31 de Agosto
Não exagero muito, se disser que estava roído de saudades do
Turcifal. Aproveitei a viagem da carreira (Torres Vedras-Lisboa) e fui mirando
tudo à volta, cavalos brancos à torreira na Quinta do Calvel, à esquerda. O
Carvalhal... e os caminhos directos, a pé -- há dois --, para se ir em linha
recta ao Turcifal, ladeando vinhas. Fui, algumas vezes, pelo que parte junto ao
campo da bola.
Às 16 h. e 15 min., apeio-me e encho os olhos pela largueza de rua
que a estrada faz, ali, com a igreja de Santa Maria Madalena e as tendas umas a
seguir às outras, variadas, coloridas, uma festa. É a Feira do Mato. Em frente,
o café Lampião. Outra fila de tendas, à esquerda, até ao largo da escola
primária, da residência paroquial e algumas residências esplêndidas, entre elas
a denominada O Deserto, que associo logo à cartuxa de Burgos, personagem,
podemos dizer, do romance homónimo de Manuel Ribeiro, escritor muito
reconhecido nos anos vinte do século passado e hoje quase esquecido.
Não tive a preocupação de tudo registar, queria também fruir. Isso
talvez explique um certo desequilíbrio nos vídeos, que não dão o mesmo espaço
aos três ranchos. Beneficiados ficaram não sei como os açorianos, talvez
inconscientemente, por estarem lá tão longe no meio do mar. No meio do mar
também estamos, os continentais, mas eles estão mais. Compensei este
desequilíbrio, com o slideshow, na medida do possível, e acrescentando duas
fotos, a iniciar, do grupo organizador e convidante: o Rancho Folclórico e
Etnográfico Danças e Cantares da Mugideira.
No fim, deixa-se algumas palavras sobre cada um dos vídeos e
letras ou o que conseguimos decifrar pela audição. Uma das canções encantou. A
da chamarita. Por várias razões; até, pela própria palavra, levada, ela e a
dança e música, a várias partes do mundo pelos emigrantes açorianos.
Actuou primeiro o rancho da Mugideira, seguido pelo da Ribeira de
Fráguas (Albergaria-a-Velha) e o Grupo Folclórico Doce Esperança de Santa Cruz
(Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores).
Slideshow
1
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9
*
Os vídeos, de 1 a 9
1
Rancho da Mugideira
Quem anda no meio é uma linda flor/Agora,
é que é certo arranjar seu amor/Já cá vai fechada no meu coração/O meu coração
não é pedra dura/È como a laranja, quando está madura/Não é pedra dura, o meu
coração./Ora, adeus, adeus, adeus, que me vou./Não chores, amor, que eu ainda
aqui estou.
2
Rancho de Ribeira de Fráguas
Não se chega a cantar nada.
3
Rancho de Ribeira de Fráguas
Ouçam bem a minha voz./O vira, que eu hoje
canto, já o cantou meus avós./O vira, que eu hoje canto./Este vira valseado, já
meu avô o dançava na eira da minha avó,/Quando havia desfolhada,/Na eira da
minha avó.
Há repetição de versos e intermezzos de música.
4
Rancho de Ribeira de Fráguas
... o verde-gaio é verde./É verde, como o
dinheiro./O verde-gaio é verde,/É verde, como o dinheiro./... ... .../Ó
verde-gaio, toma lá, dá cá./Ó verde-gaio, toma lá, dá cá./... ... .../
5
Grupo Folclórico Doce Esperança, Santa
Cruz, Santa Cruz, Praia da Vitória, ilha Terceira
O apresentador dá algumas
informações, de carácter histórico.
6
O mesmo grupo
São prestadas mais
informações sobre o mesmo grupo folclórico; actualmente, é «constituído por
quarenta e quatro elementos, com idades compreendidas entre os quatro e os
sessenta (setenta?) e três anos. Destes, vinte e oito elementos são dançarinos,
oito são do instrumental e sete, nas vozes». Música regional terceirense,
trajes de diversas épocas históricas da ilha Terceira, quase todos de fabrico
artesanal; utensílios relativos à agro-pecuária, ao amanho artesanal da terra e
ao ciclo da lã. Historial das actividades do rancho, até ao presente. Participa nas
tradicionais festas do Espírito Santo, em Angra do Heroísmo, as Sanjoaninas, e
nas diversas edições do Festival Internacional de Folclore da ilha Terceira,
organizado pelo COFIT — Comité Organizador de Festivais Internacionais, bem
como nas festas do concelho da Praia da Vitória, em desfiles etnográficos e demais
manifestações de carácter cultural. Também participa no Dia da Comunidade ou
Dia do Apreço, do Destacamento norte-americano da Base das Lajes. Em 2012,
juntou-se à comunidade portuguesa dos estados Unidos da América, na Califórnia,
para participar nas maiores festas religiosas de Nossa Senhora dos Milagres, na
cidade de Gustine. Neste mesmo ano, fez a sua primeira gravação VHS.
7
O mesmo grupo
O cravo e a rosa.
