segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sr. Zé Guilherme

  «Tudo demuidado está»
 A propósito de um verso de Jaime da Manta Branca, referido na mensagem «Viagem a Portalegre»
     No ano lectivo de 1972/73, conheci o Sr. Zé Guilherme, quando me dediquei a pesquisar e recolher, e conviver com as pessoas que a faziam e diziam ou só diziam a feita por outros, a poesia popular alentejana, onde as décimas têm uma presença grande. Nessas andanças, a parte melhor foi feita na companhia do Francisco dos Santos Rodrigues, professor na Escola Preparatória de Estremoz, com idas praticamente semanais a Santa Vitória do Ameixial, a terra dele, sendo às vezes acompanhados pelo Dr. António Simões, o Dr. Simões, como lhe chamávamos. O papel do Chico foi fundamental. Conhecia toda a gente e é um deles, no carinho com que o tratam -- e respeito mútuo. Continuou a interessar-se por questões culturais, nomeadamente no âmbito etnográfico, com exposições documentando o modo de viver de tempos quase idos, trajes... Nisso, foi companheiro do Professor Joaquim Vermelho, cuja actividade está ao alcance de quem quiser pesquisar um pouco. Já rapaz dos seus dezoito anos, colaborava em pesquisas para o Dr. Marques Crespo e com poesias vertidas no livro deste, Estremoz e o Seu Termo Regional.
     O Sr. Zé Guilherme era cauteleiro, não sabia escrever; recordo-o como um homem robusto, bem disposto, educado, na sua franqueza, e sentindo-se bem na presença do seu semelhante. Devia andar pelos sessenta anos. Lembro-o no espaço do passeio, à saída do café Alentejano, em Estremoz. Do que me disse (e para o gravador), em 3 de Agosto de 73, peripécias com o Jaime -- ti Jaime --, décimas e motes, fica aqui apenas o mote de uma décima de Jaime Velez, o Manta Branca.

                            Tudo demuidado está 
                            Há novos artigos lidos  
                            Que decreto sairá 
                            P'ràs que arman'os maridos

Viagem a Portalegre

     5 de Julho
     ... despertei ao largo de Évora Monte e, depois de largos meses, fui-me aproximando de Estremoz. O estado é de expectativa, um pouco também (penso nisso, agora) de expectação, pois Estremoz vai nascer outra vez, para mim. Perto da cidade, uma grande vinha. A encosta do castelo, ao longe, com tom avermelhado, cor de tijolo, sem agricultura, livre, os afloramentos de mármore mais ou menos escurecidos, «ganhou» outra cor, cinzenta (?), sem aquele vago ressumar de sangue, sangue velado ou o que se quiser, mas cheio de carácter.
     Vou reconhecendo: a Rua do Reguengo em frente, que deixamos à nossa direita, o campo de hóquei, o antigo colégio de S. Joaquim (depois, secção do Liceu Nacional de Évora; mais tarde, Ciclo Preparatório), a Escola Secundária com 3.º Ciclo da Rainha Santa Isabel, que me pareceu irreconhecível, quase oculta pelas árvores. O conjunto de edifícios foi ampliado e remodelado, como se pode ver do lado do antigo ginásio. Rua da Estação, ao fundo à direita, a dos comboios; à esquerda, o terminal rodoviário, que deixou definitivamente a igreja profanada dos Oratorianos.
     Tudo foi retocado, mexido, acomodado ao tempo de agora. «Tudo demuidado está», como dizia o Sr. Zé Guilherme, [3 de Agosto de 1973] recitando umas décimas de Jaime da Manta Branca.
     A estação dos caminhos-de-ferro ostenta painéis de azulejos, protegidos por grossos vidros, que nada tiram a uma perfeita leitura. Esta «sala» do imenso museu vivo do azulejo constituído pelas estações da CP em todo o  país, (de lés a lés, estações com menos lés e menos vés e menos vez), merece ser fotografada, dada a conhecer.
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Gente de Estremoz no terminal rodoviário
     Gente nova lá fora, adultos vestidos com gosto e aprumo, jovens, urbanos. A pessoa do campo ou do trabalho, identificada pelo seu trajar, não a encontramos ali. Boa parte deles e delas devem ser estremocenses de gema, mas isso está no interior, não transparece à primeira vista na indumentária a quem olha de dentro e do alto de um autocarro. Se os ouvíssemos... São joviais. 


