sexta-feira, 27 de março de 2015

Montejunto, 1.º dia

Domingo, 22-03-2015
Um passeio da série informalmente designada «Tejo a pé», da responsabilidade de Carlos Cupeto, Universidade de Évora, Departamento de Geociências. Às nove e quarenta e cinco, estava toda a gente no Centro de Interpretação Ambiental, em plena serra de Montejunto, conforme combinado.
Na caminhada, levou-nos pelos trilhos escolhidos o Sr. Sérgio. Uns sete quilómetros, sem mochila.
Almoço, nas imediações do bar de apoio, a dezenas de metros do Centro de Interpretação, na orla do pequeno bosque de castanheiros. Cada qual ia com o seu farnel e preparado para partilhar. 
Depois de se tomar o café no bar, uns momentos de convívio na esplanada exterior defronte para um bosque de…    …, pouca gente sabe o nome das árvores. A descoberta! Venho a saber serem castanheiros bravos aquelas árvores muito altas e algo esguias. Só conhecia os castanheiros da boa castanha, copa arredondada e mais baixos. Afinal, há castanheiros bravos e mansos, tal como no caso dos pinheiros. Pinheiros bravos e castanheiros bravos dão madeira para móveis. A famosa talha dourada das igrejas e os móveis de castanho são feitos com esta madeira, ou seja, a do castanheiro bravo.  A castanha e o pinhão que comemos são produzidos pelo castanheiro manso e o pinheiro manso, respectivamente. Ambos se consegue obter, por enxertia na espécie brava, ao fim de alguns anos de vida.
De tarde, já com Carlos Ribeiro, visitámos a Real Fábrica do Gelo e as instalações onde se guardava o gelo nos poços, depois de, de noite, ser transportado por homens de Pragança, no trajecto entre os tanques e os poços. Tarefa ingrata, mas a que os interessados não se recusavam, ficando com o serviço os que primeiro chegavam. Eram chamados pelo guarda da fábrica que, assim que o gelo se formava nos tanques, ia a cavalo à aldeia de Pragança e fazendo soar uma corneta acordava os homens, que deviam passar parte da noite com o ouvido alerta. Carlos Ribeiro tudo explicou, com gosto, sem esquecer o contexto da época em que a fábrica nasceu e o da sua final desactivação, com o início da industrialização do frio, no final do século XIX. anote-se que Carlos Ribeiro é o ou um dos amadores destes sítios, no pleno sentido da palavra, que começou a pôr de pé o renascimento do complexo da fábrica, pois foi quando frequentava a escola secundária que lhe foi chamada por um professor a atenção para o significado, a importância deste estabelecimento. A partir daí, com um grupo de rapazes, começaram a limpar, a cortar vegetação que ia encobrindo as edificações dos silos (até uma árvore havia, num deles).
Da Real Fábrica do Gelo não fiz registo fotográfico, que ficará para uma abordagem e estudo posterior. Quanto à caminhada, fui guardando algumas imagens do que vi: flores, arbustos, árvores, paisagens, aldeias e vilas, a partir dos pontos altos. 
Regressámos pelo caminho da ida, pela Estrada Nacional em direcção a Vila Verde dos Francos, mas, a certa altura à direita, tomámos um atalho, uma estrada do campo, agora alcatroada, estreita, com curvas apertadas na encosta íngreme. É um caminho de intimidade. Ao meio da descida, antes de uma curva, um automóvel parou, encostou ao máximo à encosta. Passámos por ele, muito devagar. Avenal, uns atrás dos outros… Vilar. No café defronte da igreja, na sala atrás do espaço principal da entrada, o habitual convívio. Este reservado, chamemos-lhe assim, embora de porta aberta, é aprazível, não pela grandeza, mas pelo aconchegado, o serviço e a decoração. As paredes estão decoradas com retratos emoldurados que contam algo da vida que por ali tem passado. É preciso voltar lá.
*
Nesta primeira mensagem, começo por mostrar espécies vegetais do dia da caminhada (22, domingo) e do segundo (e terceiro) dia, pois voltei à Serra de Montejunto (aqui tão perto e há muito descoberta pelo Espeleo Clube de Torres Vedras), no dia seguinte, para fazer o percurso da Estação da Biodiversidade de Montejunto. Ontem, dia 27, voltei lá para tirar umas dúvidas. O regresso foi feito por Pragança, para matar saudades, parando um pouco no café-restaurante local, onde tomei o primeiro café do dia. Muito agradável. Perguntei pelo Carlos, meu amigo. Conversámos.
O GARCIA DA SERRA é o nome do restaurante.
Vou descendo, olho para o alto da serra. No Centro de Interpretação, junto ao nicho de Nossa Senhora, nevoeiro cerrado, cacimba, parecia chuva, não era chuva. Agora, vê-se bem. Estive dentro da nuvem.
Chão de Sapo, Martim Joanes, Vilar, Rechaldeira, Rodeio, Casais do Seixo, Aldeia Grande, Maxial..., é o caminho de casa.
*
Agradecimento
A todas as pessoas que de algum modo contactaram connosco, em especial, o Sr. Vereador Dinis Duarte e os Srs. Sérgio e Carlos Ribeiro.

Flores e plantas fotografadas no 1.º dia

Alecrim (rosmarinus officinalis)



Tojo



2.º dia

Cedro


Erva-besteira (helleborus foetidus)


Maleiteira-maior (Euphorbia characias)
É planta hospedeira da lagarta da esfinge-da-eufórbia



Fetos




Feto-comum

3.º dia

Jacinto (Hyacynthus orientalis)

***
Tejo a pé



De costas para a objectiva, a Dr.ª Cristina Rito explicou pormenorizadamente a constituição dos solos da serra, essencialmente calcário, e suas transformações em contacto com a água. Zona ingrata para a agricultura, confinada em pequenas parcelas, onde o efeito da água no calcário provocou oxidação e, finalmente, argila, que evita que a água se escoe.











Posto de vigilância de incêndios
Ao lado esquerdo, o marco geodésico





Ao longe, atrás das duas árvores, o monte chamado
Moinho do Céu


Penhas do Relvio
Voltando-nos para trás, vemos a escarpa de escalada, com pessoas a trepar. 
Os automóveis ficam estacionados na estrada





Já se vê o marco geodésico construído sobre os escombros de um moinho 

É tempo, agora, de admirar as paisagens em volta








é o que desejam os do Vilar a quem deixa os limites da freguesia


Vamo-nos aproximando do entroncamento, onde se vira à direita para o ponto de onde iniciámos a caminhada

O nicho de Nossa Senhora e o Menino

*

Igreja do Vilar

Sem comentários:

Enviar um comentário