foi uma «Quinta com Livros», a partir das 19 horas, na sala multimédia da Biblioteca Municipal. A sessão decorreu de forma descontraída, tendo algumas pessoas mostrado um conhecimento já antigo e bem saboreado, chegando à intimidade da criadora de personagens como Poirot e miss Marble. A intimidade possível, tanto mais que na sua vida e do que dela quis mostrar terá Agatha Christie usado da sua capacidade (grande) de efabulação e orquestração. Intimidade com a autora e a sua maneira de construir as obras e com as personagens principais.
Como, tirando episódios ou filmes na televisão, só conheço O Assassinato de Roger Ackroyd, que ali nos reuniu e de que compartilhámos as impressões de leitura, só «vivo» deste livro, mas devo confessar que fiquei perfeitamente rendido à maestria da velha senhora. O rigor lógico que se vai tecendo e é culminante, quando Poirot chama os suspeitos à «sala de exame», o sistema sempre usado quando o desfecho está perto, é um jogo que delicia quem o observa. Poirot é ela. Vamos assistindo, fruindo, vamo-nos entretendo e procurando descobrir o suspeito. Penso que em vão. Neste caso, então...
Deixando de lado Poirot/Agatha, de quem gosto sempre, gostei muito dos dois irmãos, a Caroline e o mano médico, Dr. Sheppard. Mais velha que ele oito anos e vivendo na mesma casa, sem uma ocupação profisional, Caroline sabe tudo das pessoas de King's Abbot e exerce a sua actividade inquisitiva com tal arte e gosto... Obtém um conhecimento invejável, porque compensa com o somatório provindo de várias fontes, o que não pode obter por experiência directa. Mesmo do irmão, vai conseguindo saber o dito e o não dito, o que lhe quer dizer e o que quer ocultar. Uma perfeita psicóloga, indo além do consciente ou do que se manifesta, sem as pessoas terem consciência disso.
Concluindo: Caroline é a minha preferida. A seguir, gosto do assassino, como já disse, pois é nem mais nem menos que o Dr. Sheppard, de quem toda a gente gostava e nos cativa, por tudo o que vai fazendo e dizendo, amigo íntimo do assassinado... O efeito, no fim, é máximo. Como podíamos nós descobrir? Agatha entregou-lhe o papel de narrador e ele vai contando a história e ajuda nas investigações.
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