O
cravo tem vinte folhas/O cravo tem vinte folhas/Ai, a rosa tem vinte e uma/Ai,
a rosa tem vinte e uma/Anda o cravo à demanda/Anda o cravo à demanda/ /Ai, por
a rosa ter mais uma/Ai, por a rosa ter mais uma/O cravo pediu à rosa/O cravo
pediu à rosa/Ai, um beijo a toda a pressa/Ai, um beijo a toda a pressa/A rosa
lhe respondeu/A rosa lhe respondeu/Ai, ó cravo, queres conversa/Ai, ó cravo,
queres conversa/Rosa, que estás na roseira,/Rosa, que estás na roseira/Ai,
deixa-te estar, que estás bem/Ai, deixa-te estar, que estás bem/Por cima, ninguém
te chega/Por cima, ninguém te chega/Por baixo, não vai ninguém/Por baixo, não
vai ninguém/O anel, que tu me deste/O anel, que tu me deste/Ai, era de vidro e
quebrou-se/Ai, era de vidro e quebrou-se/O amor que tu me tinhas/O amor, que tu
me tinhas/Ai, era pouco e acabou-se/Ai, era pouco e acabou-se.
O apresentador: «Vamos, seguidamente,
cantar outra moda terceirense, que é a moda do samacaio.»
8
O mesmo grupo
Agradece ao público que os está a ver e
ouvir, Quem sabe, um dia voltarão... Canta-se a Chamarita.
Chamarita,
chamarita, chamarita da Terceira/Chamarita, chamarita, chamarita da
Terceira/Nunca viram a chamarita, bailada desta maneira/Nunca viram a
chamarita, bailada desta maneira/Muitas coisas são precisas, para se a
chamarita bailar/Muitas coisas são precisas, para se a chamarita bailar/… … … …
/… … … … /Chamarita, chamarita, chamarita bailadeira/Chamarita, chamarita,
chamarita bailadeira/… … … … … /… … … … / Vamos bailá-la, com gosto, ó meninas
da Terceira/Vamos bailá-la, com gosto, ó meninas da Terceira/A chamarita
bailante… … … … … … /A chamarita bailante … … … … … … …. /… … … … .. … … … …/… …
… … … … … …/
Linda a voz feminina, vibrante, cheia de
alma.
«Muito obrigado, mais uma vez. Espero que
um dia nos possamos ver, novamente. E vamos, então, sair, com outa moda da Chamarita,
mas uma Chamarita velha. Nos Açores, existem várias modas da Chamarita; estas
são típicas da Terceira. E vamos, então, seguir com a Chamarita velha. Muito
obrigado. … Deus hajam.»
9
O mesmo grupo
Desfile de despedida.
*
Chama-rita s. f. Música popular nos Açores e no Rio Grande
do Sul.
(É
assim que a palavra vem no «Dicionário de Morais». Formada de chama+Rita).
*
Informação sobre os vários grupos
folclóricos
presentes
na tarde de domingo, 31 Ago 2014, no Turcifal
http://vimeo.com/52574483
(chamarrita antiga; grupo de violas da Terceira)
https://www.facebook.com/pages/Grupo-Folcl%C3%B3rico-Doce-Esperan%C3%A7a/293591777443712?hc_location=timeline (Notícia
no blogue, sobre a próxima vinda a Torres Vedras)
http://www.rtp.pt/programa/tv/p27125
http://www.rtp.pt/programa/tv/p27125
Bom trabalho.
ResponderEliminarObrigado.
EliminarUm abraço
Bela e trabalhosa reportagem....
ResponderEliminarAbraço
Foi trabalhoso, sim. Os vídeos, os diapositivos e as fotografias com boa resolução demoram muito tempo. Enfim, tudo.
EliminarEsqueci-me de mandar
EliminarUm abraço
JL
Gosto muito deste tipo de festas....!!!
ResponderEliminarA ruralidade encanta-me... e isso não é por acaso....!!!
Sou do campo, toda a minha infância foi inteiramente passada em ambiente campestre...., por isso aprecio tudo o que diz respeito à vida rural...
Estas festas são realmente uma beleza....!!!
Pelo colorido, pela alegria, por tantas e tantas recordações que nos tocam quando temos oportunidade de participar nestes ambientes....
Nunca estive nesta festa do Mato do Turcifal, mas este texto e os belos vídeos aqui apresentados foram desde já um convite a "participar/visitar", no próximo ano....
Parabéns...
Está um belíssimo trabalho e deve ter dado uma trabalheira, daquelas....!!!
Continuação de boas férias....
Albertina Granja
Dou mais importância, agora, a estas danças e cantares. Gosto mesmo. Sinto o permanente, a identidade do nosso povo. Estes foram trajes de festa, as pessoas não andam assim no dia-a-dia. São trajes comemorativos. Há alegria.
EliminarAlgo do que senti e o respeito e amor por estas coisas e esta gente deve notar-se na própria mensagem, por isso dispenso-me de dizer mais. A alegria continuou durante o trabalho de organizar tudo, para publicação.
Boas férias para a Albertina, também.
"Já fui à feira do Mato" - mas fui apenas pelo que li deste belo artigo do José Luis. A descrição é tão completa que me levou até lá.
ResponderEliminarUm dia quem sabe talvez lá vá, mesmo.
Parabens.
Um abraço
Leandro Guedes
Obrigado, Leandro
ResponderEliminarOutro abraço do
JL