quinta-feira, 30 de julho de 2015

Varandinha . Bar

Hoje, de manhã
Ao demandar o café da Praia Azul, junto ao areal, chamam-me a atenção umas flores de que desconheço, por enquanto, o nome; venho a saber que foram ali semeadas numa massa de relva. A garotada, às vezes, passando por cima fez a cobertura vegetal apresentar clareiras.
Já me vou adaptando ao novo espaço e guardo do antigo boas recordações; mais rústico, mas acolhedor. A diferença não está no atendimento, que é assegurado pelas mesmas pessoas. 
*
Fica aqui, também, uma recordação de 31-08-2007.
Praia Azul, 31-8-2007
Pouco depois das dezanove horas. Três mesas ocupadas, com nove almas, incluindo eu, entre elas, duas crianças: uma, terá um ano, a outra, três. Mais o sr. Francisco e a mulher. E o nadador-salvador, um rapaz novo, negro, de feições muito correctas, cabelo com aqueles entrançados, mais cabelo enrolado como cordas, como se vê a muitos afro-americanos e, agora, afro-europeus. É o Iuri, creio que mora nas Caldas, vai jantar às Caldas da Rainha, onde mora a mãe.
Uma das mesas desertou: a do casal, com as duas crianças. O mar, em frente, está calmo, com uma estrada de luz ao meio e o sol por cima. Nem um barco. Flutuam nos mastros, sempre agitadas pelo vento, duas bandeiras da OLÁ. Do meu lado direito, as instalações do café, amovíveis; do lado esquerdo, sobre um murete baixo, uma cortina de serapilheira verde, delimita a área de mar disponível. Ainda assim, é grande, uma gaivota, pequena mancha escura viva, recortada contra o sol, voa e desaparece pela esquerda.
A época balnear, aqui, vai até 15 de Setembro.
(Nota de hoje: comecei a sentir que alguma coisa não estava certa. A expressão «afro-europeus», deixo-a ficar no apontamento de 2007 e no contexto do adorno capilar. Não há afro-europeus. O que há é o Pedro, o Paulo, o João, o Iuri...)










sexta-feira, 17 de julho de 2015

Selecção da semana

Saiu um artigo de Rui Tovar de Carvalho, no Badaladas, para que gostaria de chamar a atenção. Há ali muita verdade, embora a realidade seja fluida. Numa escala de 0 a 100, aproximamo-nos da nota máxima.
Não é uma fotografia. É pintura de artista. Olhamos para o quadro e revemo-nos nele. É o nosso retrato. Sorrimos.
Ver mais, aqui.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Em Dois Portos, n'O Caçador




24 de Junho
Já no final do passeio do dia, aqui parámos para tomar qualquer coisa, que nem merenda chegou a ser, talvez afinal uma sandes e uma mini, o que já é uma festa.


Eu e o N. Sabe bem descansar e conversar sobre o que tínhamos acabado de visitar e... o que calhasse.
Fomos servidos por uma senhora simpática, bem disposta na sua actividade tranquila. Sentado numa cadeira, junto à parede, à esquerda de quem entra, um senhor de 87 anos. Assiste, geralmente naquele sítio, pois a sua condição de saúde já não lhe permite trabalhar. É o Senhor Júlio, como viemos a saber. Falou mais, a Senhora Dália, que nos foi contando como era a vida deles, antes de criarem o estabelecimento, com as dificuldades e a maneira que tiveram para as vencer.
Há quarenta anos, dois médicos disseram ao Senhor Júlio que só tinha quatro meses de vida. 
— Eles já morreram os dois e eu ainda cá ando  — diz-nos. E vai andando.


Sou um grande admirador de azulejos e vejo nestes que aqui deixo a sensibilidade, o íntimo de quem encomendou e de quem criou.
O Caçador é o Sr. Júlio, com a idade que o quadro revela. Foi fácil identificá-lo. Só depois confirmámos. É um retrato perfeito. E quem fez estes azulejos? Isso gostaria de saber, pois é uma obra boa. Fica a assinatura do autor:

ARTE EM AZULEJO     JOSÉ JANEIRO  T.V.

