segunda-feira, 29 de setembro de 2014

NOTÍCIAS APRe! Desinformação nos jornais sobre a situação dos reformados

     Acho oportuno transcrever parte do que diz a presidente da APRe! (Associação de Aposentados  Pensionistas e Reformados), em «4.ª Notícias APRe!» dirigida aos associados, datada de hoje. Convida-nos a estar presentes no dia 1 de Outubro, nas celebrações do Dia Internacional das Pessoas Idosas. Destaco a parte em que fala na desinformação veiculada pelos jornais, relativamente à situação dos pensionistas e reformados, sendo concretamente nomeado o Correio da Manhã.

     Transcrevo, ainda, a parte em que se fala do filme de António Pedro Vasconcelos Os Gatos não Têm Vertigens. Não vou perder.

       No fim, partilho linque da APRe!, sobre a comemoração  do DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS IDOSAS, no próximo dia 1 de Outubro, na Grande Lisboa.

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Continua a campanha de desinformação nos jornais relativamente à situação dos
reformados. Assim, na semana que passou o Correio da Manhã trazia em título de
1a página, a notícia: “Mais de 500 mil reformados 'ganham aumento' nas pensões
em janeiro” Esta notícia traduz o que de pior há no jornalismo português. Estamos
perante uma desinformação, que constituiu "manchete" de primeira página, com a
intenção deliberada de colocar a população contra os pensionistas. Não vai haver
aumento de pensões, vai haver reposição da pensão a que tínhamos direito, antes do
roubo a que estivemos sujeitos durante dois anos, com a famigerada CES. Mas esta
continua para pensões acima de 5000€. Sendo estas pensões do regime contributivo
e tendo os pensionistas que as usufruem descontado para elas, continua a ser um
imposto discriminatório e, por esse facto, deve ser abolido. Quem recebe pensões
acima de 1000€ e até 5000€ e pagava CES, vai deixar de pagar este imposto, mas isso
não corresponde a nenhum aumento. Já se fala num novo imposto ou contribuição
com um valor menor que a CES!!! É escusado quererem deitar areia para os nossos
olhos. Não desmobilizamos! Vamos ver o que nos aguarda com o OE para 2015!
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No âmbito das actividades culturais, desafiamos os associados, que tiverem
oportunidade, a verem o filme do realizador António Pedro de Vasconcelos “Os gatos
não têm vertigens”: Trata a situação dos seniores, fazendo uma abordagem, muito
bem feita, à problemática que nos envolve, através de cenas do quotidiano muito
marcado por acusações de ingenuidade quando alguém confia noutrem, por formas
de vida que tendem a separar os membros da família em vez de os aproximar, por
tentativas de virar os mais novos contra os mais velhos, como se neste mundo já não
coubessem todos. As interpretações são excelentes com destaque para a Maria do Céu
Guerra. Não percam. O realizador vai colaborar com a APRe! participando em sessões
para debater o filme. Vamos dar um tempo para as pessoas o poderem ver e depois
eu anuncio os debates com o realizador.
Saudações APRistas!
Pel’A Direcção
Maria do Rosário Gama

Ver, aqui, do blogue da APRe!

domingo, 28 de setembro de 2014

Em A dos Cunhados comemorando as Jornadas Europeias do Património 2014 Dia Mundial do Património

27 de Setembro
A Associação do Património de Torres Vedras e a Pro-Memória - Associação Cultural e Etnológica de A dos Cunhados juntaram-se, hoje, na comemoração das Jornadas Europeias do Património 2014. Em A dos Cunhados, houve visita guiada à Igreja de Nossa Senhora da Luz, orientada por Moedas Duarte, presidente da Direcção da Associação do Património de Torres Vedras, seguindo-se a deslocação ao Núcleo Patrimonial da Azenha e Casa do Moleiro.
Neste núcleo patrimonial, tivemos a orientação da presidente da Associação Pró-Memória, Maria da Graça. 
O conjunto recebeu consideráveis adaptações, mas manteve-se o essencial da herança, acrescentado de maneira a constituir uma reconstituição do viver de um passado relativamente recente, mas que a gente mais nova já não conheceu.  Assistimos à activação das mós, num breve exercício real de moagem. Não foi posto trigo com a abundância necessária e as mós sobreaqueceram um pouco. Separou-se a farinha do farelo, com uma peneira. Neste piso de cima,  uma sala espaçosa e agradável serve para várias actividades, nomeadamente culturais e pedagógicas.
No piso inferior, visitamos os espaços de uma casa organizados e mobilados, para nos sentirmos numa habitação de outro tempo. É um perfeito museu. Cheio de vida. Já vamos tendo outros exemplos concretos em que museu e vida coexistem. Não falta um forno de pão, usado de vez em quando, quarto de dormir com colchão de palha ou folhelho de milho, ferramentas de carpinteiro...; tivemos a noção da importância da maquinaria, com eixos e carretos a rodar. Lá fora, três grandes rodas colocadas verticalmente são postas em movimento pela correnteza da água. Através de eixo horizontal, fazem mover uma segunda roda mais pequena, que possui numa das faces dentes, engrenando num carreto vertical, cujo eixo vai ligar à mó andadeira (a que está sobre a outra). Era indústria a sério, embora pouco rentável, talvez. Com o fim da II Guerra Mundial, as grandes moagens foram tirando o lugar a estes engenhos, na produção em larga escala, com moinhos eléctricos.
Do piso inferior se comunica directamente para a área do Parque Verde.
Bem hajam todos os que nos proporcionaram uma tarde bem passada.
 *
Pode ver-se, aquicom a devida vénia ao seu autor, uma explicação pormenorizada sobre o funcionamento do mecanismo de uma azenha.
*