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     O expresso, depois de breve paragem, faz o percurso, de novo, pela rua da estação, ao lado direito as vivendas de funcionários da CP, cuidadas, no fim de tudo, também graciosa, a COCHEIRA DAS LOCOMOTIVAS. Rotunda. Que linda! Dois troços da via férrea e, no meio deles, um meio de transporte com rodados de ferro, manual, póprio para circular nos carris, para pequenos trabalhos. (No dia seguinte, indo de Évora para Portalegre, de automóvel, apeado, tu cá, tu lá e não do alto do assento do autocarro, a rotunda fica mais vulgar.) Logo a seguir, painel rectangular, ao alto, reproduzindo um «boneco de Estremoz», relativamente recente e bem conhecido, camponesa, cheia de mocidade e cor.
      Para trás, à saída da terra, fica o CONTINENTE, larga superfície ali plantada, como acontece praticamente em todo o lado, mas ainda assim absorvida pela vastidão dos campos.  Um pouco mais à frente, à direita, a saída para Orada e, depois, para S. Lourenço de Mamporcão. Digamos só da presença de Veiros, com um conjunto de pequenos edifícios a umas centenas de metros da vila lá mais acima. Este espaço a que me refiro forma um conjunto monumental, pela beleza, singeleza e importância que tem, no desafogo espiritual, de convívio, encontro da população em calendário próprio; nas dimensões familiares, estas casas, oferecem-se à intimidade das pessoas, a quem pertencem. Veiros tem dimensão de vila, a par de Évora-Monte e é como ela parte importante do concelho de Estremoz, onde vivi alguns anos e me prezo de procurar conhecer melhor. É uma pena nunca lá ter ido. Exige uma visita.
     ...    ...  Ribeira de Almuro, entre Veiros e Monforte. Um pouco antes, e depois, da ribeira de Almuro, verdes tufos de eucalipto, o verde do eucalipto no meio de umas tantas azinheiras e outras árvores. Para trás, ficaram campos amarelos, algum gado bovino, à esquerda.
     Deixemos pormenores do resto da viagem e cheguemos a Portalegre.
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     Em Portalegre, cidade...
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     O Hospital foi o centro da breve passagem pela cidade de Portalegre, mas não deixámos de a admirar, de a respirar. Até uma outra vez e por outros motivos, e o melhor será ir ver a cidade, só por si, viver o seu dia, cafés, edifícios principais, as ruas, a livraria Nun'Álvares, a Sé,  as redondezas, a serra, o recolher e a alvorada.
     (Em Portalegre, 5, 6, 7 de Julho, a partir de Torres Vedras, Évora e Ponte de Sor.)

Painel de azulejos do Hospital de Portalegre
de Luís Filipe de Abreu
       A vida. O painel podia intitular-se O Amor, A Vida, A Passagem das Gerações.
       A mulher, árvore da vida.
     Uma planta dificulta a leitura; oculta, em parte, uma figura que parece ser a morte representada na gadanha que segura na mão esquerda, com a direita sobre o ombro de um homem novo, como a dizer-lhe «Memento!» (Lembra-te!) No início da composição, da marcha ou peregrinação, um olho que vê e provê.
       A cor laranja e amarelo torrado é ambígua: luz ou chama.

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O Hospital Distrital de Portalegre


Painel de azulejos
Luís Filipe de Abreu, 1974

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     Agradeço ao autor do blogue sitioseestados.blogspot.pt as fotografias da ribeira e ponte de Almuro. O meu agradecimento é extensivo à Wikipédia, quanto ao artigo sobre Luís Filipe de Abreu. 

domingo, 21 de julho de 2013

Troféu Joaquim Agostinho (2013, 36.ª edição)

     Hoje à tarde, consagração do vencedor do Troféu Joaquim Agostinho. Saindo em direcção a Runa e derivando para a estrada de Alenquer, parámos no Curvel. Inicia-se aqui a subida, quase toda de grande inclinação (atenua-se um pouco com a aproximação ao planalto); chegados ao alto da Carvoeira, pouco menos de quinhentos metros separam da meta. A paisagem é soberba. «As pessoas daqui deviam pagar imposto por esta vista», disse eu a um senhor, meu companheiro de momento.
     A mãe do Brabio esperava-o, para o alentar na subida, «rapazinho» de dezanove anos. Faltou a tinta para a segunda demão do branco, escrita a spray na estrada, para dar força aos rapazes, mas o que conta é a vontade de os animar. Palmas e incitamentos verbais; também participei, com todo o gosto. Como não se pode ter tudo, também o meu cartão de memória ficou full(o) e não dou imagens da chegada à meta.
     Quem quiser, pode ler a notícia da etapa de hojeaqui.

