Em 4 de Abril de 1948, «um sucesso em todo o país», que merece ser recordado
O TORREENSE partilhava (transcrevemos, para facilidade de leitura):
Realisou no dia 16 do p. p.º, nesta vila
e no grande salão da Associação de Educação Física e Desportiva, o terceiro
concêrto radiodifundido pela Emissora Nacional, a magnífica Banda dos Bombeiros
Voluntários de Tôrres-Vedras, sob a hábil regência do seu chefe, Sr. António de
Amorim Pereira.
O interêsse com que foi ouvido de Norte a
Sul, e os aplausos que obteve, são uma prova irrefutável, de que a nossa Banda
dos Bombeiros Voluntários está cada vez mais, adquirindo fóros de ser tida como
uma das melhores organizações musicais do País.
Para que ela tenha merecido os créditos de
que gosa, bastante tem contribuído a sua actual Direcção, composta pelos Srs.
Joaquim Marques dos Reis (Presidente), Anselmo Alves (Secretário), José Luís
Umbelino e Adelino Frederico Leal Quintela (Vogais).
Da competência do seu ilustre Chefe,
Sub-chefe pensionista da Guarda Nacional Republicana, Sr. António de Amorim
Pereira, escusado é falar, pois é já do domínio dos nossos presados leitores.
O Orfeon da Escola Secundária Municipal,
sob a direcção do Sr. António de Amorim Pereira, também se fez ouvir nessa
noite, pela Emissora Nacional, e foi como o concêrto da Banda dos Bombeiros,
muito aplaudido em todo o País, valendo-lhe, por êsse motivo, honrosos convites
para se fazerem ouvir e abrilhantarem várias festas como a da «Queima das
Fitas», em Coimbra.
Para que se possa avaliar quanto estas manifestações de arte
musical agradaram, vamos transcrever alguns telegramas, cartões, ofícios, etc.,
recebidos tanto pela Direcção da Banda, como pela Escola Secundária Municipal,
onde o Sr. Amorim Pereira é professor.
[Ver, no final, Algumas notas]
*
Algumas notas
Como se pode ver, o apreço pelo concerto
da Banda e pela actuação do Orfeon foi manifestado por diversos meios:
telegramas, ofícios, cartas e artigos na imprensa, vindo de vários pontos do
país. Assim: Augusto Campos, «um de vários amigos de Alcáçovas»; alunos da E.
S. M. de Lisboa: assinam Aldina, Salette, Benedita; Livramento Sporting Clube;
esposos Melo Vieira (Olímpia Pereira Bastos de Melo Vieira e Mariano de Melo
Vieira; o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Rogério de Figueiroa
Rego, ao Director da Escola Secundária Municipal; Manuel Braamcamp Sobral, Secretário-Inspector
da Mocidade Portuguesa; M. Baptista Lopes, professor do Colégio de S. José, de
Mangualde; Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, da Encarnação, assina José Adriano
Alves Rodrigues, pela Direcção; o presidente da Câmara Municipal de Torres
vedras, aos Directores da Banda dos Bombeiros Voluntários; pela Comissão do
Parque da Queima das Fitas, António Santos Taborda, dirigindo-se «ao Sr. Dr. Gonçalves
Sampaio, que julgavam ser o director do Orfeon; Sr. Frederico Álvaro Faria
Robe, crítico musical e folclorista de Braga; Américo Ferreira dos Santos,
Sargento-Ajudante Músico Regimental, da «Lusitana Estremocense»; Eugénio Augusto
da Fonseca, de Lisboa; Rudolf Molder, de Lisboa; António Marques Trindade,
escrevendo de Regueiras; Joaquim José de Amorim (tio e padrinho do Sr. António
de Amorim Pereira); Hermínio do Nascimento, Subdirector do Conservatório
Nacional de Música de Lisboa.
Da imprensa, regista-se as notícias de: Concelho de Mafra (Refere
a chamada Música Velha, condecorada em 1846 pelo Marechal Saldanha,
considerando a Banda dos Bombeiros sua digna sucessora; elogia o grupo de
alunos da Escola Secundária Municipal, salientando o brilhantismo com que
interpretaram as canções populares); Jornal
de Sintra («Regente e regidos, todos são merecedores de largos parabéns.»
Começa por dar boa descrição do espectáculo oferecido pelo Orfeon e vai
enumerando as peças executadas. Passa a falar da Banda, num apontamento mais breve,
embora elogioso e seguido de convite para que venham actuar na Capital. «Tomamos
a liberdade de propor a vinda da Banda à Capital para que melhor possa ser
ouvida e apreciada, como de facto merece.» Sente-se que o articulista foi mais
tocado, ainda, pelo Orfeon. Assina: Mário Costa Pinto); Vida Ribatejana, de Vila Franca de Xira (Elogia a Banda, o Orfeon
e, no fim, a vila de Torres Vedras, que «teve mais uma oportunidade para pôr em
destaque, por meio da sublime arte da música, as suas reconhecidas faculdades
em todos os ramos da actividade humana»). Simpáticos vizinhos, diga-se.
Salientar: a interpretação de Fantasia Eslava, pelo 1.º clarinete, Sr.
Daniel Simões Pleno. Dizemos, nós, aqui do planeta Terra, sessenta e sete anos
depois, que foi uma interpretação em pleno.
O professor de Mangualde pede lhe
seja facultada a música de uma das peças cantadas pelo Orfeon – Solidão – para a ensaiar no seu pequeno
grupo coral.
O crítico musical e folclorista,
Frederico Robe, admirando a coragem do maestro, que pôde apresentar no Sul o
folclore minhoto, faz notar em tom construtivo «a falta do clarinete em dó, dos
ferrinhos e do característico bombo».
O director artístico da «Lusitana
Estremocense» felicita e pede que o ajudem a adquirir a marcha com que teve
início o concerto, para a fazer tocar na sua filarmónica. Refere Pepita Greus, que também tem, ficando
nós a saber, implicitamente, que fez parte do repertório da Banda dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras.
O tio do maestro Amorim – que não
podia ouvir o espectáculo em Távora e não se resolveu a ir aos Arcos – conta o
que lhe disseram, depois, os dos Arcos: «Pois não sabe o que perdeu!» e diz-lhe
um músico: «Os clarinetes das nossas bandas deviam ter ouvido a primeira
marcha!».
Hermínio Nascimento recorda
Francisco Xavier de Melo, entre os valores musicais torrienses.
Repertório
Retiramos, de O Torreense:
Da Banda:
Fantasia
Eslava,
Solidão,
O
Galo Cantou,
La
Phalene,
Marina.
Do Orfeon:
Laurindinha,
Trai
Trai,
Solidão,
Tiroliro,
Ronda,
Lima,
Portugal
É Lindo,
Caninha
Verde,
Massadeiras
do Linho,
Josèzinho,
Vamos,
Raparigas
Verde
Gaio.
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