sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fernando Vicente, na Biblioteca Municipal

É bom ler na biblioteca municipal, sábado à tarde. Foi o que fiz, hoje, pelas 16 horas, para ler Um prefácio geral*, texto de dez páginas. Costuma-se ouvir:  «Ler é um prazer.» E foi grande. Uns minutos antes de para ali me deslocar, soube da exposição sobre o torriense Fernando Vicente e o Tarrafal. Fiz a minha apreciação, no corredor do rés-do-chão por onde se acede à biblioteca. Eu, e, depois, duas senhoras. A abertura da exposição tinha sido pouco mais de uma hora antes.
Na parede, um painel sobre o Tarrafal, onde estiveram presos políticos portugueses até ao seu encerramento, em 1954. O campo foi reaberto em 1961, para receber opositores políticos do regime de Salazar, desta vez apenas pessoas das ex-colónias, do Ultramar, como então vulgarmente se dizia. Outro painel, sobre a homenagem prestada em Lisboa aos mortos no Tarrafal. Da parte comemorativa de Fernando Vicente se dá imagens, abaixo.
A exposição é bastante interessante, cumprindo o seu papel de dar a conhecer aspectos da nossa vida, da nossa história, que muitos ignoram. De Fernando Vicente, já conhecia alguma coisa. A rua que liga o Bairro Arenes à Agriloja e Choupal tem o seu nome.
A exposição, seguida de debate, é da responsabilidade do PCP. O orador foi Domingos Abrantes.








*
http://www.cm-tvedras.pt/agenda/detalhes/11302/  (Ver, aqui, a divulgação do evento)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_do_Tarrafal  (O Campo do Tarrafal, na wikipédia)
       _______________
      * Assinado J.J. Conceição Rocha, Lisboa, s./d. (1971?), in Dispersos, 2.ª ed., Lisboa, ICALP, 1989, pp. 5014-509. [Conceição Rocha é pseudónimo de Agostinho da Silva e o texto em apreço republicado em AGOSTINHO DA SILVA, Textos Vários/Dispersos, Círculo de Leitores, licença editorial por cortesia de Âncora Editora, 2003. «BEIRA -- MOÇAMBIQUE / CLÁSSICOS DO MUNDO PORTUGUÊS». Debaixo deste título segue apenas o texto «Um prefácio geral», p. 211 a 221.]

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Moinho de Maré de Corroios - Eco-Museu

22 de Fevereiro, domingo

No dia 22 de Fevereiro, domingo, realizou-se mais uma «caminhada no mar do Tejo», orientada pelo geólogo Carlos Cupeto, da Universidade de Évora. Muito cedo, iniciei uma viagem de mais de cinquenta quilómetros, para ter pouco trânsito e ir com calma. Já em terras de Almada, perguntei a alguém como se vai para Corroios e lá cheguei. Algum desconforto com a paisagem urbana, labiríntica, para quem não a viu crescer, e aparentemente sem pontos de convívio visíveis, como cafés e jardins. Deixado o carro na Rua Cidade da Amadora, procurando um pouco, a coisa melhorou. Encontrei um café, depois, outro, homens parados a conversar… Corroios começa a ganhar alma e a primeira impressão a desfazer-se. O António*, homem novo, cinquenta anos?, leva-me até ao Eco-Museu, ele no carro dele, eu no meu, seguindo-o. Despedimo-nos. O encontro com a gente do grupo era às 9:45.

10:00 – início da caminhada
12:30 – almoço na Ponta dos Corvos
14:30 – regresso ao ponto de encontro e visita ao Moinho de Maré de Corroios

Fomos na maré baixa até à Ponta dos Corvos, à beira-rio. Há sempre povoações à vista, lindas todas, vistas da praia; primeiro Corroios, depois, Lisboa, Barreiro, Seixal. O regresso fez-se pelo lado interior do sapal, de cuja importância e origem em termos geológicos, nos informou o Prof. Carlos Cupeto.

À ida, gente a apanhar bivalves, bicicletas deixadas na areia, a espaços mais ou menos regulares, esperando os donos, quando a maré começar a encher. No regresso, vamos apreciando flores, arbustos, árvores, aves, moinhos de maré já desactivados, a língua de água salgada que cerca o sapal, com suas «ilhas», o observatório da aves (parece o esqueleto a popa de uma nau). Estamos numa zona que é um santuário de aves. Os donos das bibicletas montam-se a cavalo nelas e vão em grupo a caminho de Corroios, à nossa frente.

No Moinho de Maré de Corroios, uma técnica superiora da Câmara Municipal do Seixal, formada em História, que nos acompanhou a partir da Ponta dos Corvos, explicou o funcionamento deste estabelecimento fabril, no enquadramento socioeconómico da época. Tivemos uma recepção informada e cordial, de que é exemplo o pequeno apontamento de vídeo sobre o sino dentro do saco de cereal no teigão que tocava, quando se acabava o trigo ou centeio ou cevada. Vimos todo o mobiliário industrial, próprio de um moinho de maré. Só não vimos o piso inferior, onde haviam de estar as pás e os rodízios que faziam rodar o eixo vertical, que, por sua vez, accionava a mó em cima.
Depois da travessia por Loures, Odivelas, Lisboa, Almada, Corroios, que bom foi uma caminhada-passeio, em contacto com a natureza. Relaxante…, repousante.
Já de regresso, convívio na cervejaria Mil e Tal, onde se come um prego, ao nível do Sapal. Nota máxima. O melhor de sempre.
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* Nome fictício, para não ter de dizer «um homem», «um senhor».



Por sobre o portal, lê-se:
D. A.
ANNO DE 1752  [B C?]