     De regresso a Torres, tinha de se entrar no Curvel, fazendo um desvio e apanhando a estrada nacional um pouco adiante, perto de Filha Boa. Foi ocasião para ver quase furtivamente as casas e ruas estreitas com seus nomes, tudo a merecer nova e demorada visita. A certa altura, a igreja da Carvoeira, nas suas barras de azul, linda, no meio de toda a beleza da terra.

     Ver também:

http://www.youtube.com/watch?v=rBpB5VsTVsI



















 Zona da meta, ao fundo

Paisagem

     Nota: o vídeo foi acrescentado às 00:53 de 22-7-2013.




sábado, 20 de julho de 2013

Nós, hoje

     Manuel Clemente.
     Quem quiser, pode falar com ele, imaginando-se no lugar de Rosa Ramos. É de uma conversa que se trata. É tão bom uma boa conversa...
   
     Fala-se de nós, Manuel Clemente fala também de si; da igreja, da necessidade dos partidos, da importância da comunicação social, dos centros de acção social (cerca de trezentos) na diocese de Lisboa. Aos políticos pede que manifestem mais clareza, pedagogia e solidariedade.

     E mais.

     A entrevista está aqui.
     (Hoje, na edição papel e on line do jornal i.)

domingo, 14 de julho de 2013

Lincoln, Brasil e o Acordo Ortográfico

       Mais uma vez: perdi o texto introdutório. Dizia lá que:

      É imposível uma sistematização da ortografia, de modo a obter coerência total; isso nunca se alcança, mas pode haver grande rigor e competência na organização e estabelecimento das bases, visível nos resultados finais.. Assim, apesar de já ter uma raiz política, o acordo de 1945 foi servindo. Com Marcelo Caetano foram introduzidas pequenas alterações e chegou-se à situação em que nos encontramos, lembrando as árvores das nossas ruas e de alguns espaços públicos, sujeitas, não a poda, mas a decepação. Parecem mãos erguidas ao céu, gritando a sua revolta; rapidamente se enchem de rebentos e folhas e passarada a cantar. É rápido e barato...
      A língua é diferente. Nela vai a nossa alma. Língua e alma são a mesma coisa.
      Os senhores políticos (aliás, acompanhados nesta questão por muito boa gente que concorda ou até anseia por uma harmonização ortográfica com outros povos) têm uma missão nobilíssima, a de serem defensores do povo, da complexa comunidade que ele é, e de desenvolvedores, pelas suas iniciativas, do bem-estar geral. Precisamos de bons políticos. Erraram. Às vezes, é melhor não fazer nada. Desistir.
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      Há anos, aconteceu ver um filme de desenhos animados falado em português do Brasil, para crianças de cinco, seis anos. A linguagem era tão diferente, que me incomodou, perante uma assistência ainda em formação, indefesa. Atenção às grandes realizações. Agradecemos ao benemérito José Mauro de Vasconcelos, no seu patamar altíssimo,  O Meu Pé de Laranja Lima, para crianças, jovens e adultos.
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      A linguagem falada, que tem a ver com a ortografia? As coisas andam ligadas, como se pode ver no artigo que segue, hoje publicado na Revista, suplemento dominical do Público. Já depois de ter copiado o texto da edição on line, pesquisei na internet e encontrei-o, de novo,  na página da ILC AO (Inicativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico). Retirei «os mata-moscas».
      Dá-se também dois endereços electrónicos da ILC AO (num deles, o texto, com hiperligações; no outro, propostas de legislação, oito páginas).
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NUNO PACHECO
EM PÚBLICO

