1 a 3 de Agosto
I. No caminho da Rua de S. Cristóvão; II. Ruas próximas da de São Cristóvão
O expresso deixou-me na central rodoviária, ao meio da manhã. Já com muito
sol, vai-se junto ao muro branco do cemitério, noutros dias logradouro do
Convento dos Remédios. Passamos ao lado da Escola de Música e dum espaço de
exposições, neste momento dedicado a Évora, entre os séculos VII a XII. YÁBURA: Uma cidade do Al-Andalus. A seguir, a
igreja de Nossa Senhora dos Remédios.
Atravessada a estrada e entrada a Porta de Alconchel, eis-nos no Largo das
Alterações de Évora, onde uma vez mais me detenho a contemplar a velha placa
toponímica. Quando ali parava, às vezes, a conversar com o Limpinho, Manuel,
não tinha a noção da complexidade daquela memória, legendada excepcionalmente
pela frase de Herculano.
Com uma pequena paragem na MALAGUETA, o olhar demora-se um pouco em todo o
largo; em direcção ao nosso destino, escolhemos a Rua dos Penedos, o largo do
mesmo nome, por ser percurso apropriado, mas sobretudo porque queríamos passar
pela Rua de São Cristóvão. Não queremos, ainda, pôr o pé nela, sem regressar à
Rua dos Penedos. Nela vemos, a horas de almoço, umas vinte pessoas ou mais, de
bom aspecto, do outro lado da rua, aguardando qualquer coisa defronte. A certa
altura, entram, saindo depois com um saco como os de compras, um cabaz. Venho a
perceber que se trata de assistência a pessoas, a maioria, quero crer, com
dificuldades transitórias. É a crise a bater-lhes à porta, com mais força. PÃO E PAZ
Associação de Solidariedade Social, diz a placa identificadora, ao
lado da porta com o número treze.
A Rua de São Cristóvão, quando curva, mostra-nos uma guarita militar. Deste
ponto, até à Rua de S. Domingos, à esquerda, fica o que já foi Quartel-General
da Região Militar Sul, mais tarde sede do Comando da Instrução e Doutrina e,
agora, ainda afecto ao serviço, mas ostentando apenas os dizeres MINISTÉRIO DA
DEFESA NACIONAL; EXÉRCITO PORTUGUÊS. A sede do Comando da Instrução e Doutrina, sob o comando do
Tenente-General Rovisco Duarte, é o antigo quartel do Regimento de Infantaria
16 (e mais antigo Quartel dos Dragões de Évora), no Largo dos Castelos.
Mais à frente, um passadiço conduz às instalações militares do outro lado
da rua. O último troço da Rua de São Cristóvão é uma passagem abobadada. O
edifício por ela atravessado era o Palácio dos Morgados da Mesquita. A rua tem
de ambos os lados casas que são habitadas pela população civil. As que estão
paredes meias com o quartel ostentam um ar de abandono e receio, com grades
defensivas. Esperemos a sua revitalização.
Esta zona da cidade por nós percorrida apresenta as paredes a precisar de
caiação, sem no entanto atingir o estado de decrepitude. No seu conjunto, a
cidade e estas partes dela mantém-se agradável, com uma dignidade que luta por
se manter.
São Cristóvão, o bom gigante, alto de 12 côvados, o dobro do Golias da
Bíblia!, sempre pronto a ajudar os VIAJANTES, é lembrado num registo de
azulejos. Das muitas páginas que lhe dedicou Eça de Queirós, recolhidas nas Últimas
Páginas, são primorosas as do último texto , com o ponto mais alto, no
final.
I
No caminho da Rua de São Cristóvão
No edifício da esquerda, junto à barra amarela da esquina, está uma placa toponímica; e outra idêntica na fachada do prédio do bar-restaurante MALAGUETA
No final, depois do mapa da Rua de S. Cristóvão e outras próximas, transcreve-se esta legenda no seu contexto, com hiperligação para o artigo de Herculano*.
Largo das Alterações de Évora (antigo Largo de Alconchel)
Passadiço da Casa Nobre do Largo dos Penedos
Os vastos paços tinham então frentes para os Largos de Alconchel e dos Penedos, Ruas da Carta Velha, Cal Branca e dos Penedos, ficando esta sobrepujada por amplo passadiço de alvenaria que o falcoeiro-mor de D. João III, Jorge Henriques, lhe construiu em 1550 sobre a adarve da muralha/medieval, na intenção de nos terraços dela fazer gaiolas e poleiros onde se espanejassem ao sol as aves de rapina.
(Túlio Espanca, no Inventário Artístico de Portugal, Concelho de Évora, I Volume, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1966, pág. 256, cols. 1 e 2.)