      O moinho de maré de Corroios, edificado por iniciativa do Santo Nuno Álvares Pereira, constitui um exemplo do aproveitamento da energia das marés, cuja aplicação à actividade moageira se generalizou noutros tempos no estuário do Tejo.
      Convidamo-vos a descobrir a história deste edifício, a sua relação com o espsaço geográfico em que se insere e os princípios tecnológicos que regem o seu funcionamento.
      Sejam bem-vindos! [Legenda do cartaz afixado no espaço de entrada da «exposição de longa duração», de onde foi recortada a fotografia supra.]


Esta pirâmide invertida é o teigão.



Na primeira etiqueta, a apontar para o espaço onde esteve o saco, lê-se: Farinha de trigo integral; na outra, lê-se: Trigo.


«O moleiro até sabia quando é que faltava o cereal, aqui dentro. Não era preciso subir a escada e espreitar. Este barulho que vocês ouvem (toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc), quando faltasse o cereal dentro do teigão, era acompanhado por outro barulho (toc, toc, toc, toc, toc)... Sabem qual era o outro barulho (toc, toc, toc)?... Era um chocalho a tocar, um sino... Ele, aqui no fundo, tem um prego, dum lado ao outro, com um cordel onde tem um sino. Enquanto o sino estiver dentro do cereal, não toca. Pode estremecer à vontade, que não toca. Assim que faltar o cereal, começa a...»  Bata lá mais um bocadinho!... Só para ouvir... — toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc... «Oh... Está a ver? Já está a precisar de mais... Já está a precisar...» [Riso geral.]

*
No piso de cima



A Sr.a técnica superiora da Câmara Municipal do Seixal, no decurso da sua exposição



Nota de laboração

Dentro de um círculo, 5 e 11, os moinhos destruídos. 1 Moinho da Torre, 2 Moinho da Passagem, 3 Moinho do Capitão, 4 Moinho do Galvão, 5 Moinho da Raposa, 6 Moinho de Corroios, 7 Moinho de Maré Velho dos Paulistas, 8 Moinho de Maré Novo dos Paulistas, 9 Moinhos do Breyner, 10 Moinho da Quinta da Palmeira, 11 Moinho do Cabo da Linha, 12 Moinho do Zeimoto

Da janela do 1.º andar

Vista da janela do 1.º andar

Foto de família, no fim da visita

Moinhos de maré do Seixal

22 de Fevereiro, domingo
No dia 22 de Fevereiro, domingo, realizou-se mais uma «caminhada no mar do Tejo», orientada pelo geólogo Carlos Cupeto, da Universidade de Évora. Muito cedo, iniciei uma viagem de mais de cinquenta quilómetros, para ter pouco trânsito e ir com calma. Já em terras de Almada, perguntei a alguém como se vai para Corroios e lá cheguei. Algum desconforto com a paisagem urbana, labiríntica, para quem não a viu crescer, e aparentemente sem pontos de convívio visíveis, como cafés e jardins. Deixado o carro na Rua Cidade da Amadora, procurando um pouco, a coisa melhorou. Encontrei um café, depois, outro, homens parados a conversar… Corroios começa a ganhar alma e a primeira impressão a desfazer-se. O António*, homem novo, cinquenta anos?, leva-me até ao Eco-Museu, ele no carro dele, eu no meu, seguindo-o. Despedimo-nos. O encontro com a gente do grupo era às 9:45.

10:00 – início da caminhada
12:30 – almoço na Ponta dos Corvos
14:30 – regresso ao ponto de encontro e visita ao Moinho de Maré de Corroios

Fomos na maré baixa até à Ponta dos Corvos, à beira-rio. Há sempre povoações à vista, lindas todas, vistas da praia; primeiro Corroios, depois, Lisboa, Barreiro, Seixal. O regresso fez-se pelo lado interior do sapal, de cuja importância e origem em termos geológicos, nos informou o Prof. Carlos Cupeto.

À ida, gente a apanhar bivalves, bicicletas deixadas na areia, a espaços mais ou menos regulares, esperando os donos, quando a maré começar a encher. No regresso, vamos apreciando flores, arbustos, árvores, aves, moinhos de maré já desactivados, a língua de água salgada que cerca o sapal, com suas «ilhas», o observatório da aves (parece o esqueleto a popa de uma nau). Estamos numa zona que é um santuário de aves. Os donos das bibicletas montam-se a cavalo nelas e vão em grupo a caminho de Corroios, à nossa frente.

No Moinho de Maré de Corroios, uma técnica superiora da Câmara Municipal do Seixal, formada em História, que nos acompanhou a partir da Ponta dos Corvos, explicou o funcionamento deste estabelecimento fabril, no enquadramento socioeconómico da época. Tivemos uma recepção informada e cordial, de que é exemplo o pequeno apontamento de vídeo** sobre o sino dentro do saco de cereal no teigão, que tocava, quando se acabava o trigo ou centeio ou cevada. Vimos todo o mobiliário industrial, próprio de um moinho de maré. Só não vimos o piso inferior, onde haviam de estar as pás e os rodízios que faziam rodar o eixo vertical, que, por sua vez, accionava a mó em cima.
Depois da travessia por Loures, Odivelas, Lisboa, Almada, Corroios, que bom foi uma caminhada-passeio, em contacto com a natureza. Relaxante…, repousante.
Já de regresso, convívio na cervejaria Mil e Tal, onde se come um prego, ao nível do Sapal. Nota máxima. O melhor de sempre.
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* Nome fictício, para não ter de dizer «um homem», «um senhor».
** Ver na mensagem seguinte: «Moinho de Maré de Corroios – Eco-Museu».


































Azedas

Azedas


Margaridas


Margaças









Despojos dos apanhadores de bivalves



Sapal

Sapal




Sapal


Observatório de Aves





Aquacultura

Aquacultura