LINCOLN, BRASIL E O ACORDO ESTABANADO

      Já nestas crónicas se escreveu sobre isso, há três anos, mas como a coisa se mantém não é mau voltar a lembrar. Na edição de filmes em Blu-ray ainda se menciona “Brasileiro” como língua para legendas. Mas só na capa dos filmes, porque lá dentro, nos discos, vem claramente escrito Portuguese e Portuguese (Brazil) ou Brazilian Portuguese, tal como aliás sucede com o Espanhol, quando é subdividido em Castilian Spanish e Latin Spanish. O que leva então os portugueses a imprimirem capas com “Brasileiro” escrito? Enquanto não se descobre a razão de tal teimosia, comparem-se, por curiosidade, algumas legendas de um filme que muitos terão visto no cinema e agora já podem ver ou rever em casa: Lincoln, de Steven Spielberg.
      Acertando as legendas para “Brasileiro”, Mary Todd Lincoln diz (aos 10m12s) ao marido: “Lembra que Robert [filho de ambos] vai estar aqui para a recepção? Sabia que ia esquecer.” Em Português, a tradução é assim: “Lembras-te que o Robert vem a casa para a receção? Eu sabia que ias esquecer-te.” Muda-se o tipo de tratamento, de “você” para “tu”, respeitando o uso de cada país, e a palavra “recepção”, que em Portugal se abastardou.
      Pouco depois (13m10s), Lincoln apresenta-se em público para dizer umas palavras e hastear a bandeira. Em “Brasileiro” diz assim: “A mim cabe hastear a bandeira. Se não houver falha no maquinismo eu o farei.” E em Português: “O papel que me cabe é hastear a bandeira. O que, caso não haja falha de equipamento, farei.” Mesmo escritas, “ouvimos” as diferenças. A cena seguinte passa-se entre William Seward e Lincoln (14m29s). O primeiro queixa-se: “São os mesmos caipiras ignorantes que rejeitaram a emenda há 10 meses.” Lincoln diz: “Gosto de nossas chances agora.” Isto no tal “Brasileiro”. Em Português a frase é mais extensa: “É a mesma cambada de labregos e carreiristas sem talento que rejeitou a emenda há 10 meses. Perderemos.” E Lincoln responde: “Gosto das nossas probabilidades.” A mesma língua, sem dúvida, mas duas formas diferentes de usá-la em termos coloquiais.
      Querem “ouvir” diferenças maiores? Estão neste diálogo entre Latham e Bilbo, que Lincoln contrata para angariarem apoiantes para a sua 13.ª Emenda à Constituição (37m27s). Ao verem o debate no congresso, interrogam-se: “Quem é aquele homem todo suado que morde o polegar?” “Não o conheço. Parece inquieto.” Isto em Português. Em “Brasileiro” o diálogo é traduzido assim: “Quem é o suado mordendo o dedão?” “Desconheço, parece irrequieto.” Um pouco mais adiante (38m14s), ainda com os mesmos protagonistas e o mesmo cenário, primeiro na versão em “Brasileiro”: “O interessante é que o sr.
Yeman parece irritado.” “Ele devia estar aplaudindo.” “Parece que comeu ostra podre.” E agora em Português: “O mais interessante é o aspeto carregado e descontente do sr. Yeaman.” “Ele devia estar a aplaudir.” “Parece que comeu uma ostra estragada.” Viram o “aspeto”? Se na versão brasileira fosse incluída tal palavra, escreveriam “aspecto”. No espeto, só os portugueses.
      Por fim, só mais um exemplo, ainda com Latham e Bilbo (44m23s), desta vez a explicarem a Lincoln quem haviam conquistado para a causa anti-esclavagista. Ao falarem de Giles Stuart (Stuart está a levantar dinheiro do banco, dão-lhe um encontrão, as notas espalham-se pelo chão e, enquanto eles o ajudam a apanhá-las, mostram-lhe a proposta de 13.ª Emenda), comentam (em Português): “Que trapalhão.” E em “Brasileiro”: “Bem estabanado.
      Bem estabanado??? Será Tupi? Guarani? Sertanejo? Gaúcho? Nada disso. A palavra virá do latim tabanu, espécie de moscardo, que deu origem a tabão ou tavão. Ora, cruzando informações de vários dicionários, a picada de tal moscardo fazia com que a vítima ficasse tresloucada, descuidada, desastrada. O estabanado (ou estavanado) vem daí.

      Pois bem: que tabão terá mordido a quem acha que pode “unificar” diferentes modos de falar e escrever uma mesma língua (o Português) num acordo ortográfico que apenas finge que é tudo igual, já que continuará a haver traduções diferenciadas (em filmes, livros, peças de teatro) para Portugal e para o Brasil? Que desvario moverá tais criaturas, contra todas as evidências, argumentos e protestos? Quem caça o moscardo e o neutraliza, para evitar os malefícios de tão estabanado acordo?

