Este ano o dia 25 de Abril foi mais uma vez comemorado, pelo significado que tem na vida dos portugueses, de cada um como pessoa e de todos enquanto comunidade. Vivemos com os outros, os sócios, na sociedade, que é o lugar dos sócios, naturalmente. A esta primeira sociedade, a que costumamos chamar a sociedade civil, mãe de todas as outras que os homens para lugar de encontro vão criando, dificilmente alguém se pode eximir, sem correr o risco de deixar de ser pessoa ou de ficar diminuído nessa qualidade.
O 25 de Abril foi sentido -- é sua matriz -- como uma libertação. 25 de Abril é liberdade. É Liberdade. Os quarenta anos do 25 de Abril foram este ano sendo lembrados e vividos de maneira especialmente empenhada e emotiva, por parte de muitos, devido à circunstância social e política destes últimos anos.
Vem isto a propósito da exposição comemorativa ou memorial do 25 de Abril e do ambiente político e social que se lhe seguiu, de iniciativa da Câmara Municipal, organizada pelo Arquivo e Biblioteca, no espaço multisserviços do edifício-sede. Visitei-a quatro vezes; duas, despreocupadamente; na terceira, mais atentamente e com registo de fotografias. A quarta, foi em casa, ao apreciar atentamente e à vontade a informação oferecida.
Em 1974, não vivia em Torres Vedras, o que aumentou muito o desejo de conhecer um pouco do que aqui se passou, do ambiente de então, interessado que sou pelas pessoas e coisas da agora também minha terra. Pessoas, coisas, onde incluo monumentos, naturais ou da arte do homem.
Logo na primeira vez, tive noção da qualidade, da beleza dos textos, mormente daqueles de que se sabia estar por detrás um autor conhecido, sendo a diferença entre a apresentação a cada um dos textos e o próprio texto, pouco discernível a uma vista apressada. Vim a confirmar, agora, que é um trabalho bem feito. Aproveita-se algumas das melhores expressões da vivência de Abril, os textos têm qualidade literária. E foi esta percepção que me fez voltar e dar, aqui, alguma coisa da exposição.
Nas fotografias, não conheço praticamente ninguém, na multidão. Um amigo, que por acaso lá encontrei, indicou-me uma pessoa muito conhecida, enquanto jovem de cerca de vinte anos. Com a ajuda, reconheci, mas jamais o conseguiria sozinho. Na terceira vez, conversando com um senhor um pouco mais velho do que eu, contou-me: F. disse-me:
-- Já viste a exposição sobre o 25 de Abril?
-- ... ...
-- Vai lá ver, apareces numa fotografia!
Era a manifestação do 1.º de Maio. Mostrou-me a foto e, depois de saber, vê-se que é a mesma pessoa, já bastante diferente, naturalmente.
*
Sem comentários:
Enviar um comentário