Um pouco antes das três, já por ali andava. Muito pouco conhecida, esta terra que espero visitar mais vezes, tendo-se, agora, iniciado uma relação a aprofundar. A alguma coisa, um edifício em especial, liguei por razão pessoal (alguma ligação familiar ou de amizade, a outras, por curiosidade). 
À hora marcada teve início a sessão na igreja. Moedas deu todas as explicações sobre as transformações de que o edifício foi sendo cenário, ao longo dos séculos, desde que foi pequena ermida, sem ser sede de paróquia, até praticamente aos nossos dias. Transformações, que são um espelho da adaptação necessária à vida das pessoas, sem fixidez, sem deixar de assegurar o que se considera essencial. Não se pode musealizar tudo, mas deve-se lutar pela consistência do viver colectivo e preservar a memória do que somos. É uma luta serena, uma dialéctica esclarecida. Referiu, entre outros aspectos, os azulejos do século XVII, policromos, de tipo tapete, nas paredes das naves laterais. Há esculturas em madeira pintada, pinturas. Na capela-mor, azulejos do século XVIII. 
Aqui, tomou um pouco a palavra, José Pedro Sobreiro, explicando a muito difícil técnica do azulejo, ele que tem alguma prática dela. Contou brevemente a evolução do trabalho neste tipo de azulejo historiado, com o seu auge no tempo de D. João V, fazendo reparar que o(s) artífice(s) -- ao longo do tempo foram evoluindo, tornando-se cada vez mais artistas, com maiores encomendas, dedicação exclusiva -- ainda não atingiram, aqui, o auge na perfeição, harmonia do desenho. Os quadros representados nas paredes da capela-mor reproduzem histórias bíblicas. José Pedro Sobreiro mostrou-me depois  um desenho de figura onde se nota a desproporção entre partes do corpo humano. Os desenhos eram copiados de estampas que circulavam na Europa. Apesar do que se acaba de apontar, a impressão de conjunto de todos os quadros e de cada um é de uma grande beleza. O «olho clínico» do também artista é que nota mais facilmente estas coisas. Faça-se a justiça de que a muito difícil técnica do azulejo já era bastante bem dominada pelos artesãos-artistas que executaram estes painéis. 
Não penso nem posso reproduzir toda a conferência do Joaquim Moedas Duarte. O interessado nestas coisas poderá procurar acesso ao caderninho sobre a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Luz de A dos Cunhados, que é exemplar, quer pela sobriedade e correcção do texto, quer pelas fotografias apresentadas*. 
Maria da Graça, presidente da Pró-Memória, levou-nos a uma sala que virá a constituir um museu de carácter religioso. Foi sempre acompanhando de perto tudo, com alguma observação que o seu conhecimento da vida desta e nesta igreja lhe permitia fazer. Daqui nos acompanhou ao núcleo museológico da azenha e casa do moleiro.

A presidente, com uma amiga, também membro da Direcção (tesoureira), deram-nos uma pequena lição prática de moagem, com informações sobre o tempo em que esta actividade se exercia


*

Casa interessante, no caminho para a igreja (direita) e para o núcleo museológico (esquerda)

Registo de azulejos na mesma casa

Praça central






Joaquim Moedas Duarte, presidente da Associação do Património, Torres Vedras, no decorrer da sua prelecção

Azulejos do século XVII, tipo tapete, policromos

Núcleo Museológico
Ao lado direito, encostadas à parede do alpendre, estão duas mós

As duas mós no alpendre

Outro alpendre, do lado do Parque Verde
Carro de bois. A fotografia não consegue mostrar a robustez e grandeza deste carro, devido ao efeito de perspectiva, que diminui bastante o estrado.




Parque Verde

D.ª Graça contando parte do que sabe a uma assistência interessada, em ambiente descontraído


*

De junto ao abrigo do autocarro, um estabelecimento que me cativou
Neste largo, fazendo meia volta à direita, vemos o edifício da Associação (a «sede») e em frente os campos. O largo é espaçoso.

