segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O Parque Linear Ribeirinho Estuário do Tejo

27-11-2016, Domingo
Na Póvoa de Santa Iria, com o «Tejo a pé»
Ainda antes de toda a  gente chegar, tirei algumas fotografias sem encarar de frente o mouchão grande da Lezíria, por causa do sol.
Às 9:45, iniciámos a caminhada junto à Praia dos Pescadores, na direcção norte. 
Foi uma primeira aproximação a esta que já foi zona de avieiros. Corvos grandes, de corpo esguio, voam perto da margem em vigorosas braçadas. Conversou-se bastante, pequenos grupos faziam-se e desfaziam-se..., sem perder de vista o que nos rodeava.
De regresso, deixando Alverca para Arruda dos Vinhos, os nossos olhos contemplam por momentos a larga faixa densamente coberta por espécies vegetais, o rio, o mouchão grande... Um olhar para trás, sem ficar transformado em estátua. De sal, bastou o que tive nas mãos, pequena ponta de salicórnia, sal verde, como alguns lhe chamam.
Há que voltar, sem horário.






Convite para a inauguração do espaço


Carimbo do café Guarda-Rios
__________________________________________________________________
http://www.cm-vfxira.pt/pages/338 (O Parque Urbano da Póvoa de Santa Iria e o Parque Linear Ribeirinho Estuário do Tejo)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Cortar ou não cortar, à vontade do freguês

Não quero chatear, mas esta é só mais uma!...
______________________________________________________________________________________

"Para os mais desatentos, a forma "interrutor" (sic) passou mesmo a ser uma variante de "interruptor". E exclusiva de Portugal.
Além de constar no Vocabulário Ortográfico do Português (VOP), elaborado pelo ILTEC, figura agora também no "Vocabulário Ortográfico Comum" (VOC).
Aparentemente, o ILTEC, numa interpretação muito própria das "pronúncias cultas da língua" explanadas no "Acordo Ortográfico" de 1990, encontrou espécimes raros que omitem aquele "p" na pronúncia.
Perante tamanha anomalia linguística, não será de admirar que os incautos (e não só) andem a cortar consoantes a torto e a direito na escrita, na convicção de que aplicam a moderna ortografia.
Mas a culpa não é do AO90, pois não, Ciberdúvidas da Língua Portuguesa?
Imagem daqui: http://bit.ly/2fGehPh
Subscreva a iniciativa de referendo: http://bit.ly/2cPDNDL [Com a devida vénia a «cidadãos contra AO 90»]

sábado, 19 de novembro de 2016

O Quartel-general de Wellington no Vimeiro

Domingo, 13 de Novembro de 2016
Pelas 15 horas, estava programado o início da última jornada do Ano de Wellington no Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro. Deixo o carro na zona onde estão sediados os edifícios do quartel-general do general Arthur Wellesley, mais tarde duque de Wellington e marquês de Torres Vedras, do hospital de sangue (muito provavelmente?) e a igreja. Vou subindo até ao cimo da colina e, aí chegado, alcanço o Centro de Interpretação, já o Coronel Américo Henriques com a sua veemência contagiante nos dizia da Guerra Peninsular e respectivo contexto. Tempos muito duros. Por mim, lembro muitas vezes a crise ou revolução de 1383-1385, em que nas palavras de Camões n'Os Lusíadas Portugal viveu um «grande aperto». Há semelhanças com os dias de hoje, o que também nos foi apontado.
Para saber mais, pode ver-se as informações contidas nas legendas, abaixo. Há também um pequeno vídeo em que não me canso de ver a parte final, da dança.

 *




Houve «comunicação do Coronel Américo Henriques sobre “O Povo Português na Guerra Peninsular”, seguida de um passeio evocativo pelo Vimeiro com momentos de animação histórica pelo Grupo de Recriação Histórica do Vimeiro e pelo Grupo “Guerrilha de Montagraço”.»  (Do sítio na internet do Município da Lourinhã)

O coronel Américo Henriques foi veemente. Comunicou entusiasmo a quem o ouvia. As nossas fraquezas também não foram poupadas e assim terá de ser, se se não quiser faltar a um retrato realista. A ida do príncipe regente para o Brasil, o embarque, tesouros abandonados no areal devido à urgência da partida, os milhares que acompanharam D. João... O povo ficou. «Os estados não têm amigos, têm interesses», disse e repetiu o orador na evocação da Guerra Peninsular, dando alguns exemplos. Do que foi dito se concluiu haver semelhanças claras entre a situação portuguesa de há duzentos anos e a vivida actualmente. E nem tudo podemos atribuir aos outros.





 *
Passeio evocativo

O primeiro passo foi ir ao miradouro. Do outeiro do Vimeiro para o campo de batalha.

Marcha em direcção ao quartel-general, à vista do largo da Igreja.




