicurus dismissed the art of divination.
Cicero, On the Nature of the Gods, II.65.162: Prediction of future events is a favorite target for the wit of Epicurus.
Cicero, On Divination, I.3.5: All the rest, except for Epicurus, who spoke nonsense about the nature of the gods, endorsed divination.
Ibid., II.17.40: Hence, while [Epicurus] takes a roundabout way to destroy the gods, he does not hesitate to take a short road to destroy divination.  [cf. Ibid., I.39.87; 49.109; II.17.39; 23.51]
Scholion on Aeschylus, Prometheus, 624: Epicureanism is the doctrine that abolishes divination; indeed, they say “Given that destiny rules all, you <predicting a disgrace> have procured pain ahead of time; predicting instead something positive, you have wiped out the pleasure of its realization.  On the other hand, they also say “That which must happen, will still happen.”
Origen, Against Celsus, VII.3, [p. 343 Hoesch.]: In regard to the oracles here enumerated, we reply that it would be possible for us to gather from the writings of Aristotle and the Peripatetic school not a few things to overthrow the authority of the Pythian and the other oracles.  From Epicurus also, and his followers, we could quote passages to show that even among the Greeks themselves there were some who utterly discredited the oracles which were recognized and admired throughout the whole of Greece.
Cf. Lucian, Alexander the Oracle Monger, 17: It was an occasion for a Democritus, nay, for an Epicurus or a Metrodorus, perhaps, a man whose intelligence was steeled against such assaults by skepticism and insight, one who, if he could not detect the precise imposture, would at any rate have been perfectly certain that, though this escaped him, the whole thing was a lie and an impossibility.
Ibid., 25: Well, it was war to the knife between [Alexander] and Epicurus, and no wonder. What fitter enemy for a charlatan who patronized miracles and hated truth, than the thinker who had grasped the nature of things and was in solitary possession of that truth? ... The unmitigated Epicurus, as he used to call him, could not but be hateful to him, treating all such pretensions as absurd and puerile.
Ibid., 61: My object, dear [Celsus], ... has been ... to strike a blow for Epicurus, that great man whose holiness and divinity of nature were not shams, who alone had and imparted true insight into the good, and who brought deliverance to all that consorted with him.

     B -- A vida mais feliz


     Epicuro, da Carta a Meneceu, 126:
χρόνον οὐ τὸν μήκιστον ἀλλὰ τὸν ἥδιστον καρπίζεται. [krónon ou tón mékiston allá tóv hédiston karpizetai.] não procura a satisfação da vida mais longa mas sim a da mais feliz. (Tradução de Desidério Murcho.)
     
      http://www.epicurus.info/etexts/epicurea.html
      Ver, aqui, a Carta a Meneceu.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O anfiteatro ao ar livre, em Montargil

     Em 14 de Setembro, p. p., vindo de Ponte de Sor, devia ser perto da meia-noite, ainda pude assistir neste anfiteatro ao final da exibição de um grupo italiano, integrado no Festival Sete Sóis, Sete Luas. Vi a zona dos actores, ainda a cheirar a novo. Paredes brancas, espaço amplo.

     23 de Setembro
     No vale, talvez melhor, na espécie de concha que é o Laranjal, sobressaem o Campo de Jogos Municipal / Montargil - Berta Courinha e o Anfiteatro de Montargil. O conjunto inclui, entre outras coisas, um pequeno percurso ou pista pedonal. Mas o que mais me encanta é o anfiteatro, pelo que é e mais ainda pela recordação dos gregos antigos, de que este acaba por ser uma herança. Pena é que não fosse possível encastrar mesmo as bancadas no terreno, mas Deus não dá tudo.






Montargil - Campeonato do Mundo de Pesca à Carpa

     3.ª-feira   
     Carpe diem (Horácio, Odes, Livro I, nº. 11.)
     
     Em Montargil, o campeonato do mundo de pesca à carpa. Na paragem do expresso, de volta a Torres Vedras, um senhor tem qualquer coisa no seu vestuário com a palavra «carpe». Pensei que pudesse ser parte da expressão latina que nos legou Horácio, com o significado de «aproveita», «colhe». Poderá ser, sem o querer, uma sugestão, um convite a apanhar carpas, como passo a explicar. O senhor, já com alguma idade, mas em boa forma física, estava junto ao café Tropical, agência da rede nacional de expressos. Tinha vindo no primeiro do dia e esqueceu-se da mala. Telefonou e em Ponte de Sor estão-lha devolvendo, no expresso das 10h 25min., quase a chegar. Fala francês. Vem participar no 
    
     --... championnat du monde.

