Torres
Vedras, 30 de Julho
Palimpsesto
Diz-se
das folhas de pergaminho em que se rasurou o texto antigo e se tornou a
escrever outro por cima. Do grego, pálin (πάλιν), «de novo», e pssáô (πσάω),
«raspar».
Hoje,
à tarde, na Praça do Município, intrigou-me a falta de texto do lado da língua
portuguesa, em painel – aqueles painéis que lembram uma figura humana, ali,
para convidar e informar… A parte em inglês está presente, a do município
anfitrião, em branco. Receber bem turistas estrangeiros é uma coisa, mas
ignorarmo-nos a nós mesmos é estranho…
Que
terá acontecido? Que água, que pedra-pomes apagou, simplesmente… Na Idade Média
chegou a fazer-se isto, o pergaminho era caro, apagava-se e escrevia-se por
cima… A estes pergaminhos reutilizados
chamámos palimpsestos.
Olho
outra vez e não vejo nada na coluna em branco… Suspeito que ainda se vê
qualquer coisa, ponho a máquina a olhar por mim e, agora, em casa, vê-se
«claramente visto»! Esteve lá o texto, em português. Ainda lá está, será
possível reconstituí-lo todo!?... É exercício que não vou fazer…
Peço
a quem de direito ponha ou reponha a peça como deve ser…
Vale
a pena e a despesa…
Ver, abaixo, tradução desta nota sobre os Paços do Concelho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Palimpsesto
*
Uma tradução da informação sobre os Paços do Concelho
Desconhece-se
a data da construção dos primitivos Paços do Concelho. A primeira referência
é-lhes feita em 1337, tendo beneficiado de obras de recuperação em 1597 e 1634. Em
1745, sofreu grandes estragos, quando um preso tentou evadir-se da cadeia no
rés-do-chão, pegando fogo ao edifício. O incêndio destruiu quase todos os
documentos, medievais e contemporâneos.
A moderna configuração do edifício resultou das
obras de recuperação concluídas em 1776, que é também a data da fonte na Praça.
Departamento
central para os serviços administrativos do concelho local, o edifício foi
também usado como quartel-general do Comissariado de Guerra durante a ocupação
militar da cidade na Guerra Peninsular.
A
fonte – exemplo único do estilo pombalino em Torres Vedras – tem a seguinte
inscrição:
JOSEPH.
I.P.P. IMP AD CARCER POPVL. Q. COMMOD. FONT. HUNC. PVBL. EXP. PRAESES PROV.
ERIG. CVRAVIT AN. MDCCXXVI
(O
corregedor da comarca ordenou a construção desta fonte, a expensas públicas, no
ano de 1776, para cómodo da cadeia e do povo, no reinado de D. José I, Pai da
Pátria.)
No passado, a água era trazida pelo
aqueduto do Chafariz dos Canos e caía da bica em boca de golfinho para um
pequeno tanque de mármore. Em 2001, escavações arqueológicas no interior do
edifício revelaram nove silos mouriscos – os primeiros vestígios materiais da
ocupação árabe da região. Continham grande quantidade de olaria islâmica, da
época do califa de Córdova (séculos X / XI), bem como artefactos dos primeiros
anos da ocupação cristã e moedas dos séculos XII a XV.
(Esta nota, traduzida para português, é
uma actualização de 01-08-2017, 00:42)
Também acho que vale a pena...
ResponderEliminarLG.
Já sei a razão. A tinta foi sumindo. Haverá mais casos em idênticos painéis na cidade. Neste caso, pelo menos, o curioso é que o sumiço foi só de um lado. Pode ter que ver com a impressão feita, por línguas, em momentos e com processos diferentes...
EliminarJL