O amor da natureza está muito presente, com o seu quê de mistério e sobrenatural. A pintura da direita traz à memória D. Fuas Roupinho e o milagre da Nazaré, embora pareça diferente. No quadro da esquerda temos uma cena transportada da Idade Média. Estas coisas chegam até hoje. Somos, também, medievais.
O painel O CAÇADOR é algo mais do que uma simples placa identificativa do dono do café e da sua paixão da caça. Mostra um entrelaçar, uns seres continuam-se nos outros, mudando a carne em vegetal e o vegetal em carne. Está também presente a vida social da aldeia, com a casa ou comboio. Ao meio da casa-comboio, um insecto que se continua em planta. Tudo ligado à terra ou assente nela e dela se alimentando. Diz-se que somos feitos de barro e a ele voltamos.
Qual será o significado do vermelho? Será sangue, será fogo?
É hora de sair. Deixamos os anfitriões e a senhora de que não sabemos o nome. Em frente do caçador, na parede da sala do café, lê-se

Júlio e Dália Leitão
Casa fundada em 1969

Na outra sala, o restaurante, com os dois últimos painéis — a cena a que chamei medieval, com o caçador-cavaleiro, ajoelhado como em prece e a do veado perseguido pelos cães.

***
Ainda houve tempo para ir à estação dos comboios, que já tiveram grande movimento de pessoas. À hora a que ali passámos, havia uma certa solidão, dada também pelo conjunto do edifício.







Uma certa solidão...
O comboio ainda não está para chegar.




A estrada de ferro leva-nos a todo o país; a todo o mundo. Continua a ser importante e é amiga da paisagem. Tem futuro.


Parque de merendas também a precisar de ser acarinhado.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

S. Pedro recebe os visitantes no Pavilhão Multiusos

Domingo, 5 de Julho, último dia da Feira de S. Pedro

 04 Jul, 19:16
Devido à iluminação e à fotografia, a estátua ficou um pouco «caiada»
 Quis ver o protótipo em madeira da estátua de São Pedro que está junto à igreja do seu nome, em Torres Vedras, desde o dia 29 de Junho. Lá está ele, na espaçosa área de entrada para um recinto cheio de actividades e mostras relacionadas com este concelho. Confesso que desta vez me fiquei pela entrada, conversando com S. Pedro, nem bem isso, pois apenas cirandei à sua volta, talvez até um pouco impertinente.
— Mas o que é que este pequeno andará a fazer? — terá S. Pedro pensado. Com a sua grande altura e compleição, assim para dar uma correspondência da sua importância e fazê-la compreender pelas pessoas, estava atento a toda a gente que entrasse e não só a mim. Talvez me tenha dirigido algumas palavras em pensamento, além da pergunta que fez a si mesmo ou a quem o quis ouvir (também só em pensamento). Creio que dirigiu; fiz o mesmo com certeza, devo tê-lo cumprimentado, mas tudo muito rápido, não me lembro de nada.
Impertinente, um pouco, sim. Fotografei o senhor de vários lados, como se diz em português — de várias maneiras e feitios. Quis mostrar a maneira como ele foi feito e isso, o processo de construção, diz algo, à partida, da visão que o autor tem de Pedro: homem simples, despojado, a madeira é quase terra. Apesar do que fiz, por curiosidade e para a partilhar, devemos ver a obra como um todo.
Quisera deixar apenas três ou quatro fotografias, mas não fui capaz.
São Pedro segura numa das mãos o Evangelho; na outra, a chave da Igreja, de que foi o primeiro chefe.
*
O seu nome era «Simão Pedro». Pedro, no Evangelho de São Mateus, em grego, «Πέτρος [Petros]», significa «pedra». A palavra grega é tradução de «Kepha», «pedra», em aramaico, a língua falada por Jesus. Cristo quis edificar a Igreja sobre a pedra, em bases sólidas.
Escritos em grego nos séculos I-II d. C., os livros do Novo Testamento só mais tarde foram traduzidos para latim.
Ver (Mt, 16) a situação em que Jesus entrega o primado a Pedro. O versículo com as célebres palavras é o 18 e reza, assim:

 18Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.


5 Jul, 19:08
As restantes fotos são todas de 5 Jul


 Segurando o Evangelho, com a mão esquerda...