     Na tarde do dia anterior, passam por nós homens grandes, que vejo logo a zona do mundo de onde são oriundos. Confirma-se nas T-shirts : SERBIA, Slovenia e o que me pareceu ser Sérvia, em caracteres cirílicos. Seria assim: Србија. Já devia ser gente do campeonato do mundo.

     Ele vinha para o campeonato do mundo. Calculei que a sua categoria fosse a de veterano. Não vem pescar. Está acima de veterano. É

     -- ... juge.

     Ontem, estive a falar com um campião do mundo de pesca à carpa, primo dum amigo meu de infância, que morava paredes meias connosco, o António Carlos. Deve estar dentro das instalações do café, fechado às terças. À minha chegada, estava sentado ao pé da janela, com a cana de pesca, nas suas afinações!? Para o leigo, é uma cana vulgar, mas deve ser caríssima. Noutra ocasião, contou-nos o peso da carpa que lhe deu o título. Vinte e cinco, trinta quilos? Já não me lembro, mas era muito.

     A seguir, uma imagem da esplanada do parque de campismo e um endereço oficial do campeonato. Também existe em francês. Vejam uma belíssima fotografia aérea da albufeira e outras mais.


23Set, 18h 05min.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Montargil, 23 de Setembro -- A palmeira

     Já, neste espaço do blogue, pus uma fotografia tirada em 13 de Junho, p. p., a primeira, abaixo. Ontem, ao passar pelo mesmo lugar, já perto de casa, qual não é o meu espanto! Foi estupendo, mas não no sentido positivo que habitualmente se dá, mas negativo... A palmeira estava toda castanha e com as palmas caídas, inertes. Quando saí do carro, fui logo lá e perguntei a uma vizinha (a única que ali ia passando...) o que era aquilo. Corria o risco de a minha ignorância ser mal considerada, mas tive de perguntar. Nunca vi uma coisa, assim, e pouco tempo atrás...
     A palmeira adoeceu e vai ser cortada.
     Foi rápido. Pensei na palmeira como se fosse gente.
     Ainda ontem...





sexta-feira, 20 de setembro de 2013

LIVRARIAS -- SÁ DA COSTA E BERTRAND

19 DE SETEMBRO DE 2013, NO CHIADO

A SÁ DA COSTA
Como já sabemos, a Livraria Sá da Costa encerrou as suas portas, por insolvência. As montras estão vazias. Os livros estão nas prateleiras, de costas voltadas, com as lombadas do lado de dentro. O que estava à consignação foi devolvido, mas as estantes estão todas forradas de publicações, naquela posição, por uma razão qualquer. Por mim, digo que é um luto e um protesto.







Imagem da internet

Seguem imagens de algumas edições da Sá da Costa, ao acaso.





























A «Pedra de Armas», que se pode ver a encimar a porta da livraria é reproduzida na contracapa das edições da Sá da Costa, porventura de todas. Uma missão, como lá diz, em latim:
                                              INSTRUERE : CONSTRUERE





A BERTRAND
É pena que na Bertrand já não esteja, no espaço da entrada, ao lado direito de quem entra, o quadro a óleo, Aquilino Ribeiro, na sua samarra. Era figura tutelar da casa. Mantinha viva a sua presença e das pessoas que no seu tempo ali entravam e se encontravam. E à porta, com amigos, vendo a gente passar. Toda a Lisboa passava por ali. O quadro leva-nos também ao grupo, tertúlia, no consultório do Professor Pulido Valente, uns passos mais abaixo. Perdeu-se espiritualidade.
Passámos também por ali. Longa vida para a Bertrand.


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Algmas edições, mais ou menos ao acaso, de um autor da Bertrand:
















                                       
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Para saber mais, alguns endereços electrónicos. O terceiro mostra um vídeo sobre a situação que levou ao encerramento das portas da Sá da Costa.