Um pouco antes da hora marcada, já estávamos no patamar de entrada
da Câmara, talvez encostados ao parapeito, onde nos podemos apoiar e contemplar
o desafogo dos Aliados, com o edifício das Cardosas, ao fundo, e mais para trás
e por sobre isto, na linha de fuga a ligar ao horizonte, o alto da sé. Pedro
Baptista, que reclamou a presença de Nozes Pires, seu condiscípulo e ambos com
actividade saliente no movimento estudantil da Universidade do Porto, aparece e
cumprimenta-o cordialmente. Gostei do Pedro Baptista e do seu vigoroso aperto
de mão.
Rui Moreira, presidente da Câmara
Municipal do Porto, apresentou o autor e o livro, e o mesmo fizeram José
Manuel Lopes Cordeiro (historiador), José Queirós (jornalista) e José Sousa
Ribeiro (editor).
Chegou a vez do homenageado (a presença
das pessoas, no seu apreço visível fez da sessão uma homenagem) falar um pouco
de si e do seu tempo de moço, até ao 25 de Abril de 1974. Devia dizer falar do
livro, mas é a mesma coisa. Entre outras coisas e factos importantes que
referiu, deu a certa altura grande destaque a uma pessoa que quis estivesse presente e indicou e nomeou por extenso -- José Augusto Nozes Pires --, não
esquecendo neste momento Pedro Pisco e uma terceira de que não fixei o nome.
Recordo a figura deste senhor, Pedro Pisco, que esteve junto de nós nos
momentos que precederam a entrada no belo átrio da entrada.
Já li passagens do livro, do capítulo onde
se narram os acontecimentos de 1968 na Faculdade de Letras, livros lidos pelo
autor e seus confrades do curso de Filosofia, convívio e tertúlias em cafés e
outros lugares, as aulas de alguns professores, entre eles Ferreira de Almeida,
José Penedos e mais algum. Discussões de dialectas — diria — com Pacheco
Pereira, então como hoje, muito bibliófilo; o que vieram a ser alguns deles
pela vida fora... Nozes Pires, grande orador, e seriedade.
Enquanto as pessoas que tiveram a cargo a
apresentação da obra e o próprio autor evocaram a época, o percurso de Pedro
Baptista —, o que de maneira geral se pode agora calmamente ler em
DA FOZ VELHA A'O GRITO DO POVO
A oposição maoista à ditadura
Memórias, [1948 - 1974]
fui ao mesmo tempo
observando, procurando decifrar o que via nesta espécie de museu que é o átrio,
com as suas coisas permanentes e temporárias: a escadaria para o primeiro piso,
as duas grandes telas que delimitam o salão em que nos encontramos, exibindo a
marca PORTO, de maneira diferente, um grande ovo de pedra posto no meio do
corredor-salão. É uma abóbada celeste, ovo onde cabem todos os mundos, ou
simplesmente uma abóbada; por dentro, uma estrela, luz azul ou um planetário;
em órbitas sucessivas, planetas, o que quisermos.
Olhando para o cimo, na parte central da
sala, a pintura das armas do Porto, com a sua divisa, mais longa que o
habitual, dizendo indirectamente da importância desta cidade.
ANTIGA MUITO NOBRE
SEMPRE LEAL
E INVICTA CIDADE DO PORTO
Entre as duas
torres, está representada Nossa Senhora da Vandoma (padroeira principal). Pendente
do escudo, o colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito,
grau oficial, concedida à cidade do Porto, em 26 de Abril de 1919. Na medalha, lê-se
VALOR . LEALDADE .
E . MÉRITO
*
Houve lugar para
troca de impressões com companheiro ocasional, em lugar afastado do epicentro
da cerimónia de apresentação do livro. Contou-me que, durante uns bons vinte
anos (mais?), o Porto praticamente não tinha vida nocturna; as pessoas não
saíam, talvez por receio... Hoje, a partir das onze horas (da noite), começa a
«movida». Os Aliados ficam cheios de gente aí nos botecos do lado direito...
Conversa
agradável.
Pude comprovar a
vida nocturna em vários pontos da cidade.
Estátua do Corregedor Francisco de Almada e Mendonça,
grande urbanista da cidade do Porto
Do átrio, um pequeno corredor conduz a esta janela
Através do vidro, a cidade
É noite nos Aliados
*
Tem interesse consultar:
Sem comentários:
Enviar um comentário