Os vastos paços tinham então frentes para os Largos de Alconchel e dos Penedos, Ruas da Carta Velha, Cal Branca e dos Penedos, ficando esta sobrepujada por amplo passadiço de alvenaria que o falcoeiro-mor de D. João III, Jorge Henriques, lhe construiu em 1550 sobre a adarve da muralha/medieval, na intenção de nos terraços dela fazer gaiolas e poleiros onde se espanejassem ao sol as aves de rapina.
(Túlio Espanca, no Inventário Artístico de Portugal, Concelho de Évora, I Volume, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1966, pág. 256, cols. 1 e 2.)
Olhando para trás
A seguir ao passadiço, à esquerda.
Largo dos Penedos. Em frente, atrás do plátano, parte da Casa Nobre do Largo dos Penedos.
O mesmo Largo
Idem
Começo da Rua de S. Cristóvão, do lado do Largo dos Penedos
Do lado de trás, ao fundo, «a torre cilíndrica de coruchéu cónico da escada de caracol» da Casa Nobre do Largo dos Penedos, a que nos voltaremos a referir em legenda a imagem da Rua da Carta Velha, na parte II desta mensagem.
Já se vê a guarita da sentinela e um portão do quartel.
Um pouco à frente, à direita, a Rua do Lagar de Cebo
Painel assinado e datado - 1944
No canto inferior esquerdo: G. & Q. (ou G. 8 Q.)
No canto inferior esquerdo: G. & Q. (ou G. 8 Q.)
St ANNA
Lxa
PORTUGAL
Portal gótico flordelizado, no n.º 4
Ao fundo, a passagem e antes dela a ponte com guarita, que leva a instalações do quartel, do outro lado da rua. O palácio dos Morgados da Mesquita corre ao longo da Rua de S. Domingos, dos dois lados da passagem.
Esta placa toponímica está aplicada na parede do lado esquerdo, junto ao arco da passagem.
Palácio dos Morgados da Mesquita, hoje do Ministério da Defesa / Exército Português
II
Ruas próximas da de São Cristóvão
Rua do Lagar de Cebo, vista da Rua de São Cristóvão
Rua do Lagar de Sebo
Rua de Frei Braz
Rua das Louz(s)adas
Empena na Rua das Louz(s)adas, de casa da Rua do Lagar de Cebo
Rua da Carta Velha
Rua da Carta Velha
«[...]a torre cilíndrica de coruchéu cónico da escada de caracol», que aqui vemos, pertencia à Casa Nobre do Largo dos Penedos.As palavras entre aspas são de Túlio Espanca, no Inventário Artístico de Portugal, Concelho de Évora, I Volume, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1966, pág. 256, 2.ª col.
O mesmo
Rua de Frei Braz
Mapa da Rua de São Cristóvão e outras próximas
*
Rua do Lagar de Cebo, vista da Rua de São Cristóvão
Rua de Frei Braz
Rua das Louz(s)adas
Empena na Rua das Louz(s)adas, de casa da Rua do Lagar de Cebo
Rua da Carta Velha
Rua da Carta Velha
«[...]a torre cilíndrica de coruchéu cónico da escada de caracol», que aqui vemos, pertencia à Casa Nobre do Largo dos Penedos.As palavras entre aspas são de Túlio Espanca, no Inventário Artístico de Portugal, Concelho de Évora, I Volume, Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1966, pág. 256, 2.ª col.
O mesmo
Rua de Frei Braz
Mapa da Rua de São Cristóvão e outras próximas
*
* A
placa toponímica, o típico círculo em fundo amarelo, seguida de legenda
sotoposta, em tira rectangular ligeiramente mais comprida que o diâmetro do
círculo, reza, assim:
LARGO DAS
ALTERAÇÕES DE EVORA
21/8/1637
--
GRANDE ABALO POLITICO PRECUR
SOR E ANUNCIO DOS SUCESSOS
EXTRAORDINARIOS DE 1640
ALEXANDRE HERCULANO
Mas não era disso que nós
queríamos falar. A historia da longa agonia do domínio portuguez no oriente é
formosa; porém não teve Barros e Coutos que a escrevessem, nem seremos nós que
o tentemos. Era do estado do reino nessa epocha que queriamos falar, ou antes
de uma explosão produzida entre o povo pela oppressão de mais de meio seculo.
Esta explosão foi a revolta d’Evora, grande aballo politico, precursor e
annuncio dos sucessos extraordinários de 1640.
Ver, aqui,
na pág. 386, 2.ª do documento, 1.ª coluna. A continuação do artigo, no n.º 137 de O PANORAMA.
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