Domingo, 22-03-2015
Um passeio da série informalmente designada «Tejo a pé», da
responsabilidade de Carlos Cupeto, Universidade de Évora, Departamento de
Geociências. Às nove e quarenta e cinco, estava toda a gente no Centro de
Interpretação Ambiental, em plena serra de Montejunto, conforme combinado.
Na caminhada, levou-nos pelos trilhos escolhidos o Sr. Sérgio. Uns sete
quilómetros, sem mochila.
Almoço, nas imediações do bar de apoio, a dezenas de metros do Centro de
Interpretação, na orla do pequeno bosque de castanheiros. Cada qual ia com o
seu farnel e preparado para partilhar.
Depois de se tomar o café no bar, uns momentos de convívio na esplanada
exterior defronte para um bosque de… …,
pouca gente sabe o nome das árvores. A descoberta! Venho a saber serem
castanheiros bravos aquelas árvores muito altas e algo esguias. Só conhecia os
castanheiros da boa castanha, copa arredondada e mais baixos. Afinal, há castanheiros
bravos e mansos, tal como no caso dos pinheiros. Pinheiros bravos e
castanheiros bravos dão madeira para móveis. A famosa talha dourada das igrejas
e os móveis de castanho são feitos com esta madeira, ou seja, a do castanheiro
bravo. A castanha e o pinhão que comemos
são produzidos pelo castanheiro manso e o pinheiro manso, respectivamente.
Ambos se consegue obter, por enxertia na espécie brava, ao fim de alguns anos de
vida.
De tarde, já com Carlos Ribeiro, visitámos a Real Fábrica do Gelo e as
instalações onde se guardava o gelo nos poços, depois de, de noite, ser
transportado por homens de Pragança, no trajecto entre os tanques e os poços.
Tarefa ingrata, mas a que os interessados não se recusavam, ficando com o
serviço os que primeiro chegavam. Eram chamados pelo guarda da fábrica que,
assim que o gelo se formava nos tanques, ia a cavalo à aldeia de Pragança e
fazendo soar uma corneta acordava os homens, que deviam passar parte da noite
com o ouvido alerta. Carlos Ribeiro tudo explicou, com gosto, sem esquecer o
contexto da época em que a fábrica nasceu e o da sua final desactivação, com o
início da industrialização do frio, no final do século XIX. anote-se que Carlos
Ribeiro é o ou um dos amadores destes sítios, no pleno sentido da palavra, que
começou a pôr de pé o renascimento do complexo da fábrica, pois foi quando
frequentava a escola secundária que lhe foi chamada por um professor a atenção
para o significado, a importância deste estabelecimento. A partir daí, com um
grupo de rapazes, começaram a limpar, a cortar vegetação que ia encobrindo as
edificações dos silos (até uma árvore havia, num deles).
Da Real Fábrica do Gelo não fiz registo fotográfico, que ficará para uma
abordagem e estudo posterior. Quanto à caminhada, fui guardando algumas imagens
do que vi: flores, arbustos, árvores, paisagens, aldeias e vilas, a partir dos
pontos altos.
Regressámos pelo caminho da ida, pela Estrada Nacional em direcção a Vila
Verde dos Francos, mas, a certa altura à direita, tomámos um atalho, uma
estrada do campo, agora alcatroada, estreita, com curvas apertadas na encosta
íngreme. É um caminho de intimidade. Ao meio da descida, antes de uma curva, um
automóvel parou, encostou ao máximo à encosta. Passámos por ele, muito devagar.
Avenal, uns atrás dos outros… Vilar. No café defronte da igreja, na sala atrás
do espaço principal da entrada, o habitual convívio. Este reservado,
chamemos-lhe assim, embora de porta aberta, é aprazível, não pela grandeza, mas
pelo aconchegado, o serviço e a decoração. As paredes estão decoradas com
retratos emoldurados que contam algo da vida que por ali tem passado. É preciso
voltar lá.
*
Nesta primeira mensagem, começo por mostrar espécies vegetais do
dia da caminhada (22, domingo) e do segundo (e terceiro) dia, pois voltei à Serra de Montejunto (aqui tão perto e
há muito descoberta pelo Espeleo Clube de Torres Vedras), no dia seguinte, para
fazer o percurso da Estação da Biodiversidade de Montejunto. Ontem, dia 27,
voltei lá para tirar umas dúvidas. O regresso foi feito por Pragança, para
matar saudades, parando um pouco no café-restaurante local, onde tomei o
primeiro café do dia. Muito agradável. Perguntei pelo Carlos, meu amigo. Conversámos.
O GARCIA DA SERRA é o nome do restaurante.
Vou descendo, olho para o alto da serra. No Centro de Interpretação, junto
ao nicho de Nossa Senhora, nevoeiro cerrado, cacimba, parecia chuva, não era
chuva. Agora, vê-se bem. Estive dentro da nuvem.
Chão de Sapo, Martim Joanes, Vilar, Rechaldeira, Rodeio, Casais do Seixo,
Aldeia Grande, Maxial..., é o caminho de casa.
*
Agradecimento
A todas as pessoas que de algum modo contactaram connosco, em especial, o
Sr. Vereador Dinis Duarte e os Srs. Sérgio e Carlos Ribeiro.
Flores e plantas fotografadas no 1.º dia
Alecrim (rosmarinus officinalis)
Tojo
2.º dia
Cedro
Erva-besteira (helleborus foetidus)
Maleiteira-maior (Euphorbia characias)
É planta hospedeira da lagarta da esfinge-da-eufórbia
Fetos
***
Tejo a pé
De costas para a objectiva, a Dr.ª Cristina Rito explicou pormenorizadamente a constituição dos solos da serra, essencialmente calcário, e suas transformações em contacto com a água. Zona ingrata para a agricultura, confinada em pequenas parcelas, onde o efeito da água no calcário provocou oxidação e, finalmente, argila, que evita que a água se escoe.
Posto de vigilância de incêndios
Ao lado esquerdo, o marco geodésico
Ao longe, atrás das duas árvores, o monte chamado
Moinho do Céu
Penhas do Relvio
Voltando-nos para trás, vemos a escarpa de escalada, com pessoas a trepar.
Os automóveis ficam estacionados na estrada
Já se vê o marco geodésico construído sobre os escombros de um moinho
É tempo, agora, de admirar as paisagens em volta
é o que desejam os do Vilar a quem deixa os limites da freguesia
Vamo-nos aproximando do entroncamento, onde se vira à direita para o ponto de onde iniciámos a caminhada
O nicho de Nossa Senhora e o Menino
*
Igreja do Vilar
Sem comentários:
Enviar um comentário