Rua dos Oficiais. O último edifício à esquerda pertence ao conjunto do quartel-general

Bandeira do Regimento N.º 19



Depois do fracasso dos franceses na tentativa de tomar o outeiro do Vimeiro, Junot mandou atacar na zona da igreja.  Nesta imagem, a Dr.ª Ana Bento explica como foi a reacção popular das pessoas que estavam na igreja juntamente com o padre. Saíram pela porta da igreja inflamados de ira na defesa do seu chão. Num dos painéis cerâmicos da praça do Monumento, entre o Centro de Interpretação e o obelisco, onde não é perceptível a contribuição popular, a legenda:

Antiga Igreja do Vimeiro
21 Agosto 1808
Foi defendida pela brigada Anstruther
do 3.º ataque Francês
                                                                           


Rua 21 de Agosto


*



A fúria alegre de hoje, que o pior foi há duzentos anos..., pouco mais. Nestas reconstituições há boa disposição. Pena não ter visto as outras actividades do Ano de Wellington. A brincar também se aprende o nosso passado, quem somos...











*

A Dr.ª Ana Bento, do Centro de Interpretação, no uso da palavra



Imagem antiga do quartel-genaral
Seguiu-se projecção de diapositivos, comentados por Ana Maria Martins, apaixonada pela história; já foi presidente da Junta e mantém no facebook um caderno de Apontamentos sobre o Vimeiro e arredores. Aí podemos encontrar fotografias antigas, de pessoas, edifícios, mapas e outros documentos. E ainda um suplemento do jornal Alvorada, «VIMEIRO DOS HERÓIS» (32 páginas): heróis do quotidiano  — autarcas, artesãos, donos de quintas e de algum modo as próprias quintas, párocos, associações culturais e recreativas (Vimeiro e Toledo), estabelecimentos com porta aberta ao público, habitantes já desaparecidos. Dá-se notícia de património histórico em geral. O nosso destaque, entre os artistas, vai para o Sr. Salvador (Salvador Vítor Ferreira da Silva). Pintou cenas da batalha do Vimeiro, sendo dele os painéis cerâmicos da praça do Monumento, o grande «fresco» da batalha no piso inferior do Centro de Interpretação e as placas toponímicas, bem interessantes e algumas delas com a figura de homens e mulheres da terra, com traje personalizado.

Ana Maria Martins, habitante do Vimeiro e profunda conhecedora da história da localidade, vai também falar sobre este edifício histórico, contando pormenores sobre a sua evolução ao longo do tempo. (Do sítio na internet do Município da Lourinhã)
O espaço serviu também de escola primária, sede da junta de freguesia, jardim-de-infância... A dona, Professora Rosa, deu o edifício à igreja, mas desconheço por ora a situação. Muito interessante será conhecer melhor todas as utilizações que foram sendo dadas ao «quartel-general», depois do tempo da batalha até aos nossos dias.



O edifício do quartel-general na altura em que serviu de jardim-de-infância






*



A atividade “O Quartel-General de Wellington no Vimeiro” culmina com um lanche temático no Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro. (Do sítio na internet do Município da Lourinhã)



Quando podiam, os ingleses não se privavam (os graduados?) de nada, como se estivessem na loira Albion, por exemplo, a caçada à raposa. Dona Raposa, aqui representada, com dois cachos de uva pendentes. Uva, vinho.

Vinho, a casta arinto. Wellesley apreciava o seu arinto. Aqui o vemos entre a raposa da caçada e  Napoleão caçado dentro do cofre com as nossas riquezas.


Na mesa se vê alguns despojos do lanche oferecido. A raposa está em maior destaque, a propriamente dita. As outras duas compõem o quadro.











 *
 WELLINGTON E A GUERRA PENINSULAR
EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA


Espólio «composto por um fundo documental doado ao CIBV por Armindo Curto Fernandes e por uma maquete da Batalha do Vimeiro doada pelo Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente. Está ainda patente uma coleção de soldados da época, emprestada por João Peixoto.» (Ver o sítio na internet do Município da Lourinhã)



 *

Já de noite, regressamos ao ponto em que deixámos o carro. Esta talvez seja a foto mais verídica da solidão, da pouca luz em que a igreja se recortava. À direita, ficou demasiado escura.



***


A actividade «O Quartel-general de Wellington no Vimeiro» foi a última de várias levadas a cabo por iniciativa do Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro (21 de Agosto de 1808). O Coronel Américo Henriques fez uma comunicação sobre O Povo Português e a Guerra Peninsular, após o que se deu início a um passeio pelas ruas do Vimeiro com uma reconstituição histórica a partir da igreja na direcção do quartel-general, de que foi visitada uma sala. Aí recebemos uma lição de história local, nomeadamente os diferentes usos que foram sendo dados ao edifício, contribuindo para o preservar. É uma importante memória que devemos continuar a acarinhar.
Regressando ao Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, fomos brindados com uma agradabilíssima dança, até pela sua graça singela, ritmo repetido, marcado pelo tambor. Não me canso de rever o vídeo. No fim, lanche temático no CIBV.
***
https://www.facebook.com/AMBV1808/ (Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/06/guine-6374-p16252-agenda-cultural-487.html (Programa da Recriação Histórica - 15 a 17 de Julho de 2016, com referência ao grã-tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira, presidente da mesa da assembleia geral da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro)