O que quer, o que
pode esta língua?
A pergunta, formulada por Caetano Veloso numa canção, continua sem
resposta clara, embora por aí se avancem sonhos de conquistas utópicas a vários
pretextos. Estamos, de novo, a ouvir falar da língua portuguesa e só nesta edição
do PÚBLICO se dão conta de três iniciativas que nela se alicerçam: uma exposição
sobre Eça de Queiroz no Museu da Língua de São Paulo, no fim deste ano ou no próximo;
um colóquio sobre o património de origem portuguesa no mundo onde a língua,
naturalmente, se entrosa; e um manifesto para que sejam festejados, a partir de
27 de Junho e durante um ano, oito séculos do mais antigo documento oficial em língua
portuguesa, o testamento de Dom Afonso II. São portas abertas que só levarão a
algum lado se a diversidade (sintáctica, vocabular, ortográfica) levar a melhor
sobre a “unicidade” forçada. Porque a língua portuguesa é uma e são várias. É
esta a sua incomensurável riqueza. Ignorem-na e perdê-la-ão.
[Da secção EDITORIAL, hoje,
no Público.]
*
Não é preciso dizer nada. A diversidade agrada-me, contra os pragmáticos dos milhões.
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