*

*  O texto, de autoria de Maria dos Anjos dos Santos Fernandes Luís, é baseado na obra A dos Cunhados -- Itinerários da Memória, ed. Pró-Memória, 2002, pp. 101-108 e 424-431.

sábado, 27 de setembro de 2014

Os fortes do Catefica e da Feiteira

Sábado, 20 de Setembro
Um pouco antes das oito, no Catefica
Para completar o périplo iniciado a 07 do corrente mês (passeio às serras do Socorro e da Archeira), resolvi, para perceber melhor a ligação entre os três fortes da primeira das Linhas de Torres — a primeira linha de defesa, aquela em que não devia acontecer que o inimigo passasse e não passou —, entre o Furadouro e o Catefica. Já tinha sido visitado o Forte da Archeira, faltando os do Catefica e da Feiteira.
Deixando o automóvel no Catefica, fui indo a pé para o destino traçado, à passagem sobre a auto-estrada, uma pausa para olhar. Boa vista se colhe sobre esta artéria e tudo à volta. Pouco adiante, em vez de seguir na direcção de Figueiredo, tomamos o caminho da direita, a estrada militar. Está razoavelmente, mesmo bem conservada, atendendo à idade. Uma maneira encontrada para a conservar, intencional ou não, são as silvas postas em partes do troço, constituindo um tapete protector. Do mesmo modo, os caniços que noutras partes foram colocados, com o mesmo resultado.
Chegados ao alto, temos por companhia um moinho, o marco geodésico, horas e dias e meses e anos a olhar para os lados de Montejunto. À hora da nossa visita ao marco, havia neblina ao longe, o que dava um certo ar romântico à paisagem que o marco e nós observávamos.
O forte em si é relativamente pequeno e essa discrição é correspondida na placa informativa que lhe anuncia a presença.
Vamos deixando este forte, a caminho do da Feiteira. Aproveitámos para ir olhando a paisagem, de que aqui se pode ver alguns registos fotográficos, com selecção influenciada, também, por história pessoal.
Noto só que a serra do Socorro também está presente, bem como o alto com os dois moinhos, do lado de cá da auto-estrada. Estes dois moinhos fazem diálogo com a serra do Socorro. Vêem-se de quase todo o lado. Quem vier pela A 8, de Lisboa, ao passar junto ao Socorro, à esquerda, não deixa de ver à direita a sua companheira, aquela serra dos dois moinhos. Também se deixa ver do Furadouro e do alto do Forte da Archeira e de toda a encosta. Presenças tutelares.

7:59:10 

Faixa da esquerda: sentido Lisboa; faixa da direita: sentido Leiria

Em frente, a serra da Capucha. À esquerda, a EN n.º 8. Vê-se à direira desta estrada, o pombal da Quinta do Calvel

Estamos subindo, mas virámo-nos para trás. A estrada militar

O mesmo

A estrada militar, que vai ficando para trás

O mesmo

Vê-se a placa identificativa do Forte do Catefica



Obra militar n.º 130
Duzentos homens, cinco bocas de fogo


Marco geodésico. Lá longe, no alto de monte, um moinho branco. De vez em quando falam entre si, o moinho e o marco. De noite ou de dia. Mas acho que é mais nos dias de bruma, como este, e nas noites.

Atrás, vai ficando o Forte do Catefica

Pouco adiante




Ao fundo, da esquerda para a direita: Turcifal e Carvalhal

Carvalhal


Em frente, o Campo Real. Mais ao fundo, no cimo do monte, uma habitação que parece um castelo.

Parcialmente encoberto, pelo engenho eólico da esquerda, as saliências de terreno do Forte da Feiteira (ou Boa Vista)








Fosso para defesa do forte
Lá longe, o alto da serra do Socorro

Do sítio do Forte, vê-se a Moagem Firmos

Em frente, à direita, o forte

O mesmo

Do mesmo lugar, outra vez a serra do Socorro...

... e do outro lado do imenso vale, cavado entre os dois montes, os dois moinhos altaneiros. Vêem-se do Furadouro e do alto da Serra da Archeira. Vê-os diariamente quem vai e vem entre Lisboa e Torres Vedras. Dum lado o Socorro, do outro a serra dos dois moinhos.

Vê-se Torres Vedras

O forte

O mesmo

Fosso

O mesmo

Dentro do forte, percebe-se o través, construção de terra para proteger do fogo inimigo

Ao meio, través

Fosso

O mesmo

O mesmo

O mesmo

O mesmo

O mesmo

O mesmo

O mesmo

O mesmo

Forte da Feiteira, visto do ar (da internet)

Ao fundo, Ribaldeira; depois, a pedreira, seguindo-se a Caixaria

Ao fundo, instalações da Riberalves; mais perto de nós, a Quinta do Calvel, tendo do lado esquerdo da EN n.º 8 a casa solarenga, e do direito, o pombal.

Descemos a estrada militar. Avista-se a Mugideira

Deixamos a estrada militar

Adeus, forte do Catefica. Adeus, moinhos. Adeus, marco geodésico. Sem saberdes, estais ao serviço dos humanos. Sois humanos, também.