 ... e a chave do reino dos céus, com a direita.






sexta-feira, 3 de julho de 2015

Largo de S. Pedro

02-07-2015

A estátua aí está. Esteve coberta uns dias e fiquei na expectativa. Será que vai estar à altura de Pedro? O processo construtivo do autor, já conhecido dos torrienses pelo seu grupo escultórico «Eu sei tudo», à vista de quem cruza o espaço multisserviços da Câmara Municipal, deixou-me pensativo, ao vê-lo aplicado a uma obra desta natureza.
João Castro Silva, ao escolher esta maneira de esculpir, fabricar, modelar, já nos dá o seu envolvimento, a maneira de sentir e pensar, escolher. Há, logo à partida, combate e crítica, uma certa tensão de dentro da fragilidade de tudo. Fortaleza no interior da fraqueza.
Deu-nos um Pedro forte e decidido, contra ventos e marés, curvado para melhor sustentar a adversidade. De frente, e isto é mérito do estatuário, esta postura objectiva desaparece como por encanto e surge-nos um varão cheio de verticalidade e inteireza. Lembro o processo da trama nas fotografias reproduzidas nos jornais mais antigos, com a distribuição dos pontinhos (a trama) ou o caso das centenas de linhas verticais no televisor que nos criam a ilusão óptica da continuidade das manchas de cor. Ou, ainda, a sucessão rápida dos fotogramas no cinema. Não os podendo discernir um a um, pois a nossa vista só consegue reagir à velocidade de um décimo de segundo e antes disso já está impressionada com o fotograma seguinte, o que vemos ou julgamos ver é o movimento sem quebra. O mesmo se passa com as tiras ou pequenas réguas aplicadas por João Castro e Silva.
Da estátua de ao pé de S. Pedro, olhando para quem vem entrando na cidade do lado do Choupal e da Rua Miguel Bombarda, como antigamente S. Gonçalo sentado à beira do seu convento falava com quem passava ao fim do dia, depois do trabalho, da estátua e da sua integração no local falou muito bem o seu criador:
“a composição da figura de São Pedro centra-se na ideia de uma estrutura que resiste às forças adversas da natureza, quase que como uma figura de proa de um barco. Inclinada, em atitude de força contra o vento e preparada para afrontar as intempéries.
Com os pés bem assentes na terra, este São Pedro baseia a sua forma na pirâmide, símbolo da síntese, da ideia e da dimensão espiritual. Em que a base é a multiplicidade, a dispersão e o caos, e o topo o mundo dos princípios e da unidade.
Ao nível da integração no espaço de implantação colocou-se a figura em posição frontal à zona de ventos dominantes da praça, contextualizando forma e conceito. Numa relação próxima com a população optámos por não colocar o santo numa base ou pedestal — utilizamos para esse efeito o plano sobrelevado do jardim de oliveiras do lado direito da igreja — é uma visão mais humanística de um santo que é Pedro, uma pessoa que se vê glorificada pelos atos que realiza enquanto homem”.
(Palavras do autor da estátua, transcritas da edição n.º  3104, 3 de Julho de 2015, do Badaladas, incluídas em texto de Ana Alcântara, com a devida vénia)

Sobre «Eu sei tudo», pode ler-se o que escrevi em Junho de 2013, aqui.
Entretanto, voltámos a ter um placa toponímica no Largo de S. Pedro, como toda a gente dizia. É que a Rua 9 de Abril ia, até há dias, sem interrupção, do «Largo da Havaneza» ao entroncamento em que se junta com a Mousinho de Albuquerque, a Cândido dos Reis e a Dias Neiva. Os números de polícia tinham, naturalmente, sequência.
Para saber mais, consultar o jornal Badaladas, na edição referida, onde se informa do preço dos trabalhos de criação do modelo e de fundição e se registam palavras do presidente da câmara de Torres Vedras, Dr. Carlos Miguel, e de Dom Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa. A estátua teve a bênção do prelado, que recebeu das mãos do presidente da edilidade uma réplica em tamanho reduzido.
A cerimónia ocorreu em 29 de Junho, dia de S. Pedro.

26-06-2015

02-07-2015

02-07-2015

 02-07-2015

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02-07-2015

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