            Os mata-moscas foram retirados, com a devida vénia da ILC AO.
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quinta-feira, 4 de julho de 2013

O MEU PROGRAMA DE GOVERNO

        Eis um livro de José Gomes Ferreira que me agrada. Compus uma mensagem, com transcrições, mas tive problemas e perdi tudo. Como não vou refazer o trabalho perdido, direi apenas o essencial duma primeira impressão. 

       O MEU PROGRAMA DE GOVERNO é esclarecedor e honesto, servido por uma escrita fluente. Vale a pena de ser lido, mas não é com  esforço que o lemos, antes com prazer. Nota-se o dom de escritor que José Gomes Ferreira quer ainda vir a ser, logo no capítulo «Responsabilizar os políticos pelos erros que fizeram», onde começa por recordar a raiz mais próxima da actual situação em que nos encontramos, começando por José Sócrates e alguns dos seus ministros; recorda Carlos Zorrinho, Mário Soares, passando a interpelar, como em diálogo, pessoas da área do PSD e do CDS. Esta parte é a mais dramática, é uma pintura a fresco. Este mural começa com Bagão Félix. Os anteriormente recordados são chamados de «campeões da contradição» e ao novo friso de protagonistas são também assacadas medidas importantes que vão contra a corrente do que defendem, hoje. Guterres, Durão Barroso, Cavaco Silva pisam o palco por momentos e é-lhes perguntado por esta voz do povo:


       E você, Dr. Bagão Félix, «lembra-se de que não soube acautelar medidas para conter o défice em 2004?»; e, professor Aníbal Cavaco Silva, estamos reconhecidos pelo muito que fez. «Sim, foi há mais de 20 anos, todos lhe devemos um grande Obrigado!», mas não se esqueça de que…, de que… e de que…
       «Já em Belém, professor, porque nunca disse alto e bom som que «não!», quando Mário Lino e Paulo Campos quiseram alterar todo o modelo de financiamento da Estradas de Portugal, atirando este departamento do Estado (sim, ainda hoje é mentira que se trate de uma verdadeira empresa) para uma situação de endividamento do ponto de vista económico e financeiro?»

       Foi para mim uma surpresa saber que José Gomes Ferreira não é um economista, tal é a informação segura que exibe a quem o costuma ver e ouvir na televisão. Destaco o optimismo que nos deixa; acredita, gostaria de acreditar, que temos bons dirigentes políticos, banqueiros preocupados com a sustentabilidade da economia, empresários que defendem o bom nome das instituições que criaram.

       «Estes banqueiros existem, estes políticos existem, esta gente boa existe em Portugal. Estão manietados pelos outros, os que têm agenda própria, contrária à agenda do país. Vamos fazê-los mudar de atitude, aos que prejudicam o interesse nacional.» 

       Na NOTA FINAL deste livro «para o cidadão comum», não para «os entendidos e iluminados»1, é forte a esperança:


       «O balanço não é positivo. Há-de ser.
       A demonstração de resultados não é brilhante. Somos capazes de fazer melhor.              
       Faremos melhor a partir de agora.
       Portugal é um Grande País.
       Os Portugueses são um Grande Povo.»



       Vou ler.
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1. De «UM LIVRO PARA O CIDADÃO COMUM», páginas 474-475. 

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segunda-feira, 1 de julho de 2013


Uma surtida rápida pela Feira de S. Pedro
       A magia é grande, para os mais novos. Quanto a quem já viu muitas, pode até passar sem lá ir. Agora, há muitas ofertas de mercadorias e distracções as mais variadas ao longo de todo o ano, mas, uma vez lá, somos imediatamente tocados. A feira é outra coisa.
       Fui a Évora, no dia 13 deste mês. Acontece-me sempre. O ar, a luz, o calor, a terra são diferentes e nós, ali, ficamos diferentes. O ambiente alimenta-nos, gera-nos e nessa gestação somos outros. O mesmo acontece na feira. Entrada junto ao rio Sisandro, caminho de terra batida, e a bonita roda com cadeirinhas, ao fundo. Colorida, panorâmica. Apetece andar nela, mas não o vou fazer. É assim. Lembra logo Londres, a Londres aonde nunca fui. Em Lisboa, no alto do Parque Eduardo VII, também há uma. Londres, porquê? Deve ser maior. Lembra o «London eye» e pronto. É a nossa Londrezinha.
     Por hoje, algumas fotos, sem legendas. Pena é que não haja ou não os tenha eu visto, pequenos stands com artesãos a fazerem peças do seu ofício e disponíveis para falar connosco. Latoeiros, por exemplo.